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Viena e Chicago e suas divergências sobre moeda, inflação e a Grande Depressão

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a Escola Austríaca, liderada por Ludwig von Mises e Friedrich A. Hayek, e a Escola de Chicago, liderada por Milton Friedman e George Stigler, se estabeleceram como as duas principais escolas de pensamento pró-livre mercado.  Juntas, ambas analisaram e criticaram, com rigor e lucidez, os erros e os perigos das políticas intervencionistas e socialistas defendidas pelos keynesianos.  Embora seus métodos de análise frequentemente tenham sido distintos, ambas as escolas chegaram a conclusões similares: somente uma economia de livre mercado pode garantir tanto a liberdade quanto a prosperidade.

Tanto os austríacos quanto os chicaguistas rejeitaram o argumento de Keynes de que a economia de mercado era um arranjo fundamentalmente instável e propenso a gerar prolongados períodos de desemprego, com vastos recursos ociosos.  Ambas as escolas argumentaram que, quando inflações e recessões ocorriam, elas eram o inevitável resultado, respectivamente, de uma desleixada gestão monetária e de intervenções governamentais que reduziam a flexibilidade do mercado frente a circunstâncias inconstantes e mutáveis, o que obstruía a recuperação.  E ambas as escolas se mostraram receosas quanto a políticas fiscais e monetárias arbitrárias, particularmente do tipo keynesiana, acreditando que tais políticas iriam apenas gerar menos estabilidade, e não mais. 

No entanto, os economistas austríacos e os membros da Escola de Chicago divergiram em várias questões cruciais nos campos da teoria monetária, da história monetária e da política monetária.  No centro de todo esse debate estão suas divergentes interpretações acerca das causas e da cura da Grande Depressão americana do início dos anos 1930.  Suas diferentes interpretações em relação àquele período advêm de suas divergentes concepções sobre como o dinheiro influencia a economia de mercado.  E essas divergências, por sua vez, advêm de seus distintos conceitos sobre como os processos econômicos devem ser estudados.

Friedman e a maioria dos outros teóricos monetárias da tradição de Chicago aceitaram a noção keynesiana de uma análise macroeconômica ou agregada.  Por exemplo, em 1974, em uma resposta a alguns de seus críticos, publicada em um volume intitulado Milton Friedman's Monetary Framework: A Debate with His Critics, Friedman diz:

Reler a Teoria Geral ... me fez lembrar o grande economista que Keynes era e como eu simpatizo com seus métodos e com seus objetivos de maneira muito mais intensa do que muitos de seus seguidores.... Creio que a teoria de Keynes é o tipo certo de teoria: é simples, se concentra em algumas poucas magnitudes essenciais e possui enorme potencial.  No entanto, fui levado a rejeitá-la, não por causa dessas características, mas sim porque creio que ela foi desmentida pelas evidências: suas previsões não foram confirmadas pela experiência.

O defeito da teoria de Keynes, de acordo com Friedman, estava em apresentar uma extremamente limitada definição de opções que as pessoas tinham no que diz respeito a o que fazer com o dinheiro: ou elas entesouravam o dinheiro ou gastavam-no de alguma maneira.  No entanto, quando essas opções são ampliadas, a demanda por dinheiro se mostra bem mais estável do que Keynes imaginava, concluiu Friedman.

Embora de início tenha alegado construir seu sistema partindo das decisões dos indivíduos de guardar uma grande soma de dinheiro em relação aos seus desejos de gastar esse dinheiro em vários bens e serviços, Friedman rapidamente mudou de ideia e passou a adotar médias e agregados estatísticos que condensavam todas essas decisões e escolhas reais dos indivíduos — sendo que são justamente essas ações individuais que geram as atividades e os resultados do processo de mercado.  E, assim como Keynes, Friedman passou a se concentrar nesses agregados macroeconômicos: demanda total por moeda em relação à oferta monetária total; efeitos sobre o gasto agregado em decorrência de um aumento na oferta monetária; e o consequente impacto disso tudo sobre o produto agregado da economia no curto prazo e sobre o nível geral de preços no longo prazo.

Já os economistas austríacos adotaram uma abordagem distinta.  Eles argumentaram que é importante jamais se esquecer de que médias estatísticas de produto total, de nível geral de preços e de nível de salários não existem na realidade.  Elas são uma mera criação de estatísticos que pretendem somar e aritmeticamente nivelar pela média os vários preços individuais que existem em uma economia, bem como os vários salários individuais e toda a oferta de uma multiplicidade de bens e serviços individuais que são comprados e vendidos no mercado.  Ou, como disse Friedrich Hayek:

Com efeito, agregados e médias não afetam um ao outro, e jamais será possível estabelecer as conexões de causa e efeito entre eles, ao contrário do que podemos fazer, por exemplo, com fenômenos individuais, preços individuais etc. ... No entanto, estaremos fazendo exatamente isso caso tentemos estabelecer ligações causais diretas entre a quantidade total de dinheiro na economia, o nível geral de preços e a quantidade total da produção.  Nenhuma dessas magnitudes, como tais, exerce influência sobre as decisões dos indivíduos.

Ao se concentrar nos efeitos agregados gerais que alterações na quantidade de dinheiro geram sobre os preços e a produção, Friedman argumenta que, caso um aumento ou uma alteração na taxa de aumento da oferta monetária influencie a produção e o emprego na economia, tal efeito será apenas "transitório" e limitado.  No longo prazo, à medida que salários e preços vão se reajustando a essa alteração na quantidade de dinheiro, o único efeito duradouro será um aumento no nível geral de preços e salários, sem nenhuma alteração permanente na quantidade agregada de emprego e produção.

Quaisquer efeitos sobre os preços relativos, sobre a alocação de recursos, ou sobre a distribuição de renda durante um período de inflação monetária serão majoritariamente temporários e de importância secundária, argumenta Friedman.  Representam apenas efeitos de curtíssimo prazo, os quais serão de pouca significância caso nos concentremos em uma perspectiva de longo prazo.  Ou, como disse Friedman naquela sua mesma resposta aos seus críticos, "Uma maneira de caracterizar a abordagem da teoria quantitativa [da moeda] é que ela praticamente não dá importância nenhuma aos efeitos de curto prazo".

Friedman chega a essa sua conclusão ao analisar alterações na oferta monetária da seguinte maneira: imagine que um helicóptero aleatoriamente saia jogando dinheiro, desde lá do alto, para toda a população; as pessoas dessa sociedade pegarão esse dinheiro e imediatamente irão gastá-lo até que os preços subam para um nível alto o suficiente para, mais uma vez, reequilibrar a demanda por moeda com essa nova oferta de moeda.

Os austríacos, por outro lado, argumentam que, embora seja verdade que no longo prazo aumentos na oferta monetária de fato resultam, tudo o mais constante, em uma elevação geral dos preços, é necessário analisar a maneira como esse dinheiro recém-criado irá entrar na economia e em qual setor ele chegará primeiro, bem como a maneira específica como esse aumento na oferta monetária irá influenciar a demanda de cada indivíduo e a oferta de bens e serviços específicos, além dos preços de cada bem e serviço e os planos de produção de cada empresa.  Ou, como o economista austríaco Oskar Morgenstern explicou: 

Se não houver nenhuma informação sobre de onde vem esse dinheiro adicional, onde ele é injetado, a taxa em que ele é injetado e como ele penetra (por meio de quais caminhos e canais, e com qual

velocidade) no sistema econômico, então pouco informação estará sendo dada.  Uma mesma quantia de dinheiro gerará consequências bastante distintas dependendo do canal por onde tal dinheiro será injetado: se por meio do mercado de crédito (via criação de empréstimos para consumidores, ou via criação de crédito para produtores), ou por meio da inflação simples, que é o ocorre quando o dinheiro recém-criado vai direto para gastos do governo (por exemplo, gasto com subsídios, auxílios-desemprego, gastos ministeriais etc).  Dependendo das condições vigentes da economia, cada local por onde se dá a injeção monetária irá produzir consequências diferentes para uma mesma quantidade agregada de dinheiro, de modo que a análise monetária terá de ser combinada a uma igualmente detalhada análise das alterações nos fluxos de bens e serviços.

Os austríacos consideram essa detalhada análise sobre a inevitável influência da não neutralidade da moeda como algo essencial para qualquer entendimento mais completo dos efeitos da inflação sobre a economia de mercado (veja mais aqui e aqui).

Dadas essas diferentes perspectivas sobre a melhor maneira de se analisar os efeitos monetários e inflacionários sobre a economia de mercado, não é de se surpreender que ambas as escolas analisem a causa e a cura da Grande Depressão também de maneira bastante divergente.  Friedman, por exemplo, ao analisar a década de 1920, conclui que as políticas monetárias do Banco Central americano da época não foram nem um pouco inflacionárias, uma vez que o nível geral de preços no atacado permaneceu praticamente estável durante aquela década.  Se há críticas a serem feitas ao Banco Central, argumenta Friedman, é que no início dos anos 30 ele não inflacionou a oferta monetária o suficiente — após a mesma ter se contraído em quase um terço — para tirar a economia americana da Depressão.

Os austríacos, olhando mais além do nível de preços estável dos anos 20, argumentaram que, não fosse toda a expansão da oferta monetária ocorrida durante aquela década, os preços teriam caído lenta e gradualmente, refletindo assim o significativo aumento ocorrido na produtividade e na produção em decorrência das inovações tecnológicas e da formação de capital ocorridas na época.  Em vez disso, a expansão monetária empreendida pelo Banco Central americano fez com que os preços se mantivessem em um valor bem maior do que aquele que atingiriam caso não tivesse havido tal expansão monetária.  O fato de o nível de preços ter se mantido estável criou a ilusão de estabilidade econômica e gerou uma errônea e insustentável alocação de investimentos, de mão-de-obra e de recursos.  Esses desequilíbrios produzidos pelas políticas do Banco Central americano finalmente se tornaram visíveis após 1929.

Quando a Depressão começou, a solução correta seria permitir uma redução contábil no valor dos ativos de bancos e empresas — em decorrência do capital erroneamente investido e, por isso, perdido —, bem como uma redução nos preços e nos salários, para compensar a contração da atividade econômica e a redução na oferta monetária causada por quebras bancárias decorrentes de empréstimos ruins e de correntistas querendo sacar seu dinheiro de suas contas-correntes.  Em vez disso, primeiro o governo Hoover e logo em seguida o governo Roosevelt e seu New Deal fizeram todo o possível para impedir esse necessário e saudável processo de correção do mercado.  E esse foi o real motivo da profundidade e da duração da Grande Depressão.  (Veja mais aqui e aqui).

Entretanto, no final do debate, tanto os austríacos quanto os chicaguistas chegam a uma mesma e essencial conclusão: o planejamento monetário centralizado criou mais instabilidades no século XX e já no início do século XXI do teria ocorrido caso o dinheiro e o sistema bancário tivessem permanecido fora do âmbito do controle governamental.



autor

Richard Ebeling

leciona economia na Northwood University de Midland, Michigan, é um scholar adjunto do Mises Institute e trabalha no departamento de pesquisa do American Institute for Economic Research.


  • mcmoraes  21/12/2011 06:40
    @Miltão: "Reler a Teoria Geral ... me fez lembrar o grande economista que Keynes era e como eu simpatizo com seus métodos e com seus objetivos de maneira muito mais intensa do que muitos de seus seguidores.... Creio que a teoria de Keynes é o tipo certo de teoria: é simples, se concentra em algumas poucas magnitudes essenciais e possui enorme potencial. No entanto, fui levado a rejeitá-la, não por causa dessas características, mas sim porque creio que ela foi desmentida pelas evidências: suas previsões não foram confirmadas pela experiência."

    Esse parágrafo é contradição pura! Como pode o cara dizer que uma teoria desmentida pelas evidências é o tipo certo de teoria, que tem enorme potencial? Afinal, não são as evidências e as possibilidades de aplicação de uma teoria no mundo real os fatores que (in)validam a teoria e indicam o seu potencial? Se esse parágrafo fosse de um autor anônimo, eu diria sem restrição alguma: mas que anta!
  • Marc...  21/12/2011 07:30
    Nossa amigo, acho que você não compreendeu o texto.

    A princípio a teoria de Keynes é perfeita, parece a resposta para tudo, parece possuir enorme potencial ao desenvolvê-la. Teoria, assim como milhares de outras TEORIAS.
    Mas sua aplicação prática foi desmentida, assim que se testa TEORIAS, com EVIDÊNCIAS.

    Mais temperança da próxima vez.
  • Gustavo Sauer  21/12/2011 08:11
    O problema é que a ciência econômica é diferente das ciências naturais (biologia, química, física..)

    Nas ciências naturais é possível testar uma teoria, colocar o elemento de estudo num laboratório, isolar variáveis indesejáveis; em economia não é possível testar uma teoria da mesma forma.
    Por essas dificuldades, o método da ciência econômica difere das ciências naturais.

    Se quiser ler mais sobre essa diferença: www.mises.org.br/Ebook.aspx?id=18

  • Jônatas Alves  21/12/2011 07:52
    Creio que a afirmação do Friedman se baseia na estrutura lógica interna que uma teoria deve ter e não com a sua adequação à realidade. Claro que isso é essencialmente ciriticável, mas do ponto de vista metodológico/epistemológico do Chigaguista não há contradição.
  • Fernando Z  21/12/2011 06:42
    Eu poderia dizer que a redução de 1/3 do dinheiro que Friedman fala foi uma consequência e não uma das causas da crise daquela época? Porque parece que é de se esperar que em uma crise as pessoas segurem o dinheiro fazendo automaticamente essa contração de moeda, é isso mesmo?
  • Anderson  21/12/2011 07:12
    E sobre Brasília?
  • Fernando Z  21/12/2011 08:14
    E existe alguma corrente de pensamento econômico pró-mercado originalmente concebida em Brasília?
  • Thyago  21/12/2011 08:15
    Pois é, bom o artigo...

    Admiro muito Friedman, mas percebe-se que muitas das ideias dele são usadas 'para o mal' ehehe, vide Ben Bernanke.
  • mcmoraes  21/12/2011 08:27
    Para os que acham que não houve contradição pessoal do Miltão eu pergunto: se a teoria de Keynes foi desmentida pelas evidências:

    - de que adianta ela ser simples, se concentrar em algumas poucas magnitudes essenciais e possuir enorme potencial (sic)? Tipo assim: a teoria é perfeita, ela só está errada (sic).

    - como pode o Miltão simpatizar com os métodos e os objetivos de Keynes de maneira muito mais intensa do que muitos de seus seguidores? Tipo assim: o pensador estava completamente errado, mas é por isso mesmo que eu o admiro (sic).

    ps: Marc, anta é uma expressão debochada do sul do Brasil, portanto não faz sentido me recomendar temperança;
  • Marc...  21/12/2011 08:44
    Mcmoraes, seu blog é show.

    A princípio a teoria parece perfeita. Mas após ser testada provou-se estar errada.

    A temperança não foi por ter escrito a palavra anta. Foi por crer que você não se conteve para entender o parágrafo questionado, e antecipadamente o comentou/criticou.
  • mcmoraes  21/12/2011 09:51
    Marc, o Miltão usa o tempo presente para falar sobre uma teoria que já tinha sido refutada quando ele escreveu o parágrafo. Releia o parágrafo com a minha ajuda:

    "...Reler a Teoria Geral ... me fez lembrar o grande economista que Keynes era e como eu simpatizo com seus métodos e com seus objetivos de maneira muito mais intensa do que muitos de seus seguidores.... Creio que a teoria de Keynes é o tipo certo de teoria: é simples, se concentra em algumas poucas magnitudes essenciais e possui enorme potencial. No entanto, fui levado a rejeitá-la, não por causa dessas características, mas sim porque creio que ela foi desmentida pelas evidências: suas previsões não foram confirmadas pela experiência.

    Ou seja, o Miltão disse o que ele acha da teoria mesmo após ela já ter se mostrado furada. E daí que "a princípio a teoria parecia perfeita" se o tempo passou e a realidade mostrou o contrário? O Miltão não podia se referir no tempo presente a ela com tantos elogios sem cair em contradição.

    Se você continua afirmando que eu não entendi o parágrafo, por que você não me esclarece de uma vez? Por que não respondeu as minhas perguntas? Elogiar meu blog e dizer apenas que "a princípio a teoria parece perfeita, mas após ser testada provou-se estar errada" não me ajuda a entender nada melhor.
  • Fernando Chiocca  21/12/2011 09:59
    Milton Friedman é um desastre.

    O próprio Hayek confessou que a coisa que mais se arrependeu na vida foi não ter destruído o livro sobre metodologia do Friedman da maneira que ele destruiu o Teoria Geral de Keynes.

    Hayek on Friedman's 'Dangerous' Book
  • Gustavo Sauer.  21/12/2011 11:10
    Aqui Hayek diz novamente que não concorda com a metodologia que o Friedman usa e critica os agregados keynesianos:
    www.youtube.com/watch?v=fXqc-yyoVKg

  • Marconi  21/12/2011 09:02
    Foi mal pessoal, mas sou mais Friedman que Mises.
    Acredito que a revolução industrial acabou gerando uma possibilidade de oferta muito maior que a demanda e era preciso, em 29 por exemplo, imprimir dinheiro, beneficiando os trabalhadores e punindos os poupadores. Dando a mais gente os benefícios dos ganhos de produtividade. É bom termos cuidado com alguns adeptos ao pensamento de Mises, pois na verdade querem mesmo é viver da renda acumulada, sem trabalhar. Que o keynesianismo é uma pilantragem maquiada de teoria economica, nao há dúvidas. Mas Friedman me parece ter mais bom senso que Mises.
  • Paulo Sergio  21/12/2011 10:44
    'É bom termos cuidado com alguns adeptos ao pensamento de Mises, pois na verdade querem mesmo é viver da renda acumulada, sem trabalhar. '

    E qual o problema?
  • Marconi  21/12/2011 12:59
    O problema é se tiver muitos desempregados, miseráveis, etc. Do contrário, nenhum problema. Se tiver trabalhadores desocupados, capacidade ociosa, é preferivel "imprimir dinheiro", mantendo os empregos e o consumo do que fazer a populaçao sofrer. Pra mim, o "pior" trabalho deveria valer mais que a maior renda.
  • Leandro  21/12/2011 13:26
    Prezado Marconi, o problema desta sua "teoria" é que ela ignora por completo os motivos de haver recursos ociosos. O raciocínio é manjado:

    "Se as indústrias estão temporariamente ociosas, com excesso de capacidade investida, então faz sentido o governo imprimir dinheiro e gastar para mantê-las operando a pleno vapor. Isso não apenas vai garantir empregos, como também vai deixar a indústria preparada em termos técnicos tão logo a economia volte a crescer."

    Essa é uma falácia repetida à exaustão por todo o establishment universitário. Trata-se da falácia dos "recursos ociosos". Como é de fácil apelo e de lógica aparentemente simples, tal raciocínio facilmente cai no agrado do leigo.

    Mas por que ele é falso?

    É simples. A razão pela qual há tantos recursos que repentinamente se tornaram ociosos é porque houve algum erro anterior de cálculo. Os empreendedores incorretamente imaginaram que havia uma demanda maior do que a que de fato existia, e isso os levou a fazer investimentos errôneos -- a saber, a expansão de sua capacidade instalada.

    E o que levou a esse erro sistêmico de cálculo? Taxas de juros artificialmente baixas, criação de dinheiro que estimulou artificialmente a demanda em determinados setores, incentivos creditícios oferecidos pelo governo que foram direcionados para a indústria etc. Esse cenário de intervenção distorceu as previsões empreendedoriais e estimulou essa má alocação de recursos.

    Imagine que Teresina tenha sido escolhida a cidade-sede das Olimpíadas 2012. Nesse cenário, imagine o dono de um restaurante da capital piauiense que, imediatamente após a chegada das delegações e dos jornalistas, vivencie um aumento sem precedentes na demanda por seus serviços. Esse dono de restaurante terá duas opções: ou ele mantém seus serviços no mesmo nível ou ele faz investimentos.

    Entretanto, suponha que esse dono de restaurante interprete mal esse aumento momentâneo da sua demanda e passe a acreditar que se trata de um aumento real e sustentável da mesma. Com isso, ele contrai vários empréstimos e faz investimentos vultosos em seu restaurante, contratando mais mão-de-obra, ampliando seus recintos, sua capacidade instalada (comprando mais fogões, pratos, talheres, geladeiras e churrasqueiras) e até mesmo abrindo um novo restaurante.

    O que vai acontecer assim que as olimpíadas acabarem e todas as delegações e jornalistas forem embora? Ora, acontecerá o óbvio: esse dono de restaurante ficará com recursos ociosos. Com vários empregados sem nada para fazer e um segundo restaurante totalmente vazio.

    E então? Será que o governo deveria "estimular" esses recursos, despejando dinheiro ali para tentar manter o nível anterior de atividade? Será que o governo deveria passar a comprar ativamente a comida desse restaurante, apenas para mantê-lo funcionando em plena capacidade? Isso seria um uso inteligente dos recursos? Ou seria um mero desperdício de recursos?

    Ao perpetuar essas distorções, você estará meramente destruindo capital e impedindo que recursos e mão-de-obra sejam alocados para linhas de produção mais eficazes.

    A recessão é o período no qual a economia passa a corrigir esse desequilíbrio. E a única maneira de fazer corretamente esse procedimento é permitindo que os recursos sejam realocados de modo que correspondam às reais demandas do consumidor. E isso apenas o sistema de preços, desde que atuando livre e desimpedidamente, pode efetuar com acurácia. Qualquer intervenção governamental que vise a impedir esse processo vai gerar destruição de riqueza e ineficiência -- exatamente como está ocorrendo agora nos EUA.

    Abraços!
  • Rodrigo  21/12/2011 11:01
    Creio que a parte monetária da Teoria de Friedman é um tremendo fracasso. A teoria só vale pela parte liberal e por suas conclusões.
  • Lucas  21/12/2011 11:38
    Marconi
    Não, não e não! Só essa tua frase aqui já me enche de raiva: "...era preciso, em 29 por exemplo, imprimir dinheiro, beneficiando os trabalhadores e punindos os poupadores." Nunca vi ser "necessário" imprimir dinheiro mas talvez o mais enervante é quando diz que é preciso punir os poupadores! Este é o atual mundo bizarro em que vivemos. Todas as cigarras querem vivem as custas das formigas e ainda chamam as formigas de otários, usurpadores e o escambau.
    Eu dei duro por anos trabalhando e poupando para exatamente usufruir disso no futuro. Enquanto meus amigos iam em festas e compravam carros, se enfiavam em financiamentos para comprar casas, eu andava a pé e economizava. Agora que meu futuro chegou todos aqueles que passaram décadas na gandaia acham perfeitamente natural que eu me foda para benefício deles. No c*, papaguaio! E nem entrei no mérito sobre o que a minha poupança é capaz de beneficiar para outras pessoas em busca de remuneração...
  • Rodrigo  21/12/2011 12:17
    Pera aí? Estamos em 2011 e tem gente que ainda acha que poupar é ruim?
  • Marconi  21/12/2011 12:53
    Entendo Lucas, mas o que eu quis dizer é que, se o dinheiro fosse ouro, os ganhos de produtividade fariam os preços baixarem, permitindo que os poupadores comprassem mais coisas pelo aumento de produtividade dos outros. Creio que um aumento de dinheiro, diluindo o valor de todo o dinheiro, é justo se for feito de modo a manter a producao de produtos importantes, mantendo os empregos. Imagine que empresas diminuam a producao de leite, soja, etc porque as pessoas nao estao conseguindo comprar. Imprimindo dinheiro de maneira correta, vc consegue facilitar o acesso a ele para as pessoas continuarem comprando esses importantes produtos, mantendo a producao, os empegos, em velocidade maxima. Embora o seu dinheiro possa ter sido justo, a verdade é que o dinheiro atual não guarda relaçao com o mérito. Aliás, esse é o problema principal. O seu dinheiro de trabalho duro esta misturado com dinheiro impresso do nada e entregue aos amigos do rei. O que estou falando pra tomar cuidado, é porque ricaços, amigos do rei, logo logo irão querer uma política mais restritiva, quase "apoiando" mises, só pra viverem de juros.
  • Helio  21/12/2011 13:55
    Dois gênios; um rápido e brilhante, o outro sábio, profundo, culto, completo, ftw.
  • Fernando Chiocca  21/12/2011 18:30
    Falando em contradição...
  • Helio  21/12/2011 21:31
    Qual a contradição?
  • Fernando Chiocca  22/12/2011 08:15
    O assunto é Grande Depressão, moeda, metodologia.
    Os dois autores tem opiniões opostas e irreconciliáveis.
    Ou os dois estão errados, e nesse caso nenhum pode ser considerado um gênio; ou um está certo e o outro errado, e um pode ser considerado um gênio e o outro não.
    Neste caso a definição de genio é excludente.
    (1) Lei da não contradição: Dois julgamentos contraditórios (A é B, A não é B) não podem ser ambos verdadeiros.

    (2) Lei da identidade: Tudo é o que é (A=A)

    (3) Lei do terceiro excluído: De dois julgamentos contraditórios (A é B, A não é B), um deve ser verdadeiro e o outro falso.


    Agora, se o assunto for diverso, então vamos dizer 3 gênios e não 2. Keynes foi um gênio também; rápido, brilhante, sábio, profundo, culto. Conseguiu criar uma teoria totalmente sem nexo que se tornou mais popular do que todas as outras.
    Lula é um gênio... foi de torneiro mecâncico a presidente.. Kelly Slater? Gênio. Nunca vai existir surfista igual...

    Friedman fez coisas boas? Sim, muitas. Mas fez coisas horrorosas também, e colaborou com o que há de pior nas ciências humanas. Inclusive, as coisas boas de Friedman foram destacadas não só no começo deste artigo onde o Ebeling fala sobre suas posições críticas contra o intervencionismo socialista, como no curto post que eu postei onde Hayek começou elogiando seu magnifico poder de exposição.

    Essa sua postura chapa branca, de não querer falar nada de mal de ninguém, mesmo quando, como Hayek colocou, se trata de algo intrinsicamente perigoso e mal, como a meotdologia de Friedmam, é na verdade desagregadora, e não agregadora (como parece ser sua intenção).

    Quem conhece a verdadeira ciência economica, aqueles que sabem da superioridade da escola austríaca e das falhas de outras escolas, que se alinham com Mises, acabam se afastando dos que idolatram cegamente figuras como Friedman, os chamando de gênios mesmo nos momentos em que estão sendo criticados pelo que tem de pior, como no caso aquil.



    Grande Depressão, moeda, metodologia?
    Mises? Gênio. Friedman? Desastroso.
  • Mr.Garone  21/12/2011 16:07
    Para McMORAES, Quem foi keynes.... O cara vem do PQP falar no lixo de keynes no IMB. Por favor leia o texto até entender.

    Que cara burro!

    MCMORAES e de longe um lixo
  • Leandro  21/12/2011 16:17
    Caríssimo Garone, o mcmoraes não é nenhum defensor de Keynes, muito pelo contrário. Sei disso porque ele é um comentarista antigo aqui em nosso site. Acho que você interpretou erroneamente as postagens dele. Ele está criticando Friedman justamente por este estar defendendo Keynes. Pode conferir.

    Grande abraço!
  • mcmoraes  21/12/2011 16:52
    Mr. Garone, vc deve estar brincando comigo, certo? Se sim, apenas ignore esse meu comentário. Se não, por favor, cite quais trechos dos meus comentários anteriores o contrariaram, para que eu possa compreendendê-lo e, talvez, poder sanar alguma dúvida sua.
  • Lucas  22/12/2011 11:11
    Marconi
    Estou mto ocupado agora pra responder a altura mas ainda tá falando bobagem! Quem mais ganha com dinheiro fictício são os "amigos do rei", mais do que nunca esta estirpe está nababesca, quem perde é o poupador! Independente se poupou produzindo muito ou se abstendo de consumir. Quem perde também com o roubo da inflação é o trabalhor. Se não acha é só observar que no passado um indivíduo por familia alimentava a todos, hoje são necessários várias rendas por familia.
  • Marconi  22/12/2011 13:34
    Entendo Lucas, sua análise é perfeita, mas acho que um esquema um pouco mais flexível do que o ouro me parece melhor. Se houver uma impressao de dinheiro na medida dos ganhos médios de produtividade, me parece mais justo. Quem poupou, continuará com seu poder de compra e os ganhos de produtividade ficam com as empresas. Mises me parece mais "radical" nesse ponto do que Friedman. No caso especifico de 29, pelo pouco que entendo, creio que uma impressao forte de dinheiro poderia amenizar o desastre economico que houve. Quando citei punir os poupadores, quis dizer a frase completa e em situaçoes extremas. A maioria diria apenas imprimir dinheiro, sem citar o que estaria sendo feito na verdade... em 29 talvez fosse necessário..

    E Leandro, obrigado pela explicaçao, mas, se a demanda por produtos importantes cair ou nao for suficiente para, por exemplo, alimentar a populacao? Nesses caso, para suprir o básico, a flexibilidade monetária talvez seja uma boa. Uma renda mínima, como hayek propos, talvez seja uma boa soluçao. Por isso, ainda sou mais Friedman/Hayek que Mises. Mas, como a flexibilidade acaba por ser tentadora demais e costumeiramente irresponsável, talvez seja Mises que tenha razão mesmo.

    Abs!
  • Leandro  22/12/2011 13:46
    mas, se a demanda por produtos importantes cair ou nao for suficiente para, por exemplo, alimentar a populacao? Nesses caso, para suprir o básico, a flexibilidade monetária talvez seja uma boa.

    Não entendi. Como assim?

    Ademais, não há nenhuma necessidade de aumentar a "flexibilidade monetária". O que houve durante a Grande Depressão -- e eu recomendo que você leia os nossos artigos a respeito -- foi que o governo americano implementou políticas de controle de preços, controle de salários, aumento de tarifas de importação, aumento de impostos e estimulou uma arregimentação sindical de modo a impedir que as empresas baixassem seus preços.

    Ora, alie um cenário de redução da oferta monetária (por causa da quebra dos bancos que operavam com reservas fracionárias) com rigidez de preços (estipulada pelo governo) e é claro que vai haver uma profunda recessão. Mas o problema não está na oferta monetária e sim na falta de liberdade de preços, a qual foi proibida pelo governo.

    Tivessem os preços podido se reajustar para baixo, como ocorreu durante a Grande Depressão de 1921, a Grande Recessão não duraria nem dois anos.

    Por fim, não: não existe isso de [i]"se houver uma impressao de dinheiro na medida dos ganhos médios de produtividade, me parece mais justo. Quem poupou, continuará com seu poder de compra e os ganhos de produtividade ficam com as empresas."

    Quem poupou será prejudicado como sempre. Afinal, sem essas impressões de dinheiro, os preços estariam menores, e seu poder de compra seria maior. Logo, a inflação o espoliou. Nenhuma inflação é neutra.

    Abraços!
  • Marconi  23/12/2011 06:55
    Leandro, se as pessoas com grana forem ricas e as sem grana estiverem com dificuldade de comprar produtos básicos. Aí, uma inflacionada poderia punir os poupadores por um motivo justo, ou seja, para manter a produçao de alimentos em velocidade maxima.
  • Marconi  23/12/2011 12:45
    "com grana forem ricas" foi foda... hehehe me atrapalhei no ipad. :-D quis dizer que, quando vc diz que os recursos foram alocados de forma errada, vc está dizendo que o capital é que define o que deve ser produzido visando o lucro. ok, mas se o que a "sociedade" quiser sejam ferraris e desviar capacidade produtiva de alimentos para ferraris? e se faltar comida pra quem nao pode pagar ? uma inflacionada, dando dinheiro para os necessitados gastarem, embora puna os poupadores, estaram punindo por um motivo justo. Tb sou contra os keynesianos, mas acho que, em algumas situacoes, é justo imprimir dinheiro.
  • Leandro  23/12/2011 13:47
    Marconi, esse seu raciocínio não faz sentido nenhum. Você disse que se houver pessoas sem dinheiro e com dificuldade de comprar comida, imprimir dinheiro, por algum motivo mágico, iria prejudicar exclusivamente os ricos e ajudar exclusivamente os pobres.

    Ora, mas uma impressão de dinheiro faz justamente o contrário. Ela pune os pobres e beneficia os ricos, pois são eles que normalmente têm acesso imediato ao dinheiro recém-criado. Os pobres são os últimos a receberem esse dinheiro. Simplesmente não tem como imprimir dinheiro e fazer com que esse dinheiro chegue para os pobres antes de chegar aos ricos. Seu plano iria na realidade dizimar a pouca poupança desses pobres, ajudando a matá-los de fome.

    Ademais, como é que o simples ato de criar dinheiro iria "manter a produção de alimentos em velocidade máxima"? Que alquimia é essa? Desde quando imprimir pedaços de papel faz gerar um aumento na produção de fertilizantes e até mesmo no surgimento de mais terras férteis e cultiváveis? Não entendi.

    Abraços!
  • Marconi  23/12/2011 14:32
    Leandro, uma renda mínima para todos seria justa na minha opiniao e faria o que estou tentando explicar. 200 reais por mes pra cada brasileiro, por exemplo. O efeito dessa renda mínima, seria justamente o que descrevi. essa renda mínima poderia ser paga ou através de impostos ou da impressao de dinheiro, dá no mesmo, acredito eu. Assim, a producao de alimentos funcionaria para atender a todos, gracas a garantia de demanda nessa área. claro, seria ainda uma puniçao aos poupadores, mas correta na minha opiniao pois se trata de um dinheiro basico, para pessoa sem nada conseguir sair do lugar(comer, tomar um banho e conseguir procurar um emprego,etc). assim, os "pobres" seriam os primeiros a receber o dinheiro. nesse sentido, sou mais friedman ou hayek que mises.
  • Leandro  23/12/2011 14:59
    uma renda mínima para todos seria justa na minha opiniao e faria o que estou tentando explicar. 200 reais por mes pra cada brasileiro, por exemplo. O efeito dessa renda mínima, seria justamente o que descrevi. essa renda mínima poderia ser paga ou através de impostos ou da impressao de dinheiro, dá no mesmo, acredito eu.

    É, realmente você precisa se aprofundar mais em teoria. Imprimir dinheiro nunca é a mesma coisa que cobrar impostos. Atualmente há 12 milhões de famílias recebendo o bolsa família. Pegando-se uma média de 4 pessoas por família, temos 48 milhões de pessoas. Multiplica isso por 200 reais e teríamos um aumento de 8,8 bilhões de reais em circulação por mês! Em um ano, haveria um aumento de 105 bilhões de reais na quantidade de dinheiro. E isso sem contar toda a expansão que já ocorre naturalmente em decorrência das operações de mercado aberto realizadas pelo Banco Central.

    Voltaríamos à hiperinflação da década de 80 e 90. Um tomate passaria a custar pelo menos 1.000 reais. E você acha que estaria ajudando os pobres assim? Acha mesmo que isso impulsionaria a produção de alimentos?

    Se você continuar a pensar assim, daqui a pouco conseguirá uma vaga no Ministério da Fazenda. Fácil.
  • Fernando Chiocca  23/12/2011 15:23
    uma renda mínima para todos seria justa na minha opiniao e faria o que estou tentando explicar. 200 reais por mes pra cada brasileiro, por exemplo

    200 reais saídos de onde?
    Se for de impostos, serão 200 reais roubados de uns e dados para outros. ROubo é um crime. Justiça zero aí, muito pelo contrário, roubo = injustiça.

    Se for da criação de dinheiro, isso nada mais é do que uma forma de imposto, pois diminui o valor do dinheiro de todas as pessoas que o possuam. Ou seja, mais uma injustiça.

    Marconi, foi alguma piada sua associar "justiça" com roubo? Está querendo fazer piada?
  • Igor  23/12/2011 17:31
    "ok, mas se o que a "sociedade" quiser sejam ferraris e desviar capacidade produtiva de alimentos para ferraris? e se faltar comida pra quem nao pode pagar ?"

    Em decorrência dessa escassez haveria uma alta no preço dos alimentos, o que tornaria sua a produção muito mais lucrativa que a produção de ferraris, cujo os preços já haveria caído devido a alta oferta. Por fim, a produção de alimentos aumentaria, fazendo com que seu preço retornasse ao patamar habitual. A ordem espontânea é um conceito básico do liberalismo.




  • Absolut  23/12/2011 13:43
    Aí, uma inflacionada poderia punir os poupadores por um motivo justo

    Injustiça é justiça?
  • Catarinense  23/12/2011 15:41
    Guerra é paz, ignorância é força... O resto a gente conhece...
  • anônimo  13/11/2012 15:23
    Eu estou tentando entender que diabos o Patri Friedman ta falando aqui
    Pelo que eu sei, o problema que os austríacos falam é que o dinheiro novo quando entra na economia beneficia aqueles que pegaram nele primeiro, certo?
    Então, se um helicóptero sai soltando dinheiro e todo mundo pega sua parte do dinheiro novo igualmente, ninguém vai sair perdendo, certo?
    Mas mesmo assim ainda não faz sentido, ainda parece uma coisa meio 'trocar seis por meia duzia'; porque parece que pros chicaguistas o problema na depressão é que as pessoas tem menos dinheiro líquido pra trocar, coisa que a chuva de dinheiro resolveria
    Tipo, suponha que eu esteja economizando pra comprar um carro.Dai eu tenho 5.Aí chove dinheiro e agora eu tenho 10.O chicaguista acha que eu vou pegar o cinco novo e gastar, só que se eu tenho meus motivos pra economizar 100% do que eu tenho, eu não vou gastar esses 5 novos.Até porque eu também sei que depois da chuva o preço do carro vai subir...
  • Catarinense  13/11/2012 15:48
    (...)Então, se um helicóptero sai soltando dinheiro e todo mundo pega sua parte do dinheiro novo igualmente, ninguém vai sair perdendo, certo?(...)\r
    \r
    Não, aqueles que chegassem primeiro nas lojas iriam aproveitar os preços antigos. Logo, como todo mundo iria começar a gastar, os que fossem gastar este dinheiro novo por último seriam prejudicados, pois os preços estariam maiores devido aos reajustes pela alteração na demanda.
  • anônimo  14/11/2012 01:34
    No ex que ele deu, e vc não leu, o helicóptero teria dia marcado, quantidade fixa e todo mundo saberia.Então até o comerciante podia reajustar os preços antes, e quem chega na loja primeiro não levaria vantagem

    O que eu quero saber é ALÉM do 'quem pega primeiro no dinheiro' tem algum outro problema no monetarismo?
    Porque pelo que entendi, essa distribuição igualitária resolveria apenas o problema da falta de liquidez, que supostamente as pessoas não estariam trocando por falta de dinheiro pra trocar.
    Isso faz sentido?
  • Leandro  14/11/2012 02:06
    "o helicóptero teria dia marcado, quantidade fixa e todo mundo saberia.Então até o comerciante podia reajustar os preços antes, e quem chega na loja primeiro não levaria vantagem"

    E é isso que hoje em dia se passa por teoria econômica, hein?

    Não, o problema não é de liquidez. No atual sistema monetário, liquidez pode ser criada em questão de horas. Basta o BC criar dígitos nas reservas bancárias. EUA e Europa estão fazendo isso há quatro anos e de nada está adiantando. Por quê? Pelos mesmos motivos que já explicamos aqui centenas de vezes.

    Uma recessão ocorre porque, durante o boom econômico, vários recursos escassos foram direcionados para investimentos insustentáveis. Tais investimentos errôneos geraram perdas de capital para os empreendedores que fizeram estes investimentos. O balancete de suas empresas sofre uma forte redução no valor dos ativos, mas não nos passivos. Seu patrimônio líquido (capital) foi reduzido.

    Uma recessão irá se prolongar enquanto estes investimentos errôneos não forem liquidados. Ou seja, a recessão só acaba quando o capital remanescente volta a ser direcionado para investimentos que estão mais em linha com a real demanda dos consumidores. Só acaba quando o balancete das empresas é corrigido. Aumentar liquidez em nada resolve o fato de que capital foi desperdiçado em investimentos insustentáveis e deve ser retirado destes investimentos e direcionado para outros investimentos. Aumentar a liquidez apenas prolonga estes maus investimentos, dando-lhes uma sobrevida que irá apenas intensificar a destruição do capital ali empregado.
  • anônimo  14/11/2012 02:41
    Leandro
    Mas o dinheiro novo criado pelos governos não está indo pros bancos? E ficando por lá?
    Eu acho que o ponto do Patri chicaguista é: e se esse dinheiro fosse pras pessoas
  • Leandro  14/11/2012 02:54
    Os bancos podem emprestar esse dinheiro para quem pedir. Os juros estão baixíssimos e não há nenhum relato de pessoas ou empresas reclamando de uma suposta dificuldade de se conseguir crédito. A questão é que simplesmente não está havendo demanda por liquidez. Novidade nenhuma para quem conhece a teoria dos ciclos e sabe da importância de se entender coisas como a estrutura do capital, algo que apenas a Escola Austríaca estuda. Economista que diz que liquidez é a solução não possui conhecimento nenhum da teoria da estrutura do capital.

    O que aconteceria se houvesse uma forte expansão da liquidez via empréstimos? Exatamente o que expliquei acima: novos investimentos errôneos e prolongamento artificial dos maus investimentos já iniciados. A recessão seria ainda mais intensa no futuro.
  • Catarinense  14/11/2012 04:25
    Realmente, a idéia me soou tão esdrúxula que não fui atrás da entrevista do cara.
  • Thiago Barreto  02/03/2018 02:04
    Tenho uma duvida sobre a escola de chicago:

    Sei, atraves desse site, que a escola austriaca busca sempre uma moeda forte. Mas a escola de Chicago tb tem esse objetivo?

    Digamos que a partir de 2019 o ministro da fazenda será o Paulo Guedes, sabidamente economista formado na escola de Chicago. Ele buscara fortalecer o Real? Ou terá aquela errónea ideia de que moeda desvalorizada é bom para o pais e industrias?


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