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A esperança para a liberdade está na secessão - Hans Hoppe sobre economia, filosofia e política

Entrevista concedida ao instituto Association for Liberal Thinking, da Turquia.


Como o senhor se tornou um libertário e quais pensadores foram os mais importantes na formação do seu pensamento?

Hoppe:

Quando ainda jovem, estudante do ensino médio alemão, eu era marxista.  Depois, já como estudante da Universidade de Frankfurt, descobri a crítica de Böhm-Bawerk a Marx, e aquilo liquidou a economia marxista para mim.

Consequentemente, durante o período seguinte, tornei-me um tanto cético, atraído pela metodologia positivista e especialmente pela falsificacionista popperiana, bem como pelo programa gradual de engenharia social de Popper.  Como o próprio Popper, naquela época eu era um social-democrata de direita.

E então as coisas passaram a mudar rapidamente.  Primeiro, descobri Milton Friedman (muito bom), depois Hayek (melhor), depois Mises (muito melhor, devido à sua metodologia explicitamente antipositivista — apriorística) e, finalmente, o mais importante sucessor teórico de Mises, Murray N. Rothbard.

Até que ponto sua educação formal coincidiu com sua transformação libertária?

Hoppe:

Não aprendi nada de libertarianismo ou de livre mercado na universidade.  Meus professores eram ou socialistas ou intervencionistas.  Ocasionalmente (muito raramente), os nomes de alguns livre-mercadistas eram mencionados: Boehm-Bawerk, Mises, Hayek, e também Herbert Spencer como sociólogo.  No entanto, eles eram imediatamente descartados como antiquados e obsoletos apologistas do capitalismo, indignos da atenção de qualquer "intelectual sério".  Portanto, tive de descobrir tudo por conta própria, por meio de muita leitura.  Li praticamente tudo sobre economia — e hoje, analisando em retrospecto, grande parte do material lido representou uma total perda de tempo.

Nos primeiros anos do século XX, economistas 'capitalistas' estavam em posições mais defensivas.  Isso era particularmente explícito antes de Mises começar a criticar o socialismo em suas obras.  Os escritos de Mises foram decisivos em fazer com que os socialistas adotassem sua atual posição defensiva.  Os escritos de Mises também abriram caminho para uma economia distinta, fora do paradigma neoclássico.  Durante a sua educação formal, o senhor era da opinião de que a economia austríaca era, ou deveria ser, distinta do pensamento neoclássico?  Como foi o processo de deixar de ser apenas crítica para se tornar uma abordagem alternativa?

Hoppe:

Até os anos 1950, a maioria dos economistas compartilhava a mesma visão de Lionel Robbins a respeito da natureza da economia.  Robbins, que havia sido fortemente influenciado por Mises, apresentou, em seu famoso livro Nature and Significance of Economic Science (1932), a economia como sendo um tipo de lógica aplicada (Mises chamaria de 'praxeologia').  A análise econômica deveria partir de algumas premissas simples e evidentemente verdadeiras (axiomas) e chegar, por meio da dedução lógica, a várias conclusões irrefutáveis (teoremas econômicos). 

Essas conclusões ou teoremas, desde que nenhum erro houvesse sido cometido no processo da dedução, têm de ser logicamente verdadeiros, e seria um erro categorial se alguém quisesse 'testar empiricamente' tais teoremas.  (Nós também não testamos 'empiricamente' verdades e argumentos lógicos, ou mesmo proposições matemáticas.  Por exemplo, não testamos empiricamente a lei de Pitágoras; podemos prová-la dedutivamente.  E aquele que quiser 'prová-la' empiricamente, mensurando ângulos e comprimentos, não será considerado 'mais científico', mas sim alguém totalmente confuso).  Hoje, apenas os austríacos ainda defendem esta (correta) visão da ciência econômica como sendo uma lógica aplicada.

A partir da década de 1950, em grande parte devido à influência de Milton Friedman, a maioria dos economistas passou a adotar a visão 'positivista' de que a ciência econômica deveria tentar imitar os métodos utilizados na física.  Como resultado, a ciência econômica moderna foi transformada em uma simples matemática de baixo nível, não possuindo nenhum significado empírico e nenhum tipo de aplicação prática.  Os economistas de hoje se limitam a fazer duas coisas, ambas uma total perda de tempo: construir e testar 'modelos' para (na melhor das hipóteses) comprovar aquilo que já é óbvio para qualquer ser humano minimamente inteligente — como o fato de que a água corre para baixo — e demonstrar por meios empíricos aquilo que pode ser provado por meio da lógica (como confirmar a lei de Pitágoras empiricamente).  

No entanto, em muitos casos, e pelos mesmos métodos, eles também se esforçam para "provar" empiricamente que, em algumas situações, a água pode correr para cima e a lei de Pitágoras pode deixar de ser válida.  Isso acontece quando economistas defendem, por exemplo, o controle de preços para combater a carestia ou o aumento dos gastos para combater recessões, sempre sob o argumento de que "dessa vez será diferente".  E nunca é.  Em suma, a moderna economia convencional está em situação de total calamidade.

Quando eu comecei a estudar economia, ensinaram-me a metodologia positivista.  No entanto, desde o início, aquilo nunca me convenceu.  A lei da utilidade marginal, ou a teoria quantitativa da moeda, ou a afirmação de que um aumento no salário mínimo para $1.000 a hora resultaria em desemprego em massa não me pareciam ser hipóteses questionáveis que necessitassem de qualquer tipo de teste empírico, mas sim óbvias verdades lógicas.  Demorei um pouco para descobrir que esta era na verdade a visão clássica, defendida mais explicitamente por Robbins e Mises.  Descobrir Mises e Robbins, portanto, foi um grande alívio intelectual para mim, e foi o que me fez levar (e estudar) a ciência econômica a sério.

A atual economia convencional, chamada de mainstream, é totalmente irrelevante.  Pior ainda: está sempre aberta à perigosa ideia da experimentação e da engenharia social (qual outra forma de se testar hipóteses?), uma verdadeira tentação para políticos populistas.  É por isso que o moderno estado intervencionista sempre se mostra totalmente disposto a financiar toda uma seara de economistas.  O estado sabe que eles criarão justificativas para todo e qualquer programa intervencionista.  Por outro lado, a economia austríaca não apenas é de grande importância prática, como também se opõe rigorosamente a qualquer tipo de intervencionismo econômico por sabê-lo contraproducente.  Não é surpresa alguma, portanto, que a Escola Austríaca não receba nenhum apoio ou suporte financeiro. 

Não obstante, sou otimista quanto ao futuro da economia convencional: creio que ela desaparecerá devido à própria irrelevância (artigos acadêmicos publicados em famosos periódicos praticamente não têm leitores) e será desalojada pela Escola Austríaca.  Um bom indício disso é a proliferação espontânea de Institutos Mises ao redor de todo o globo, os quais têm mais leitores do que qualquer site sobre economia convencional.

Em sua versão moderna, a Escola Austríaca, com sua ênfase em direitos de propriedade, empreendedorismo e liberdade, possui aliados naturais entre as diferentes escolas de pensamento econômico.  Por exemplo, a abordagem sobre direitos de propriedade elaborada por Coase e Alchian é muito similar às posições dos austríacos.  O senhor acha que os escritos de Mises exerceram alguma influência sobre a ênfase dada aos direitos de propriedade e às soluções de mercado das outras escolas?  Há algum elo visível entre Mises e algumas destas pessoas?

Hoppe:

Desconheço qualquer elo intelectual entre Mises e a moderna Escola de Chicago, tanto a econômica quanto a jurídica.  Tampouco há algum elo entre o pensamento de Mises e as ideias de Coase e de seu sucessor, Richard Posner.  Por outro lado, Hayek foi um dos professores de Coase na London School of Economics.

A similaridade entre a visão austríaca e a visão de Chicago acerca da ciência econômica e do direito é meramente superficial.  Na realidade, ambas estas tradições intelectuais são fundamentalmente opostas umas às outras.  É um erro comum, mas extremamente sério, pensar que a Escola de Chicago é defensora dos direitos de propriedade.  Com efeito, Coase e seus seguidores são os mais perigosos inimigos dos direitos de propriedade.  Eu sei, isso pode soar inacreditável para algumas pessoas.  Sendo assim, permita-me explicar melhor esta posição, utilizando um dos exemplos oferecidos pelo próprio Coase em seu famoso artigo sobre "Custo Social".

Uma ferrovia passa ao lado de uma fazenda. O motor do trem emite faíscas, e as faíscas danificam as plantações do fazendeiro. O que deve ser feito?  Do ponto de vista austríaco (e também do clássico e também do bom senso), o que precisa ser estabelecido é quem estava lá primeiro: o fazendeiro ou a ferrovia?  Caso seja o fazendeiro, ele poderia então obrigar a ferrovia a interromper suas atividades (através de uma ordem de cessação), ou a parar de emitir faíscas ou então exigir compensação.  Caso seja a ferrovia quem se estabeleceu ali primeiro, então ela poderia continuar emitindo faíscas, e o fazendeiro teria de pagar à ferrovia caso ele quisesse se manter livre das faíscas.

Já a resposta de Coase e de Posner é totalmente diferente.  Segundo eles, é errado pensar no fazendeiro e na ferrovia em termos de "certo" ou "errado", de "agressor" e "vítima".  Permita-me citar o início do famoso artigo de Coase:

O problema é normalmente pensado como: 'A causa danos a B', e a decisão a ser tomada é 'Como deveríamos restringir A?'.  Mas isso está errado.  Estamos lidando com um problema de natureza recíproca.  Evitar o dano causado a B seria infligir dano a A.  A verdadeira questão a ser decidida é: deveria A ter permissão para prejudicar B ou será que B é quem deveria ter permissão para prejudicar A?  O problema é como evitar o dano mais sério.

Em outras palavras, o problema é maximizar o valor da produção ou a 'riqueza'.  De acordo com Posner, qualquer coisa que aumente a riqueza social é justa e qualquer coisa que não a aumente é injusta.  A tarefa dos tribunais, portanto, seria determinar direitos de propriedade (e responsabilidades legais) aos queixosos de tal maneira que a "riqueza" seja maximizada.

Para o exemplo acima considerado, isso significa que, se o custo de se evitar as faíscas for menor que o prejuízo da colheita, então o tribunal deveria ficar do lado do fazendeiro e responsabilizar a ferrovia. Por outro lado, se o custo de se evitar as faíscas for maior que o prejuízo da colheita, então o tribunal deveria ficar do lado da ferrovia e responsabilizar o fazendeiro.  Posner oferece outro exemplo. Uma fábrica emite fumaça e, por isso, diminui o valor das propriedades residenciais na vizinhança. Se o valor das propriedades cai $3 milhões e o custo de se remanejar a fábrica é de $2 milhões, a fábrica deve ser condenada e obrigada a se mudar.  Entretanto, se os números forem trocados — o valor das propriedades cai $2 milhões e os custos de remanejamento são de $3 milhões — a fábrica poderá continuar ali emitindo fumaça.

Ainda mais importante, tudo isso significa também que os direitos de propriedade (e as responsabilidades civis) não mais são estáveis, constantes e fixos; eles se tornaram variáveis.  Os tribunais designarão direitos de propriedade de acordo com os volúveis dados do mercado.  Se os dados mudarem, os tribunais podem rearranjar tais direitos.  Ou seja, circunstâncias diferentes levam a uma redistribuição dos títulos de propriedade. Nesse cenário, ninguém jamais está seguro de sua propriedade.  A incerteza jurídica se torna permanente.

Isso não parece ser justo nem eficiente.  Ademais, quem em sã consciência iria utilizar um tribunal que tenha anunciado que, no decurso do tempo, poderá realocar os atuais títulos de propriedade dependendo das voláteis condições de mercado?  Tal maneira de atribuir direitos de propriedade certamente não leva a uma maximização da riqueza no longo prazo.

O que o senhor pensa a respeito do papel do estado na sociedade?  O estado é uma necessidade prática ou ele é um mal necessário?  Como o senhor descreveria a transição de um modelo estatista para uma sociedade liberal-clássica?

Hoppe:

Antes é necessário definirmos rapidamente o que é o estado.  Eu adoto aquilo que pode ser chamado de definição padrão: um estado é uma agência que detém um monopólio da tomada suprema de decisões jurídicas para todos os casos de conflito, inclusive conflitos envolvendo o próprio estado.  Consequentemente, ele também possui o direito de tributar sem enfrentar resistência.

Em microeconomia aprendemos que monopólios são ruins do ponto de vista dos consumidores.  Monopólio, em seu sentido clássico, é entendido como sendo um privilégio exclusivo outorgado a um único produtor de um bem ou serviço — isto é, há uma proibição da livre entrada de concorrência em uma linha específica de produção.  Em outras palavras, apenas uma agência, A, pode produzir um determinado bem, x.  Qualquer monopolista desse tipo é ruim para os consumidores porque, pelo fato de estar protegido contra a entrada de potenciais concorrentes em sua área de produção, o preço do produto x do monopolista será mais alto e a qualidade de x será mais baixa do que seria em um ambiente concorrencial.

Por que este raciocínio deveria ser diferente quando aplicado ao monopólio estatal compulsório da jurisdição de seu território?  O estado detém o monopólio dos serviços jurídicos e policiais.  Por que esta lei econômica não se aplicaria a ele?  Dado que o estado é um monopolista clássico, é de se esperar que o preço de seus serviços (cuja aceitação é obrigatória) sejam mais altos e de menor qualidade do que seria em ambiente concorrencial.  Para piorar, uma vez que o estado é o juiz até mesmo dos conflitos em que ele próprio esteja envolvido, é de se esperar que o estado tenha interesse em causar conflitos para que ele os "resolva" de acordo com seus próprios interesses.  Isso não é justiça (um bem), mas sim injustiça (um mal).

Portanto, respondendo à sua pergunta: Não!  Considero o estado um mal desnecessário.  Em uma ordem natural, com uma variedade de agências de seguro e de intermediação, o preço dos serviços de justiça cairia e a qualidade destes serviços subiria.  Meu livro Democracia - o deus que falhou e meu artigo A produção privada de serviços de segurança explicam em detalhes consideráveis como sociedades sem estado — sociedades autônomas, geridas por si mesmas — funcionariam e gerariam uma prosperidade incomparável.

Agora, a respeito de metas de transição para a liberdade, a resposta é a mesma para qualquer país, seja ele a Turquia ou Alemanha, a França ou a China, a Colômbia ou o Brasil.  A democracia não é a solução — como também não foi a solução para os países do antigo império soviético.  Tampouco a centralização — como ocorre na União Europeia — seria a resposta.

Ao contrário, a maior esperança para a liberdade vem justamente dos países pequenos: Mônaco, Andorra, Liechtenstein, e até mesmo Suíça, Hong Kong, Cingapura, Bermuda etc.  Quem preza a liberdade deveria torcer e fazer de tudo pelo surgimento de dezenas de milhares destas entidades pequenas e independentes.  Por que não uma Istambul livre e independente, que mantém relações cordiais com o governo central da Turquia, mas que não tem de pagar impostos e nem receber repasses, e que não mais reconhece as leis impostas pelo governo central, pois tem as suas próprias?

Como seus antepassados clássicos, os novos liberais não buscam a tomada do governo.  Eles o ignoram e querem que ele os deixe em paz.  Mais ainda: querem se seceder de sua jurisdição para poderem organizar sua própria proteção.  Ao contrário de seus predecessores, que apenas tentaram substituir um governo grande por um menor, os novos liberais levam a lógica da secessão até seu extremo.  Eles propõem secessão ilimitada, isto é, a proliferação irrestrita de territórios livres e independentes, até que o alcance da jurisdição do estado se esvaeça.  Para este fim — e em completo contraste com projetos estatizantes como "Integração Europeia", ALCA, NAFTA, "Nova Ordem Mundial" —, eles promovem a visão de um mundo com dezenas de milhares de países, regiões e cantões livres, de centenas de milhares de cidades livres.  Ou, para serem ainda mais livres, distritos e vizinhanças completamente autônomos e integrados economicamente por meio do livre comércio.  Como será explicado a seguir, quanto menor o território, maior a pressão econômica para se aceitar o livre comércio.  E quanto menores as unidades políticas, maiores as chances de se adotar um padrão monetário baseado em alguma commodity, muito provavelmente o ouro.

Os apologistas de um estado forte e centralizado alegam que tal proliferação de unidades políticas independentes levaria à desintegração econômica e ao empobrecimento.  No entanto, não apenas a evidência empírica contradiz esta alegação — todos os pequenos países citados acima são mais ricos que seus vizinhos —, como também uma reflexão teórica mostra que tal alegação não passa de mais um mito estatista.

Governos pequenos possuem vários concorrentes geograficamente próximos.  Se um governo passar a tributar e a regulamentar mais do que seus concorrentes, a população emigrará, e o país sofrerá uma fuga de capital e mão-de-obra.  O governo ficará sem recursos e será forçado a revogar suas políticas confiscatórias.  Quanto menor o país, maior a pressão para que ele adote um genuíno livre comércio e maior será a oposição a medidas protecionistas.  Toda e qualquer interferência governamental sobre o comércio exterior leva a um empobrecimento relativo, tanto no país quanto no exterior.  Porém, quanto menor um território e seu mercado interno, mais dramático será esse efeito.  Se os EUA adotarem um protecionismo mais forte, o padrão de vida médio dos americanos cairá, mas ninguém passará fome.  Já se uma pequena cidade, como Mônaco, fizesse o mesmo, haveria uma quase que imediata inanição generalizada.

Imagine uma casa de família como sendo a menor unidade secessionista concebível.  Ao praticar um livre comércio irrestrito, até mesmo o menor dos territórios pode se integrar completamente ao mercado mundial e desfrutar todas as vantagens oferecidas pela divisão do trabalho.  Com efeito, seus proprietários podem se tornar os mais ricos da terra.  Por outro lado, se a mesma família decidir se abster de todo o comércio inter-territorial, o resultado será a pobreza abjeta ou até mesmo a morte.  Consequentemente, quanto menor for o território e seu mercado interno, maior a probabilidade de sua adesão ao livre comércio.

Por fim, irei apenas mencionar, mas sem no entanto adentrar em detalhes explicativos por pura falta de espaço, que a secessão também promoveria uma integração monetária e levaria à substituição do atual sistema monetário baseado em moedas fiduciárias nacionais — que flutuam entre si e se desvalorizam diariamente — por um padrão monetário baseado em uma commodity totalmente fora do controle dos governos.  Em suma, o mundo seria formado por pequenos governos liberais e seria economicamente integrado por meio do livre comércio e por uma moeda-commodity internacional, como o ouro.  Seria um mundo de prosperidade, crescimento econômico e avanços culturais sem precedentes.

O que o senhor tem a dizer a respeito do pensamento libertário em países em desenvolvimento?  Eles podem adotar uma economia de mercado mais livre?  O senso comum é o de que, quanto mais pobre um país, maior a necessidade de um governo forte e provedor.  O senhor é otimista quanto ao futuro destes países no que diz respeito aos valores liberais-clássicos?

Hoppe:

A humanidade foi dotada desta faculdade esplêndida que é a razão.  Por isso, sempre podemos ter a esperança de que a verdade irá vencer no final.  Agora, se é possível ser otimista em relação a um determinado país, isso vai depender totalmente da seguinte questão: quantos membros (em termos de proporção) da elite intelectual deste país possuem um conhecimento sólido a respeito de fundamentos econômicos?  Uma das tarefas centrais de um instituto que divulga ideias econômicas é produzir e multiplicar a quantidade destas pessoas, e assim criar motivos para o otimismo.

O que um país "em desenvolvimento" tem de entender é o seguinte: existem motivos pelos quais alguns países são ricos e outros são pobres — e tais motivos pouco têm a ver com a 'exploração' dos pobres pelos ricos (embora tal coisa indubitavelmente também ocorra).  Há apenas um caminho para a prosperidade geral: divisão do trabalho, poupança e investimento.  Países ricos são ricos porque, por meio de sua poupança e de seu investimento — ambos possibilitados pela divisão do trabalho —, acumularam uma grande quantidade de bens de capital per capita.  Países pobres são pobres porque acumularam pouco capital.  Por que há muita poupança, muito investimento e muito capital acumulado em alguns países e pouco ou quase nada em outros?  Porque em alguns países há, ou houve no passado, um grau relativamente alto de proteção e de garantias à propriedade privada, ao passo que em outros países a propriedade privada está ou já esteve sob constantes ataques, seja por meio da tributação, da regulamentação ou do confisco direto.  Onde a propriedade privada não está protegida, haverá pouca poupança e investimento.

Ademais, é essencial que um país 'em desenvolvimento' entenda que uma moeda forte e um sistema monetário sólido são também um aspecto essencial da segurança à propriedade.  Países com histórico de inflação alta não atraem investimentos e nem permitem a formação de riqueza.  Por isso, é de suprema importância entender a seguinte lei: um aumento na quantidade de papel-moeda criado pelo governo não pode — nunca, jamais — aumentar a riqueza social.  Isso é uma impossibilidade física.  Afinal, imprimir dinheiro significa apenas aumentar o número de pedaços de papel pintado na sociedade.  Tal medida não cria um único bem de capital ou de consumo.  Ela não aumenta o padrão de vida como um todo.  Se fosse fácil assim, se mais dinheiro de papel pudesse produzir maior riqueza, simplesmente não mais haveria uma só pessoa pobre ao redor do mundo.

A única coisa que a inflação pode fazer — e de fato faz — é uma sistemática redistribuição da riqueza social já existente, redistribuição esta que se dá em prol do governo (que é o produtor do dinheiro) e de seus clientes mais imediatos (estatais, funcionários públicos e empresários com boas conexões políticas), e à custa daqueles que recebem este dinheiro por último — e que, ao receberem-no, já estão com seu poder de compra reduzido, pois os preços dos bens e serviços da economia já aumentaram em decorrência desta inflação monetária.  Inflação monetária é o equivalente a roubo e confisco de renda, e os governos dos países 'em desenvolvimento' possuem o histórico de serem os piores agressores à segurança monetária de cidadãos e investidores.

Meu conselho aos países subdesenvolvidos: adquiram a reputação de ser um lugar que respeita a propriedade privada, um lugar em que a propriedade, inclusive o dinheiro, está garantidamente a salvo (pense na Suíça, por exemplo).  Assim haverá uma chance de prosperar.  Caso contrário, nada feito.



autor

Hans-Hermann Hoppe
é um membro sênior do Ludwig von Mises Institute, fundador e presidente da Property and Freedom Society e co-editor do periódico Review of Austrian Economics. Ele recebeu seu Ph.D e fez seu pós-doutorado na Goethe University em Frankfurt, Alemanha. Ele é o autor, entre outros trabalhos, de Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo e The Economics and Ethics of Private Property.



  • eduardo  07/11/2012 04:48
    MUITO BOM.
  • Patrick de Lima Lopes  07/11/2012 06:04
    Uma entrevista que resume boa parte da excelente obra do Hoppe.
    Ele de fato merece seu título como principal "herdeiro" de Rothbard.
  • Jonathan Freire  07/11/2012 06:30
    Interessante esse ponto de vista, mas muito arriscado. Parabéns ao site.
  • Cristiano  07/11/2012 07:13
    Essa entrevista foi uma luz que me guiou por muito tempo.
  • Paulo Kogos  07/11/2012 07:29
    eu achava que países pequenos não poderiam ser bem defendidos

    Singapura tem metade da área do município de São Paulo
    possui uma Marinha equipada com 6 fragatas stealth (melhores que as da US Navy), além de submarinos, caças, aviões de guerra eletrônica, estações móveis de radar, batalhões de armas combinadas, unidades de comandos e forças especiais... fiquei impressionado

    Além disso seguradoras poderiam suprir defesa privada pra áreas maiores

    a microsesessão é uma boa saída pra liberdade
  • Pedro  07/11/2012 11:01
    Sem falar que não há muitos incentivos para se atacar paises pequenos como Cingapura e Hong Kong, afinal, quais são os recursos naturais importantes que eles tem? Ninguém iria ganhar nada atacando essas localidades.
  • PESCADOR  07/11/2012 08:20
    Ótimas respostas do Hoppe. Incrível a capacidade de argumentação dele, fácil de ser entendido. Uma pequena aula em duração de tempo, mas grandíssima em conteúdo.
  • anônimo  07/11/2012 10:17
    1 Ele parece estar descrevendo como as coisas funcionariam no seasteading

    2 Por essa definição de estado como 'entidade com monopólio do uso da força' então o estado que o Mises defendia não seria estado de verdade ou seria? Porque um estado que permite secessão não ta forçando o monopólio de nada
  • Tiago RC  07/11/2012 13:54
    É por isso que alguns interpretam que Mises provavelmente era ancap, só preferia não dizer abertamente, ou não se deu conta. ;)
  • anônimo  08/11/2012 05:44
    OU, são os anarquistas que usam o rótulo errado, e ele Mises já tinha notado isso lá em mil novecentos e antigamente
    Porque, do grego:
    A = sem
    Arquia = liderança, poder

    E não é isso que o sistema seria.
  • Alexander  07/11/2012 11:31
    Caro Pedro,Cingapura está localizado numa posição super estratégica,numa das rotas de comércio mais importantes do mundo...Numa guerra posições estratégicas são um dos grandes trunfos de um país.
    Abraço
  • Bright  07/11/2012 12:12
    No caso do Brasil, acho que só uma tragédia de grandes dimensões, ou uma supercrise poderia abrir os olhos do brasileiro e fazê-lo se preocupar com a questão da liberdade econômica.

    Até lá, quem quiser ficar aqui terá de aguentar a expropriação estatal.
  • Dam Herzog  07/11/2012 12:56
    Acho que o Mises Brasil deveria vêr a possibilidade de fazer cursos sobre a economia austriaca, que nos pudessemos frequentar a noite ou se não que mesmo aulas on line onde receberíamos nosso material escolar pela internet e seríamos avaliados tambem on line com um curso mínimo de economia austriaca. O material a estudar com livro base "Ação Humana" Seria um curso de Educação Continuada, sem fim. Estes cursos poderiam ser oferecidos a outras faculdade do Brasil,para que os professores públicos não continuasse a ensinar o Keynesianismo que é quase a mesma coisa que socialismo, tudo on line, e pagaríamos uma mensalidade. Em outra direção esforçariamos pela criação do Liber com estatuto só para amantes da liberdade. Nos mesmos mesmo poderia procurar obter o maximo de assinaturas. Impossivel estar não indignado com o que está ai. E ainda o marxista Obama vence as eleições para dirigir a maior economia do mundo. O mesmo Obama que é anti-business, anti-mercado. Até quando os previlégios governará o nosso pais.Precisamos dar os passos definitivos para mudar esta situação já.
  • Gabriel  08/11/2012 05:51
    Também sou totalmente a favor disso, o Mises Brasil tinha que ter uma faculdade, como pretendo fazer economia ano que vem, já fico imaginando a quantidade de besteira keynesiana que vou ter que estudar. Uma faculdade de economia austríaca seria muito bom.
  • anônimo  08/11/2012 00:01
    "A maior esperança para a liberdade vem justamente dos países pequenos: Mônaco, Andorra, Liechtenstein, e até mesmo Suíça, Hong Kong, Cingapura, Bermuda etc." Putz, liberdade em Liechtenstein, Hong Kong e Cingapura? Como que uma monarquia (Liechtenstein) onde o rei diz que seu poder vem de deus, um lugar dominado e governado por comunistas do PC chines (Hong Kong) e uma ditadura onde um governo ditador decide tudo e o governo tirano controla a economia atuando diretamente na bolsa (detêm 60% das açoes das empresas) como Singapura podem ser exemplos de liberdade? É isso mesmo, quer dizer que monarquias e ditaduras comunistas sao os que oferecem mais liberdades na atualidade? Serio que monarquia e comunismo é o melhor caminho para as liberdades?
  • Luis Almeida  08/11/2012 05:28
    Quanta besteira, anônimo. Sua ignorância sobre Liechtenstein, país no qual já estive, é avassaladora. Pra começar, a família real de Liechtenstein nunca afirmou que "seu poder vem de Deus". Ótima evidência do quão doutrinado você ainda está pelo Ensino Médio. O príncipe regente -- que é fã de Hoppe e já o convidou para visitar seu castelo -- já deu uma entrevista ao The New York Times dizendo que havia chegado à conclusão de que um imposto de 6% era mais do que suficiente para cobrir todos os "serviços públicos", e que mais do que isso seria tirania.

    Em 2003, houve um referendo ratificando o direito de cada distrito de Liechtenstein poder se separar e viver autonomamente fora do reinado. Ou seja, hoje, se uma região do principado quiser viver fora dos domínios da família real, ela está livre para isso.

    Em julho de 2012, houve outro referendo no qual havia propostas de se restringir o poder política da família principesca (já houve algo remotamente semelhante em relação ao governo brasileiro?). A população voluntariamente rejeitou este referendo. Não obstante uma campanha anti-monarquia e pró-democracia que durou um ano inteiro, 76% da população votante disse que o príncipe deveria manter seu poder de veto sobre decisões democráticas nacionais. Incrível.

    Sobre Hong Kong, mesmo que fosse verdade se tratar de "um lugar dominado e governado por comunistas do PC chinês" (o que não é), ainda assim seria invejável. Troco aqueles "comunistas" por todos os petistas e tucanos daqui sem titubear. E você?

    Sobre Cingapura, mais conversa fiada. O governo possui dois fundos de investimento: a Temasek Holdings (com míseros 380 funcionários), que compra ações de várias empresas asiáticas, e a Government Investment Corporation, que investe as reservas internacionais do país. Compare isso ao Brasil: aqui, o Tesouro e o BNDES dão dinheiro subsidiado para seus empresários favoritos e o Banco Central investe suas reservas internacionais comprando títulos americanos que pagam 0,25% ao ano. Muito bom.

    Eu troco Guido Mantega, Tombini e todos os burocratas do BNDES por aqueles 380 cingapurianos. E você?
  • Tiago RC  08/11/2012 06:19
    "O príncipe regente -- que é fã de Hoppe e já o convidou para visitar seu castelo -- "

    :-O

    Sério isso? Definitivamente não é à toa então que Liechtenstein é de longe o país mais rico do mundo (segundo a CIA)!

    O que o príncipe está esperando para abandonar o monopólio monetário então? :-)
    (ou já aboliu e eu estou por fora?)
  • Leandro  08/11/2012 06:31
    Liechtenstein utiliza o franco suíço, mas o comércio também aceita o euro. Eles não têm moeda própria. Não estou a par de haver lei de curso forçado. Mas sei que o sistema bancário é sólido e bastante diversificado.
  • Tiago RC  08/11/2012 08:12
    Eu estou impressionando com isso que o Luis falou, Hoppe sendo recebido no castelo do aristocrata.

    Você tem referência disso, Luís? Isso deveria ter provocado mais barulho.
    Digo, Liechtenstein é o país mais rico do mundo, se consideramos PIB per capita como medida de riqueza (sei que não é muito correto, mas tem outra medida simples?)
    O simples fato do príncipe regente dessa micro-nação ter simpatias por um dos principais economistas austríacos já é por si só uma tremenda publicidade positiva à Escola Austríaca.
  • Neto  08/11/2012 08:36
    Vou começar a estudar liechstenteinês
  • Luis Almeida  08/11/2012 09:01
    Puxa, eu imaginava que libertários estivessem mais a par sobre o pensamento de Hans-Adam II, príncipe de Liechtenstein.

    Veja o que ele escreve em seu livro The State in the Third Millennium

    "We should devote our efforts to the creation of numerous small principalities throughout the world, where people can live in happiness and freedom. The large states… must be convinced of the need to decentralize politically in order to bring democracy and self-determination into the smallest political units, namely local communities, be they villages or cities."


    Já os cidadãos de Liechtenstein parecem já ter adquirido o insight hoppeano sobre a monarquia. Veja o que disse um cidadão de lá que repudiou o referendo para transformar o país em democracia:

    "The princely house is a stabilizing factor for our country because it thinks for generations and not just for four years."


    Quanto ao Hoppe, ele é íntimo do príncipe Hans-Adam. Não apenas ele já falou isso, como também já foi reiterado aqui e na nota 46 deste artigo.
  • Emerson Luis  10/07/2013 14:47
    "Veja o que disse um cidadão de lá que repudiou o referendo para transformar o país em democracia"

    O referendo era para transformar o país em uma REPÚBLICA, não em uma democracia (que ele já era, como prova o próprio fato de fazer um referendo).

    Temos que parar de confundir "democracia" com "república".

    Uma monarquia pode ser democrática e uma república, ditatorial.

    Exemplos: Inglaterra e Coreia do Norte.

    * * *
  • anônimo  10/11/2012 01:56
    De uma rápida pesquisadinha sobre de que vive a economia de Liechtenstein e descobrira que é de patentes. Uma pais liberal viver de direitos de patentes e em uma monarquia é no minimo contraditório.
  • Luis Almeida  10/11/2012 05:45
    Dei essa "rápida pesquisadinha" e não achei nada falando que o pessoal de Liechtenstein é rico por causa de patentes. Descobri (aliás, constatei, pois já estive lá), isso sim, que a economia é vibrante, do setor agrícola ao setor financeiro, passando pelo industrial. Uma das principais fontes de receita do governo é totalmente voluntária: carimbos nos passaportes de turistas com o selo da monarquia (obviamente, ninguém é obrigado a fazer isso).

    Pare de sacar e, principalmente, pare de inventar mentiras sobre terceiros com o intuito de fazê-lo se sentir bem a respeito do Brasil. Isso é escapismo puro, uma maneira fácil de tentar acabar com as próprias frustrações. Já que você acha que aqui no Brasil as coisas estão tão boas a ponto de fazer com que Liechtenstein seja uma droga desprezível, ótimo. Você certamente deve se sentir bem por saber que vive em um país em que a propriedade é respeitada e cujas reformas liberais são facílimas de serem feitas. "Liechtenstein? Não, aquilo ali não me interessa. Muito socialista."
  • anônimo  10/11/2012 01:58
    "Sobre Hong Kong, mesmo que fosse verdade se tratar de "um lugar dominado e governado por comunistas do PC chinês" (o que não é), ainda assim seria invejável. Troco aqueles "comunistas" por todos os petistas e tucanos daqui sem titubear. E você? " Qualquer um trocaria mesmo pq até o Maluf é mais comunista que o PT e Lula ehehehe
  • anônimo  10/11/2012 02:02
    "Sobre Cingapura, mais conversa fiada. O governo possui dois fundos de investimento: a Temasek Holdings (com míseros 380 funcionários), que compra ações de várias empresas asiáticas, e a Government Investment Corporation, que investe as reservas internacionais do país. Compare isso ao Brasil: aqui, o Tesouro e o BNDES dão dinheiro subsidiado para seus empresários favoritos e o Banco Central investe suas reservas internacionais comprando títulos americanos que pagam 0,25% ao ano. Muito bom." Tudo bem, mas o governo continua controlando mais de 60% das açoes das empresas. Pra mim isso é comunismo disfarçado, se pra vc é liberalismo, ok.

    "Eu troco Guido Mantega, Tombini e todos os burocratas do BNDES por aqueles 380 cingapurianos. E você?" Estatistas por estatistas, 6 por meia duzia, mas o caso é que Singapura é uma ditadura e acredite..... o povo leva chibatadas como pena por delitos veja: www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100625_cingapurapichador_cp.shtml
  • Luis Almeida  10/11/2012 05:51
    Existe uma diferença entre ser dono de ações e controlar empresas. No Brasil, o governo é dono de quase todas as grandes empresas (por meio do BNDES) e efetivamente diz o que os gerentes dessas empresas devem fazer, no que devem investir e se podem demitir ou não. O governo de Cingapura faz isso com as empresas de lá? Mais ainda, faz isso com as empresas de outros países das quais seu fundo de investimentos também possui ações? Se sim, gostaria de saber mais a respeito.


    Quanto à notícia das chibatadas, seu horror a isso mostrou bem como você é relativista. Um vagabundo foi merecidamente condenado e punido por ter depredado propriedade alheia. Isso mostra que o país não tolera ataques à propriedade. Você achou muito "forte". Eu achei até muito brando. Fico imaginando o que fariam com um MST em Cingapura...
  • Tiago RC  10/11/2012 06:06
    Espera lá, Luis.

    Chibatadas, com possibilidade de lesões permanentes, e cinco meses ou multa >R$2,5k como punição por pichar muro é totalmente, absurdamente desproporcional.
    Como libertário, você deveria reconhecer o princípio da punição proporcional. Não é porque em Singapura existe mais liberdade econômica que você deve fechar os olhos quando o governo lá comete uma atrocidade dessas.
    Uma punição justa seria obrigá-lo a repintar o muro, mais uma indenização proporcional ao desgaste causado, por exemplo. Agressões físicas e sequestro só seriam cabíveis em casos extremos de resistência.
  • Luis Almeida  10/11/2012 06:19
    Três chibatadas deixarão alguém com lesões permanentes? Puxa... Ademais, você já deveria saber que a imprensa sempre exagera as notícias para ganhar atenção. Duvido muito que seja isso. De resto, libertários não defendem "punição proporcional". Não é "olho por olho"; é "dois olhos por um olho". Justamente para deixar claro para meliantes futuros que não haverá nenhuma condescendência para agressões contra a vida, a propriedade e a liberdade.

    A sua punição sugerida -- "repintar o muro, mais uma indenização proporcional ao desgaste causado" -- apenas leva as coisas de volta ao seu estado original. É como dizer que se eu queimar a sua casa, minha única punição deve ser reconstruí-la para você. Não. É preciso algo além da reparação, não apenas para compensar todos os prejuízos das vítimas, como também para desestimular o meliante a voltar a praticar crimes. Dois olhos por um olho.

    P.S.: essa minha análise é neutra em relação ao fato de que quem fez isso foi o governo de Cingapura. Estou analisando a justiça da punição e não o agente que a concebeu.
  • Tiago RC  10/11/2012 06:45
    Eu deixei claro: repintar o muro (ressarcimento), mais uma indenização proporcional ao desgaste causado (indenização). Ou seja, "pintar dois muros" ou pagar o equivalente a pintura de dois muros. Tanto o ressarcimento quanto a indenização são proporcionais.

    O que o governo de Singapura fez não foi dois olhos por um olho, foi dois olhos por um fio de cabelo.

    Você realmente vai defender cinco meses de sequestro + agressões físicas por uma simples pichação de muro??
  • Luis Almeida  10/11/2012 07:04
    Primeiro que não foi um muro, mas sim um trem. Segundo, realisticamente, o meliante não possui essa habilidade (ele vai trocar um vagão de trem?). Terceiro, enquanto tal vagão de trem é reparado, outro vagão terá de ser utilizado. Os custos impostos aos cidadãos de Cingapura não serão baixos, creia-me.

    Lamento, mas eu trabalho com a realidade. E de nada adianta usar tons emotivos, dizendo que o meliante foi "sequestrado". Dado que ele não pode trocar um vagão de trem, e certamente não tem dinheiro para isso, ser encarcerado por cinco meses é algo pra lá de brando. Outra opção seria fazê-lo trabalhar para construir outro vagão de trem. Você certamente diria que isso é escravidão. Ou seja, no final, você apenas queria que o mochileiro fosse solto, mesmo.
  • Tiago RC  10/11/2012 09:11
    Luis, pichar um vagão de trem não o destrói, não exagera. Basta repintar. Ou talvez nem repintar precise, um solvente pode bastar dependendo do caso. E o serviço não precisaria ser interrompido, poderia ser executado à noite por ex.
    E mesmo que ele tivesse completamente destruído o vagão, a punição obviamente teria que ser maior, mas poderia ficar restrita a ressarcimento + indenização monetária. Nenhuma necessidade de suprimi-lo de sua liberdade e mantê-lo em cativeiro por meses, já que ele não fez isso a ninguém, tampouco representa um perigo enorme ou algo do tipo.

    E sobre "E de nada adianta usar tons emotivos, dizendo que o meliante foi "sequestrado"", por favor, sem hipocrisias. No seu (belo) texto contra a ANVISA criticando (corretamente) o roubo que eles lhe praticaram, você não hesitou em usar tons emotivos. Não me venha com double standards.
    Prender alguém == sequestrar. Em alguns casos o sequestro pode ser legítimo. Certamente não é o caso quando se trata de punir uma banal pichação.
  • anônimo  10/11/2012 10:14
    'No seu (belo) texto contra a ANVISA criticando (corretamente) o roubo que eles lhe praticaram, você não hesitou em usar tons emotivos. Não me venha com double standards.'

    Sério que você não entende a diferença?
    O cara que teve a creatina roubada não tinha feito NADA. Já o outro foi mecher com a propriedade alheia sabendo que existia punição

  • Neto  10/11/2012 08:19
    'Você realmente vai defender cinco meses de sequestro + agressões físicas por uma simples pichação de muro??'

    Vamos parar com essa frescura de ficar defendendo vagabundo. Disso o mundo já está cheio e nunca deu em nada bom.
    Nem que fosse dez meses, e daí? Você acha demais? Então não piche ora bolas.
    Isso aí é como reclamar das regras que o dono da casa faz na casa dele.
    A casa é dele!

    Uma das poucas coisas que eu admiro nos orientais é que eles ainda não foram contaminados pelo lixo ocidental made in escola de frankfurt: se o cara estuprou, roubou, matou: nossa, coitadinho do bixim, é uma vítima da sociedade
  • Tiago RC  10/11/2012 09:38
    @Neto, uai, não era você que venerava Rothbard como um messias infalível? Por que agora está ignorando as corretas asserções desse autor sobre a importância da proporcionalidade na hora de punir criminosos?

    Ou você vai querer realmente defender que cinco meses de cativeiro somados a violentas agressões físicas são proporcionais a uma pichação?


    Pessoas, se vocês realmente querem defender uma ética objetiva de direitos de propriedade, entender e respeitar a proporcionalidade da punição é fundamental.
    Qualquer análise estrita dos direitos a propriedade nos leva a conclusão de que todo mundo poderia vir a cometer múltiplas violações dos direitos alheios diariamente. Esbarrar em alguém na rua implica em contato com o corpo de alguém (propriedade) sem autorização. Até mesmo emitir sons (falar) que toquem e alterem o estado do tímpano de alguém pode ser interpretado como uma violação dos direitos alheios.
    É justamente o princípio da punição proporcional que faz com que, na prática, não tenha cabimento tratar tais ações como agressões de fato. Você quer punir alguém por ter te esbarrado? Esbarre nele de volta (duas vezes, se quiser levar ao pé da letra). Qualquer coisa além disso é demais. Ou seja, seria tão ridículo que não tem cabimento perder tempo. Logo, todo mundo consente. Com consentimento, não há crime.
    Esse princípio também serve para coisas potencialmente mais graves, como por ex., dar palmadas numa criança. É uma violação dos direitos da criança? Sim. Há alguma punição prática cabível? Não muito - a não ser que você ache cabível dar palmadas nos pais.

    E, finalmente, sobre "Isso aí é como reclamar das regras que o dono da casa faz na casa dele.
    A casa é dele!
    "
    Isso só estaria correto se:
    * O estado de Singapura fosse o proprietário legítimo daquele território, o que não é o caso.
    * Todas as partes envolvidas concordarem explicitamente com um contrato estipulando tais regras punitivas mais severas do que o que a ética por si só permitiria. Obviamente que o estado de Singapura não está em posição eticamente legítima de assinar tal contrato já que ele sequer está em posição eticamente legítima de existir. Logo, mesmo que o "meliante" tenha assinado um tal contrato, ele seria de valor nulo - e não acredito que tenha assinado. E, aliás, pelo que entendi da teoria rothbardiana dos contratos, se for levá-la a risca, um contrato estipulando uma punição mais severa do que o que a ética permitiria não poderia ser enforced. A pessoa recebendo a punição extra-severa poderia interromper o contrato antes, pelo que entendi da teoria de Rothbard. Alguém me corrija nesse ponto se estiver enganado, por favor.


  • anônimo  10/11/2012 10:12
    Desculpe, Tiago, mas não havia nada de "proporcionalidade" na posição de Rothbard. Ele era intransigente neste quesito:

    "Enquanto isso, o resto de nós pode usufruir a pena capital que gostaríamos de aplicar, livres da interferência de esquerdistas inoportunos e intrometidos".

    www.mises.org.br/Article.aspx?id=727

    Libertários que defendem frouxidão nas punições contra a vida e a propriedade estão fazendo o jogo dos progressistas relativistas. Um erro sem retorno.
  • Tiago RC  10/11/2012 10:23
    Caramba anônimo, você sequer leu o texto que você linkou? Ele é explícito quanto à proporcionalidade!

    Copiando e colando do texto citado:

    Creio que os instintos do público estejam corretos quanto a esse quesito: ou seja, que a punição deve ser de acordo com o crime; que a punição deve ser proporcional ao crime praticado.
    (...)
    Porém, se A perde seu direito de ter $10.000, deveria B, a vítima, também ter o direito de executar A pelo seu crime? É claro que não, pois desta forma a punição seria grosseiramente desproporcional.
    (...)
    Mas e quanto a crimes como homicídio? Neste caso, em minha opinião, o assassino perde precisamente o direito do qual ele privou outro ser humano: o direito de ter sua vida preservada e protegida da violência de outra pessoa. O assassino, portanto, merece ser morto em troca.
  • anônimo  10/11/2012 10:45
    Tiago, Rothbard está aí falando que roubo não deve ser punido com morte. Duh, é claro, e eu não defendi isso. Estou falando que a punição de quem rouba não pode ser apenas a restituição, mas sim algo (muito) a mais. Isso, no meu entender, é desproporção e eu sou totalmente a favor disso.
  • Luis Almeida  10/11/2012 10:18
    Proporcionalidade já é uma forma de condescendência. Eu roubo R$ 1.000 seus e passo o dia me divertindo na esbórnia enquanto você passa um dia de privações justamente por eu ter tomado seus mil reais. Qual a minha punição? Devolver mil reais? Mil reais e mais algum juros? Saiu barato. Sua situação não melhorou e as privações pelas quais você passou não foram remediadas. Meu incentivos para cometer este crime novamente continuam intactos. Não há nenhum incentivo para que eu seja civilizado.

    Eis aí o perigo do relativismo.
  • Fernando Chiocca  10/11/2012 10:28
    Mas Luis,isso que você descreveu não é proporcional, é, exatamente o contrario de proporcional, é desproporcional.

    E dissuasão, diminuiri incentivos, jamais pode ser tomada por base para uma teoria punitiva. Seria bom dar um relida no [link=www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=17]Punição e proporcionalidade[link]
  • Tiago RC  10/11/2012 10:30
    @Luis,
    "Eu roubo R$ 1.000 seus e passo o dia me divertindo na esbórnia enquanto você passa um dia de privações justamente por eu ter tomado seus mil reais. Qual a minha punição? Devolver mil reais? Mil reais e mais algum juros?"

    De novo, citando Rothbard:

    Se A rouba $10.000 de B, então ele não apenas deveria ser obrigado a devolver esses $10.000 (sendo essa a posição "restitucionista", com a qual a maioria dos libertários concordaria), como também deveria perder o direito de ter $10.000 para si próprio; ou seja, ele deveria ser forçado a pagar à vítima $10.000 por sua agressão.

    Restituição + punição/indenização proporcional ao crime. Se eu te roubo R$1k, tenho que te devolver esse R$1k (e acho justo adicionar aí os custos policiais, tribunais etc que foram necessários para capturar o criminoso), mais uma indenização proporcional ao crime, ou seja, mais R$1k. Total da fatura: R$2k + "custos de captura".
  • Luis Almeida  10/11/2012 10:39
    Perfeito, punição mais restituição, o que serve para coibir os incentivos para crimes futuros. É disso que falo. Concordo plenamente. Agora, se o criminoso não tem o dinheiro equivalente, então outras punições são cabíveis -- como, por exemplo, obrigá-lo a trabalhar até produzir o valor devido. Se ele não tiver tal habilidade, o encarceramento e a privação da liberdade é a solução viável.
  • Neto  10/11/2012 11:12
    Nunca falei nada de messias infalível.Discordo dele Rothbard em um monte de coisas, aborto, etc. Mas quando o assunto é dinheiro, primeiro, o pensamento que eu colei dele nem era só dele, depois é o que a realidade confirma.

    Não estava pensando em Cingapura mas sim no princípio geral.Não gosto desse negócio de
    'se todas as partes concordarem com uma punição maior do que a ética permitiria'
    Ética de quem? Quem é o Deus onisciente que define o que é ético pra todo mundo?

    Por essa tal proporcionalidade, suponha que alguém rouba um pneu do seu carro.Aí ele tem que devolver dois pneus, só que quem disse que o prejuízo real foi esse? Suponha que sua mulher estava grávida, vc precisava levar ela pro hospital, não pôde porque seu carro tava sem pneu, vcs se atrasam e ela acaba morrendo.
    Ou o cara te rouba 10, podia ser o 10 que vc precisaria pra comprar uma máquina pra sua empresa que estava numa promoção por tempo limitado, que faria teu lucro aumentar imensamente. E no fim, você deixou de ganhar 200 e o cara só te devolve 20

    Então, bastaria convencer o juiz do preju real? Mas e se for, ainda, um valor que não dá nem pra provar num tribunal? Tipo, o roubo matou uma oportunidade que um empreendedor acha que pode dar certo mas ninguém mais acredita ?

    Só a vítima sabe qual foi o prejuízo real dela.


  • Luis Almeida  10/11/2012 10:56
    Minha última participação, pois o fim de semana me chama:

    Vamos para o mundo real. Eu roubo o seu Porsche de dois milhões de dólares e o destruo totalmente em uma batida. Qual a minha punição? Já adianto que não tenho dois milhões de dólares para restituir o seu Porsche e muito menos quatro milhões (Porsche destruído mais outro Porsche novo).

    O que fazer? Se o Porsche fosse meu, e dado que não há como reavê-lo, eu defenderia a privação total de suas liberdades. Umas chicotadas também estariam em ordem. A punição alternativa seria colocar você para trabalhar até produzir 4 milhões de dólares...

    Garanto a você que numa sociedade assim a propriedade seria realmente sagrada.
  • anônimo  10/11/2012 08:29
    "No Brasil, o governo é dono de quase todas as grandes empresas (por meio do BNDES) e efetivamente diz o que os gerentes dessas empresas devem fazer, no que devem investir e se podem demitir ou não." Sim, o governo brasileiro é dono da coca cola, pepsi, P&G, Audi, Wolks, Hyundai, GM, Fiat, Walmart.... tudo do governo brasileiro. So nao sei de onde tu tirou esta informaçao amiguinho.
  • Luis Almeida  10/11/2012 08:54
    Eu não sabia que "coca cola, pepsi, P&G, Audi, Wolks, Hyundai, GM, Fiat, Walmart" eram empresas brasileiras. Mas sei que Vale, Embraer, todas as do Eike, as principais redes de supermercado nacionais, as aéreas, as siderúrgicas, as mineradoras e até mesmo as estrangeiras telefônicas têm o BNDES entre seus acionistas e fazem exatamente o que o governo manda.

    Acorde para a realidade, estude e volte aqui apenas quando souber diferenciações básicas, estágio esse ainda bastante distante de seu intelecto.
  • Eduardo  08/11/2012 08:24
    Se você é daqueles que acha que monarquia é tirania, e democracia é liberdade, isso foi resultado de muita propaganda nas escolas aprovadas pelo governo.
    O Hoppe tem outros textos explicando melhor esse tema da monarquia.


    Outra coisa interessante,
    "It seems that - to quote a few instances - monarchs such as Louis XIV, Frederick II, or George II are genuine liberals by modern standards. None of the aforementioned could have issued a decree whereby he drafted all male subjects into his army, a decree regulating the diet of his citizens, or one demanding a general confession of all his economic activities from the head of each household in the form of an income tax declaration. We had to wait for the democratic age to see conscription, proihibition, and modern taxation made into laws by the people's representatives who have much greater power than even the absolute monarchs of old dreamed of."
    Erik von Kuehnelt-Leddihn

    Tiranias impensáveis numa monarquia absolutista são colocadas como brincadeira numa democracia. Alistamento militar obrigatório, regulamentações na nossa dieta, confessar todas as atividades econômicas pro governo, enfim...
    Quem vive numa democracia sequer ficaria surpreso se o governo proibisse fast food ano que vem, por exemplo.

    Quanto à liberdade que você duvidava de Liechtenstein, só pra citar algumas, eles não têm taxas de importação, os negócios e indústrias nunca receberam subsídios, o imposto de renda do cidadão médio é 1,2% e o imposto sobre vendas é 0,9%, o governo sempre gasta menos do que arrecada e sua dívida é literalmente zero.

    Eles até reconhecem a união de homossexuais, enquanto os "democratas da liberdade" ainda estão se aglomerando em gangues de linchamento pra votar contra ou em favor sobre os relacionamentos pessoais dos outros. Idealmente o casamento deveria ser desestatizado, e não assunto do estado ou de votos democráticos.

    O porte de armas é permitido pra defesa pessoal, não existem leis contra discriminação no mercado de trabalho, a taxa de inflação é baixíssima (por volta de 1,6% todo ano, e já chegou a -1,1% em 2009)

    A idéia de que uma monarquia é muito tirânica, e que passar as decisões pro povo são libertadoras é bem errada.
    Nunca duvide da capacidade dos seus conterrâneos em uma democracia votarem pra arrancarem suas liberdades e propriedades de forma que monarcas jamais sonhariam em fazer.
  • Inacio Mota  08/11/2012 03:41
    O Liber não é a solução. O próprio Hoppe fala nisso nessa entrevista. Um partido político libertário é uma contradição em si mesmo.
  • André Oliva  08/11/2012 04:30
    Inácio, ficar apenas divulgando o ideal da liberdade é muito menos eficaz do que o partido político libertário. É de extrema ingenuidade do Hoppe (pois é, ele assumiu que já foi marxista, ele tem uma mente ingênua. Brilhante, porém ingênua na sua natureza. Isso é normal nas pessoas honestas)achar que as pessoas vão passar a ignorar o governo, baseadas na educação. Quem já passou pela experiência de tentar passar um artigo do Mises para um amigo ler, sabe do que estou falando. Pessoas diplomadas com preguiça de ler e de pensar são a regra, não a exceção. Mesmo que todos fossem muito bem educados na ética libertária, mesmo assim não é possível ignorar um agente da receita federal. O Irving Schiff tentou argumentar neste sentido, veja onde ele está agora.\r
    O mais sensato é atuar em todas as frentes. Na intelectual, como defendo o Hoppe. Na política, como defende o Liber. A partir de qual situação seria mais fácil as pessoas aplicarem a lógica da secessão total? A partir de um governo que toma metade da riqueza das pessoas, ou de um governo que toma 3% da riqueza das pessoas? Um governo com monopólio de emissão de moeda ou um sem este monopólio? Qual governo teria melhores condições de empreender uma guerra contra a secessão de uma grande cidade? O gigante ou a minarquia?\r
    Infelizmente o caminho é muito longo, mas de modo geral, para chegar do 50 pro 0, precisa passar pelo 20, 10, 5, 2...\r
    A menos que todo mundo resolva pegar em armas e tomar Cuba ou outra ilha de assalto e instituir como lei número 1: não-iniciação de agressão. Art 1o: quem tomar qualquer atitude no sentido de formar um governo ou obrigar as pessoas a participar de qualquer empreendimento será fuzilado. Lei número 2: quem quiser revogar a lei número 1 será jogado a 100 km da costa marítima. e por aí vai... vejo apenas este caso como uma situação onde não precisa passar por todas as fases: governo-gigante, governo grande, governo pequeno, minarquia...\r
    Enfim, brincadeiras à parte, o Liber é a melhor iniciativa que já vi neste país. ("Nunca antes nesse país", rs...)
  • anônimo  08/11/2012 05:23
    Não, o liber é uma perda de tempo, nós não vamos ser a maioria NUNCA, não vamos eleger ninguém nunca, ainda mais aqui onde a compra de votos já foi legalizada há mto tempo

    Até nos states a última esperança de liberdade pela política acabou de ser enterrada.
    Quem elegeu o Obama foi o pessoal do bolsa esmola de lá.

  • André Oliva  08/11/2012 04:32
    O Liber não é a solução, mas é parte dela.
  • anônimo  08/11/2012 05:26
    Só se for como ferramente de divulgação. Que era o objetivo real do Ron Paul.
  • PESCADOR  08/11/2012 06:41
    Exato. E seria uma gigantesca ferramenta de divulgação da liberdade e da Escola Austríaca. Já imaginou um candidato a presidência pelo LIBER defendendo o fim dos impostos? Seria criticado pela mídia, por estatistas e petistas em geral, mas chamaria atenção de muitas pessoas para lerem sobre a Escola Austríaca. Seria um bom "marketing". Cito o exemplo de impostos, mas há várias coisas que poderiam ser defendidas por um hipotético candidato libertário que ajudariam a divulgar esses ensinamentos.
  • Miqueias  09/11/2012 16:25
    É claro que o se o Liber começar propondo tudo que deseja logo de cara não vai eleger ninguém. É difícil para todos que viveram a vida toda com tão pouca liberdade, como temos aqui no Brasil, entender como seria bom viver com mais liberdade. Eu mesmo, que descobri o IMB a pouco tempo, tenho dificuldade para aceitar algumas coisas.
    A maioria das pessoas não acredita que precisamos do estado porque são más, ou porque são preguiçosas e gostam de depender dele, mas porque foram ensinadas desde pequenas que o estado deve prover saúde, educação segurança, etc. Ou que os ricos explorariam os pobres, se estes não tivesse o estado para protege-los.
    Depois de passar anos aprendendo que precisamos do estado para tudo, e vivendo sobre interferência do estado em todas ar áreas, é difícil entender e aceitar que ele deve ser totalmente restrito ou talvez que ele nem devesse existir. Isso me lembra um pouco o mito da caverna, de Platão.
    Porém se vocês continuarem tratando a ponta-pés as pessoas que passam por aqui e comentam defendendo o estado, vocês nunca convencerão ninguém. Ou se o Liber tratar os eleitores como vocês tratam os defensores do estado aqui, não vai eleger ninguém nem como presidente de associação de moradores.
  • Marc...  25/09/2013 14:11
    Second California County Votes For Secession! A Third County Prepping to Join!
    thelibertarianrepublic.com/second-california-town-votes-secession/#.UkLoNMaceex
  • thiago mota  13/11/2013 21:33
    Mto bom! Claro e objetivo - como todo bom austríaco! Fala de LÓGICA, propriedade que todo ser humano em condições naturais é dotado, e por vezes a usa pra contrariá-la...
  • Tiago RC  16/06/2014 13:27
    Queria compartilhar esse texto com outros leitores do Mises, acho que a seção de comentários desse artigo é provavelmente o lugar mais indicado: Liberty And Austrian Economics In The Principality Of Liechtenstein


    A conclusão que eu tiro disso é que o príncipe de Liechtenstein é ancap, embora ele não possa dizê-lo abertamente devido ao posto que ocupa. Defender o direito à secessão individual (coisa que ele tentou incluir na Constituição do país, mas foi barrado pelo parlamento) é, ao meu ver, equivalente a ser ancap/voluntarista.
  • Raphael  29/10/2014 18:52
    Gostei muito do artigo. Em especial dessa parcela referida por alguns aqui que trata do aprimoramento da liberdade em países de menor dimensão territorial. No entanto, quanto a este mesmo aspecto fiquei com uma dúvida. No cenário em que o mundo fosse dotado de uma infinidade de pequenos países, isso não fortaleceria o poder de influência de multinacionais, que passariam a ter a seu favor o poder que antes era prerrogativa dos grandes estados? Como não virar refém de interesses de multinacionais que porventura se tornem inescrupulosas e poderosas?
  • Andre Cavalcante  29/10/2014 20:27
    Tava demorando...

    É mais ou menos um por semana que aparece no site, de paraquedas, que vem com essa de multinacionais poderosas que tem poder maior que o estado...

    Primeiro: a ideia é essa mesma que os estados sejam bem pequenos...

    Segundo: é só olhar a história: quantas gigantes você conhece que viraram farofa em questão de anos? a IBM ia virar farofa quando mudou tudo, de dentro pra fora e hoje não nem de perto o que já foi no passado; a toda poderosa Nokia, hoje não tem mas nem a marca, a Microsoft tá mudando tudo; a Fuji Filmes, outrora a meca da tecnologia de fotos, tem que correr e muito atrás dos outros... E isso só na área de tecnologia e dentro de menos de 30 anos. Você se lembra dos nomes dos grandes ricos da Forbes na década de 80? Eu também não, mas tenha certeza de que nenhum dos atuais grandes ricos estavam lá - Não tenho certeza do percentual correto, porque li isso há vários anos atrás, mas um cara nos EUA havia feito uma pesquisa sobre a quantidade de empresas que haviam sobrevivido desde os anos 1900 até aquele ano do trabalho e dava que algo em torno de 90% delas haviam fechado! Isso significa que grande ou pequeno, se o mercado é livre, então é bem difícil a vida de qualquer empresa, e há mais probabilidade dela fechar do que se manter, em qualquer tempo.

    Terceiro: se a empresa A influencia o país X, a empresa B também pode influenciar, de forma que o equilíbrio, ao menos do ponto de vista de X se mantém. A concorrência então vale pra todos. Mas, qual é mesmo o problema com a influência de uma multinacional em um pequeno país? Eles vão poder forçar a população a comprar somente os seus produtos? Não, pois o governo não tem polícia suficiente para impor tais coisas. Vão poder fechar grandes acordos com o governo para grandes obras de infraestrutura? Não, porque o governo não tem tanto dinheiro para grandes obras. Vão pagar funcionários para fazer loby no Congresso? Respondo com outra questão: para quê? Essas coisas somente acontecem em países grandes e com governos gordos e corruptos, assim como o nosso.

    Quarto: cansei - outros podem completar.

    Abraços
  • Raphael  02/11/2014 13:41
    Caro Andre Cavalcante,

    Não sei se agradeço a sua resposta (pois de fato eu ainda não a li por completo, já que logo no início vi um pouco da moral de quem escrevia descredenciando o restante), mas gostaria de te perguntar: Você sempre responde a dúvidas sinceras de pessoas que vem até esse espaço querendo aprender com esse grau de estupidez e satirismo?

    Tenho me interessado bastante por aprender sobre a escola austríaca e sobre liberdade econômica em sua essência, embora eu realmente esteja no início desse caminho. Fazer perguntas nesse site me parece ser uma boa forma de saber mais a respeito, essa foi a primeira que fiz mas, apesar de correr o risco de receber respostas como esta sua, minha vontade de aprender vai me fazer continuar perguntando, com certeza!

    Uma das coisas que já aprendi sobre esses movimentos de ampliação da liberdade é que eles estão diretamente relacionados com um engrandecimento moral da humanidade. Pense nisso, antes de se julgar tão esclarecido a ponto de reclamar das perguntas alheias...

  • Andre Cavalcante  03/11/2014 20:53
    Caro Rafael

    Perdoe-me se pareci "estúpido" e "sarcástico".

    Mas, preste bem atenção em como respondi:

    * Não reclamei da sua pergunta, apenas reportei que ela é bastante comum. E como!
    * Dei três respostas que respondem à sua indagação. Todas elas completas e bem educadas. A quarta e demais deixei para os colegas com mais tempo que eu.
    * Costumo usar muito o site e, se você se der ao trabalho de coletar algumas das discussões, verá o nível de discussões que já participei e como eu respondo.
    * Não, não fui sarcástico com você. Já fui até mesmo com outros. Novamente, se for olhar o histórico de discussões e comentários perceberá quando realmente sou sarcástico.
    * E não, não sou tão esclarecido. Se o fosse não estaria aqui!

    E, principalmente, você poderia ter aproveitado para aprofundar a discussões sobre as multinacionais, se realmente quer continuar a estudar esse ponto, mas perdeu algum tempo precioso simplesmente com mi-mi-mi (sobre tolerância e pluralismo, que é como você reagiu, veja este: www.mises.org.br/Article.aspx?id=320).

  • Igor  02/12/2016 18:02
    Como fala o professor Hoppe, secessões ilimitadas levam ao aumento da liberdade (e ele cita pequenos estados como exemplo).

    Dito isso, digamos que os estados do Estados Unidos iniciassem sucessões e, consequentemente, o financiamento (orçamento) do governo federal americano reduziria drasticamente, incluindo os gastos militares.

    Ao mesmo tempo, o poder militar da Rússia e da China ainda continuaria grande.

    Diante disso, os estados separados americanos não ficariam "ameaçados" pelo poder bélico da Rússia e da China?

  • Max  02/12/2016 18:16
    Tipo, igual acontece com a minúscula suíça, com a qual ninguém ousa se engraçar?

    www.mises.org.br/Article.aspx?id=975
  • Igor  02/12/2016 18:37
    Obrigado pela resposta e pela indicação do artigo.
  • Mamede Ximenes  08/06/2020 23:51
    "Inflação monetária é o equivalente a roubo e confisco de renda, e os governos dos países 'em desenvolvimento' possuem o histórico de serem os piores agressores à segurança monetária de cidadãos e investidores."


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