quarta-feira, 20 nov 2019
Há
tantas falácias ditas sobre raça, que é difícil escolher qual é a mais
ridícula. No entanto, uma falácia que
costuma se sobressair é aquela que afirma haver algo de errado com o fato de
que as diferentes raças são representadas de forma numericamente desproporcional
em várias instituições, carreiras ou em diferentes níveis de renda e de feitos
empreendedoriais.
Cem
anos atrás, o fato de pessoas de diferentes antecedentes raciais apresentarem
taxas de sucesso extremamente discrepantes em termos de cultura, educação,
realizações econômicas e empreendedoriais era visto como prova de que algumas
raças eram geneticamente superiores a outras.
Algumas
raças eram consideradas tão geneticamente inferiores, que a eugenia foi
proposta como forma de reduzir sua reprodução. O antropólogo Francis Galton chegou a exortar "a gradual extinção de uma
raça inferior".
E
as pessoas que diziam essas coisas não eram meros lunáticos extremistas. Muitos deles eram Ph.D.s oriundos de várias
universidades de ponta, lecionavam nas principais universidades do mundo e eram
internacionalmente reputados.
Reitores
da Universidade de Stanford e do MIT estavam entre os vários acadêmicos
defensores de teorias sobre inferioridade racial — as quais eram aplicadas
majoritariamente aos povos do Leste Europeu e do sul da Europa, uma vez que, à
época, era dado como certo o fato de que os negros eram inferiores.
E
este não era um assunto que dividia esquerda e direita. Os principais proponentes de teorias sobre
superioridade e inferioridade genética eram figuras icônicas da esquerda, de
ambos os lados do Atlântico.
John
Maynard Keynes ajudou a criar a Sociedade Eugênica de
Cambridge. Intelectuais adeptos do socialismo fabiano,
como H.G. Wells e George Bernard Shaw, estavam entre os vários esquerdistas
defensores da eugenia.
Foi
praticamente a mesma história nos EUA. O
presidente democrata Woodrow Wilson, como vários outros progressistas da época,
eram sólidos defensores de noções de superioridade e inferioridade racial. Ele exibiu o filme O Nascimento de uma
Nação, que glorificava a Ku Klux Klan, na Casa Branca, e convidou
vários dignitários para a sessão.
Tais
visões dominaram as primeiras duas décadas do século XX.
Mudando de lado - mas não para melhor
Agora,
avancemos para as últimas décadas do século XX.
A esquerda política desta era já havia se movido para o lado oposto do espectro
das questões raciais. No entanto, ela
também considerava que as diferenças de sucesso entre grupos étnicos e raciais era
algo atípico, e clamava por uma explicação única, vasta e arrebatadora.
Desta
feita, em vez de os genes serem a razão predominante para as diferenças nos
êxitos pessoais, o racismo se tornou
o motivo que explicava tudo. Mas o
dogmatismo continuava o mesmo. Aqueles
que ousassem discordar, ou até mesmo questionar o dogma predominante em ambas
as eras, era tachado de "sentimentalista" no início do século XX e de "racista"
na era multicultural.
Tanto
os progressistas do início do século XX quanto os novos progressistas do final
do século XX partiram da mesma falsa premissa, a saber: que há algo de
estranho quando diferentes grupos raciais e étnicos alcançam diferentes níveis
de realizações.
No
entanto, o fato é que minorias raciais e étnicas sempre foram as proprietárias
— ou gerentes — de mais da metade de todas as principais indústrias de vários
países. Dentre estas minorias bem-sucedidas,
temos os chineses na Malásia, os libaneses na África Ocidental, os gregos no
Império Otomano, os bretões na Argentina, os indianos em Fiji, os judeus na
Polônia, os espanhóis no Chile — entre vários outros.
Não
apenas diferentes grupos raciais e étnicos, como também nações e civilizações
inteiras apresentaram níveis de realizações extremamente distintos ao longo dos
séculos. A China do século XV era muito
mais avançada do que qualquer país europeu. Com o tempo, no entanto, os europeus ultrapassaram os chineses — e não
há nenhuma evidência de ter havido alterações nos genes de nenhuma destas
civilizações.
Dentre
os vários motivos para estes diferentes níveis de realizações está algo tão
simples quanto a idade.
A média de idade na Alemanha e no Japão é de
mais de 40 anos, ao passo que a média de idade no Afeganistão e no Iêmen é de
menos de 20 anos. Mesmo que as pessoas
destes quatro países tivessem absolutamente o mesmo potencial intelectual, o
mesmo histórico, a mesma cultura — e os países apresentassem rigorosamente as
mesmas características geográficas —, o fato de que as pessoas de determinados
países possuem 20 anos a mais de experiência do que as pessoas de outros países
ainda seria o suficiente para fazer com que resultados econômicos e pessoais idênticos
sejam virtualmente impossíveis.
Acrescente
o fato de que diferentes raças se desenvolveram em diferentes arranjos
geográficos, os quais apresentaram oportunidades e restrições extremamente
diferenciadas ao seu desenvolvimento, e as conclusões serão as mesmas.
No
entanto, a ideia de que diferentes níveis de realização são coisas atípicas —
se não sinistras — tem sido repetida ad
nauseam pelos mais diferenciados tipos de pessoas, desde o demagogo de
esquina até as mais altas eminências do Supremo Tribunal.
Nunca houve igualdade de realizações grupais
Quando
finalmente reconhecermos que as grandes diferenças de realizações entre as
raças, nações e civilizações têm sido a regra, e não a exceção, ao longo de
toda a história escrita, restará ao menos a esperança de que haja pensamentos
mais racionais — e talvez até mesmo alguns esforços construtivos para ajudar
todas as pessoas a progredirem.
Até
mesmo um patriota britânico como Winston Churchill certa vez disse que "Devemos
Londres a Roma" — um reconhecimento de que foram os conquistadores romanos que
criaram a mais famosa cidade britânica, em uma época em que os antigos bretões eram
incapazes de realizar esta façanha por conta própria.
Ninguém
que conhecesse os iletrados e atrasados bretões daquela era poderia imaginar
que algum dia os britânicos criariam um império vastamente maior do que o
Império Romano — um império que abrangeria um quarto de toda a área terrestre
do globo e um quarto dos seres humanos do planeta.
A
história apresenta vários exemplos dramáticos de ascensão e queda de povos e
nações, por uma variada gama de motivos conhecidos e desconhecidos. Mas há um fenômeno que não possui confirmação
histórica, um fenômeno que, não obstante esta ausência de exemplos práticos, é
hoje presumido como sendo a norma: igualdade de realizações grupais em um dado período
do tempo.
As
conquistas romanas tiveram repercussões históricas por séculos após a queda do
Império Romano. Um dos vários legados da
civilização romana foi o alfabeto latino, o qual gerou versões escritas dos
idiomas da Europa ocidental séculos antes de os idiomas do Leste Europeu serem transformados
em letras. Esta foi uma das várias
razões por que a Europa ocidental se tornou mais desenvolvida que a Europa Oriental
em termos econômicos, educacionais e tecnológicos.
Enquanto
isso, as façanhas de outras civilizações — tanto da China quanto do Oriente
Médio — ocorreram muito antes das façanhas do Ocidente, embora a China e o
Oriente Médio posteriormente viessem a perder suas vantagens.
Há
tantas reviravoltas documentadas ao longo da história, que é impossível acreditar
que um único fator sobrepujante seja capaz de explicar tudo, ou quase tudo, do
que já aconteceu ou do que está acontecendo. O que realmente se sabe é que raramente, para não dizer nunca, ocorreram
façanhas iguais alcançadas por diferentes pessoas ao mesmo tempo.
No
entanto, o que mais temos hoje são grupos de interesse e movimentos sociais
apresentando estatísticas — que são solenemente repercutidas pela mídia —
alegando que, dado que os números não são aproximadamente iguais para todos,
isso seria uma prova de que alguém foi discriminatório com outro alguém.
Se
os negros apresentam diferentes padrões ocupacionais ou diferentes padrões gerais
em relação aos brancos, isso já basta para despertar grandes suspeitas entre os
sociólogos — ainda que diferentes grupos de brancos sempre tenham apresentado
diferentes padrões de realizações entre si.
Quando
os soldados americanos foram submetidos a exames
mentais durante a Primeira Guerra Mundial, aqueles homens de ascendência alemã
pontuaram mais alto do que aqueles de ascendência irlandesa, sendo que estes
pontuaram mais alto do que aqueles que eram judeus. Carl Brigham, o pioneiro do campo da
psicometria, disse à época que os resultados dos exames mentais do exército
tendiam a "desmentir a popular crença de que o judeu é altamente inteligente".
Uma
explicação alternativa é que a maioria dos imigrantes alemães se mudou para os
EUA décadas antes da maioria dos imigrantes irlandeses, os quais por sua vez se
mudaram para os EUA décadas antes da maioria dos imigrantes judeus. Alguns anos depois, Brigham viria a admitir
que a maioria dos mais recentes imigrantes havia sido criada em lares onde o inglês
não era a língua falada, e que suas conclusões anteriores, em suas próprias
palavras, "não possuíam fundamentos".
Nessa
época, os judeus já estavam pontuando acima da média nacional dos exames
mentais, e não abaixo.
Se não há igualdade geral de resultados, por que o espanto?
Disparidades
entre pessoas do mesmo grupo, em qualquer área que seja, não são obviamente uma
realidade imutável. Mas uma igualdade
geral de resultados raramente já foi testemunhada em qualquer período da
história — seja em termos de habilidades laborais ou em termos de taxas de
alcoolismo ou em termos de quaisquer outras diferenças — entre aqueles vários
grupos que hoje são ajuntados e classificados como "brancos".
Sendo
assim, por que então as diferenças estatísticas entre negros e brancos produzem
afirmações tão dogmáticas — e geram tantas ações judiciais e trabalhistas por
discriminação — sendo que a própria história mostra que sempre foi comum que
diferentes grupos seguissem diferenciados padrões ocupacionais ou de
comportamento?
Um
dos motivos é que ações judiciais não necessitam de nada mais do que diferenças
estatísticas para produzir vereditos, ou acordos fora de tribunais, no valor de
vultosas somas monetárias. E o motivo de
isso ocorrer é porque várias pessoas aceitam a infundada presunção de que há
algo de estranho e sinistro quando diferentes pessoas apresentam diferentes
graus de êxito pessoal.
O
desejo de intelectuais de criar alguma grande teoria que seja capaz de explicar
padrões complexos por meio de algum simples e solitário fator produziu várias
ideias que não resistem a nenhum escrutínio, mas que não obstante têm aceitação
generalizada — e, algumas vezes, consequências catastróficas — em vários
países ao redor do mundo.
A
teoria do determinismo genético, que predominou no início do século XX, levou a
várias consequências desastrosas, desde a segregação racial até o
Holocausto. A teoria atualmente
predominante é a de que algum tipo de maldade explica as diferenças nos níveis
de realizações entre os vários grupos étnicos e raciais.
Se os resultados desta teoria hoje em
voga gerariam tantas mortes quanto no Holocausto é uma pergunta cuja resposta requereria
um detalhado estudo sobre a história de rompantes letais contra determinados
grupos odiados por causa de seu sucesso.
Estes
rompantes letais incluem a homicida violência em massa contra os judeus na
Europa, os chineses no sudeste asiático, os armênios no Império Otomano, e os
Ibos na Nigéria, entre outros. Exemplos
de chacinas em massa baseadas em classes sociais e voltadas contra pessoas
bem-sucedidas vão desde os extermínios stalisnistas do
kulaks na União Soviética até a limpeza promovida por Pol Pot de pelo menos
um terço da população do Camboja pelo crime de serem pessoas cultas e de
classe média, crime este que era evidenciado por sinais tão tênues quanto o uso
de óculos.
A perseguição liderada pelos intelectuais aos bem-sucedidos
Minorias
que se sobressaíram e se tornaram mais bem-sucedidas do que a população geral
são aquelas cujo progresso provavelmente em nada está ligado ao fato de terem
ou não discriminado as maiorias politicamente dominantes. No entanto, foram exatamente estas minorias
que atraíram as mais violentas perseguições ao longo dos séculos e dos países
ao redor do mundo.
Todos
os negros que foram linchados durante toda a história dos EUA não chegam ao
mesmo número de homicídios cometidos em apenas um ano contra os judeus na
Europa, contra os armênios
no Império Otomano ou contra os chineses no sudeste asiático.
Há
algo inerente aos sucessos de determinados grupos que inflama as massas em
épocas e lugares tão distintos. O que
seria? Esse fenômeno inflama não apenas
as massas, como também leva a genocídios cometidos por governos, como os da
Alemanha nazista ou o regime de Pol Pot no Camboja. Podemos apenas especular as razões, mas não
há como fugir desta realidade.
Aqueles
grupos que ficam para trás frequentemente culpam seu atraso nas malfeitorias
cometidas por aqueles grupos mais bem-sucedidos. Dado que a santidade não é comum a nenhum
ramo da raça humana, é óbvio que nunca haverá escassez de pecados a serem
mencionados, inclusive a arrogância e a insolência daqueles que calham de estar
no topo em um determinado momento.
Mas a
real pergunta a ser feita é se esses pecados — reais ou imaginários — são de
fato o motivo destes diferentes níveis de êxitos pessoais.
O
problema é que os intelectuais — pessoas de quem normalmente esperaríamos
análises racionais que se contrapusessem à histeria das massas —
frequentemente sempre estiveram na vanguarda daqueles
movimentos que promovem a inveja e o ressentimento contra os bem-sucedidos. Tal comportamento é especialmente perceptível
naquelas pessoas que possuem diplomas mas que não possuem nenhuma habilidade
economicamente significativa que lhes permita obter aquele tipo de recompensa
que elas esperavam ou julgavam ter o direito de auferir.
Tais
pessoas sempre se destacaram como líderes e seguidoras de grupos que promoveram
políticas anti-semitas na Europa entre as duas guerras mundiais, o tribalismo
na África, e as mudanças sociais no Sri Lanka, um país que, outrora famoso por
sua harmonia intergrupal, se rebaixou, por influência de intelectuais, à
violência étnica e depois se degenerou em uma guerra civil que durou décadas e produziu
indescritíveis atrocidades.
Intelectuais
sempre estiveram por trás da inflamação de um grupo contra outros, promovendo a
discriminação e a violência física em países tão díspares quanto Índia,
Hungria, Nigéria, Tchecoslováquia e Canadá.
Tanto
a teoria do determinismo genético como sendo a causa dos diferentes níveis de realizações
pessoais quanto a teoria da discriminação como o motivo destas diferenças — ambas contraditórias e criadas por intelectuais — geraram apenas polarizações raciais
e étnicas. O mesmo pode ser dito da
ideia de que uma dessas teorias tem de
ser a verdadeira.
Essa
falsa dicotomia de que uma delas tem de ser a verdadeira deixa aos grupos mais
bem-sucedidos duas opções: ou eles se assumem arrogantes ou se assumem culpados
criminalmente. Da mesma forma, deixa aos
grupos menos exitosos a opção entre acreditar que sempre foram inerentemente
inferiores durante toda a história ou que são vítimas da inescrupulosa maldade
de terceiros.
Quando
inumeráveis fatores fazem com que a igualdade de resultados seja virtualmente
impossível, reduzir estes fatores a uma questão de genes ou de maldade é a
fórmula perfeita para se gerar uma desnecessária e perigosa polarização, cujas
consequências frequentemente são escritas em sangue ao longo das páginas da
história.
Multiculturalismo
Dentre
as várias e ignaras ideias a respeito de grupos raciais e étnicos que polarizaram as
sociedades durante séculos e ao redor de todo o mundo, poucas foram mais irracionais
e contraproducentes do que os atuais dogmas do multiculturalismo.
Aqueles
intelectuais que imaginam que, ao utilizar uma retórica multicultural que
redefine e até mesmo revoga o conceito de atraso, estarão ajudando grupos
raciais e étnicos que ficaram para trás estão, na realidade, levando estas
pessoas para um beco sem saída.
O
multiculturalismo é um tentador paliativo aplicado àqueles grupos que ficaram
para trás porque ele simplesmente afirma que todas as culturas são iguais, ou
"igualmente válidas", em algum sentido vago e sublime. De acordo com este dogma, as características
culturais de todas as etnias e raças seriam apenas diferentes — nem melhores nem
piores.
No
entanto, tomar emprestadas características particulares de outras culturas —
como os algarismos arábicos que substituíram os algarismos romanos, mesmo nas
culturas ocidentais oriundas de Roma — implica que algumas características não
são simplesmente diferentes, mas sim melhores, inclusive os números
utilizados.
Algumas das mais avançadas
culturas de toda a história pegaram emprestados comportamentos e
características de outras culturas; e isso pelo simples fato de que até hoje
nenhuma coleção única de seres humanos foi capaz de criar as melhores respostas
para todas as questões da vida.
Todavia,
dado que os multiculturalistas veem todas as culturas como sendo iguais ou
"igualmente válidas", eles não veem nenhuma justificativa para as escolas
insistirem, por exemplo, que as crianças negras aprendam seu idioma
materno. Em vez disso, cada grupo é
estimulado a se apegar ferreamente à sua própria cultura e a se orgulhar de
suas próprias glórias passadas, reais ou imaginárias.
Em
outras palavras, membros de grupos minoritários que são atrasados
educacionalmente e economicamente devem continuar se comportando no futuro como
sempre se comportaram no passado — e, se eles não conseguirem os mesmos
resultados dos outros, então a culpa é da sociedade. Essa é a mensagem principal do
multiculturalismo.
George
Orwell certa vez disse que algumas ideias são tão insensatas, que somente um
intelectual poderia acreditar nelas. O
multiculturalismo é uma dessas ideias. A
intelligentsia sempre irrompe em
indignação e ultrajes a qualquer "diferença" ou "disparidade" de resultados
educacionais, econômicos ou outros — e denuncia qualquer explicação cultural para
esta diferença de resultados como sendo uma odiosa tentativa de "culpar a
vítima".
Não
há dúvidas de que algumas raças ou até mesmo nações inteiras foram vitimadas
por terceiros, assim como não há dúvida de que câncer pode causar morte. Porém, isso é muito diferente de dizer que as
mortes podem automaticamente ser imputadas ao câncer. Você pode pensar que intelectuais seriam
capazes de fazer essa distinção. Mas
muitos não são.
Ainda
assim, intelectuais se veem a si próprios como amigos, aliados e defensores das
minorias raciais, ao mesmo tempo em que empurram as minorias para a estagnação
cultural. Isso permite à intelligentsia
se congratular e se lisonjear de que estão ao lado dos anjos contra as forças
do mal que estão conspirando para manter as minorias oprimidas.
Por
que pessoas com altos níveis de capacidade mental e de talentos retóricos se
entregam a este tipo de raciocínio deturpado é um mistério. Talvez seja porque elas não conseguem abrir
mão de uma visão social que é extremamente lisonjeira para eles próprios, não
obstante quão deletéria tal visão possa ser para as pessoas a quem elas alegam
estar ajudando.
O
multiculturalismo, assim como o sistema de castas, encurrala e amarra as
pessoas naquele mesmo segmento cultural e social no qual elas nasceram. A diferença é que o sistema de castas ao
menos não alega beneficiar aqueles que estão na extremidade inferior.
O
multiculturalismo não serve apenas aos interesses ególatras dos intelectuais;
ele serve também aos interesses de políticos que têm todos os incentivos para
promover uma sensação de vitimização — e até mesmo de paranóia — entre grupos
de cujos votos eles precisam em troca de apoio material e psicológico.
A
visão multicultural do mundo também serve aos interesses daqueles que estão na
mídia e que prosperam ao explorar os melodramas morais. O mesmo pode ser dito de todos os
departamentos universitários voltados para estudos étnicos e sociais, bem como
de toda a indústria de assistentes sociais, de especialistas em "diversidades"
e da ampla gama de oportunistas que prosperam ao fazer proselitismo racial.
Os
maiores perdedores de toda essa história são aqueles membros das minorias
raciais que se permitem ser conduzidos para esse beco sem saída do
ressentimento e da raiva, mesmo quando há várias outras avenidas de
oportunidades disponíveis. E todos nós
perdemos quando a sociedade fica polarizada.