Neste domingo, dia de 13 de março, aproximadamente
10.000 balões com a frase "Menos Marx, Mais Mises" estarão na Avenida Paulista,
em São Paulo.
O Instituto
Atlantos estará distribuindo este folheto:
E preparou também um guia completo — utilizando artigos
deste Instituto — para explicar sucintamente como as teorias econômicas da
Escola Austríaca enterraram as bases teóricas do socialismo, separando leituras
aprofundadas sobre cada uma destas teorias.
Eis o básico sobre o socialismo, explicado pelos
grandes nomes da Escola Austríaca, que todo leigo inteligente tem de saber.
Ludwig
von Mises
Bem antes de Mises atacar as bases teóricas do
socialismo, socialistas e não-socialistas já haviam percebido que o socialismo
sofria de um grave problema de incentivos.
Se, por exemplo, todos os indivíduos em um sistema
socialista fossem receber uma mesma renda — ou, em sua variante, se todos
fossem produzir "de acordo com suas capacidades", mas recebessem
"de acordo com suas necessidades" —, então, parodiando aquela famosa
pergunta: quem, no socialismo, fará o trabalho de recolher o lixo? Ou
seja, qual será o incentivo para se efetuar os trabalhos sujos? Mais ainda,
quem fará esses trabalhos? Ainda pior: qual será o incentivo para se
trabalhar duro e ser produtivo em qualquer emprego?
No entanto, a singularidade e a crucial importância
do desafio lançado por Mises aos defensores do socialismo é que seu argumento
estava totalmente dissociado desse problema do incentivo. Mises, com
efeito, disse: muito bem, vamos supor que os socialistas tenham sido capazes de
criar um poderoso exército de cidadãos genuinamente ávidos para seguir todas as
ordens de seus mestres, os planejadores socialistas.
Fica a pergunta: o que exatamente esses planejadores
mandariam esse exército fazer? Como eles saberiam quais produtos seus
escravos deveriam produzir? Em qual etapa da cadeia produtiva cada
exército deveria trabalhar? Quanto de cada produto deve ser produzido em
cada etapa da cadeia de produção? Quais técnicas ou quais matérias-primas
devem ser utilizadas na produção como um todo? Qual a quantidade de
matérias-primas a ser utilizada? Onde especificamente fazer toda essa produção?
Como eles saberiam seus custos operacionais ou qual processo de produção é mais
eficiente?
O comitê de planejamento central não tinha como
responder a essas perguntas, pois o socialismo não dispõe daquela indispensável
ferramenta que só existe em uma economia de mercado, e a qual empreendedores
utilizam para fazer cálculos e estimativas: existência de preços livremente
definidos no mercado.
Mises atentou para o fato de que sem propriedade
privada dos meios de produção não há como estabelecer preços no mercado. Se os meios de produção (fábricas, máquinas e
ferramentas) não possuem proprietários definidos (eles pertencem ao estado), então
não há um genuíno mercado entre eles. Se não há um mercado entre eles, é
impossível haver a formação de preços. Se não há formação de preços, não
há cálculo de lucros e prejuízos e, consequentemente, não há como direcionar o
uso de bens de capital para atender às mais urgentes demandas dos consumidores
da maneira menos dispendiosa possível.
Sem preços livres, e sem poder fazer cálculo de
custos, é impossível haver qualquer racionalidade econômica, o que significa
que uma economia planejada é, paradoxalmente, impossível de ser planejada.
Sendo assim, as decisões do comitê central necessariamente
teriam de ser completamente arbitrárias e caóticas. Caso seja aplicado, o
socialismo resultará invariavelmente em uma irracional alocação de recursos na
economia devido ao estabelecimento artificial e arbitrário de preços pela
autoridade governamental, culminando em escassez generalizada de bens.
Consequentemente, a existência de uma economia
socialista planejada é literalmente "impossível" (para utilizar um
termo que foi muito ridicularizado pelos críticos de Mises).
Para estudos aprofundados:
O cálculo econômico sob o
socialismo
Se o socialismo é
economicamente inviável, por que ele dura tanto tempo?
Os anticapitalistas de hoje
continuam ignorando os problemas mais básicos do socialismo
Friedrich
Hayek
Por sua vez, o prêmio Nobel em economia Friedrich
Hayek demonstrou que, no mundo real, a informação está dispersa entre uma
imensidão de indivíduos.
Por isso, somente os indivíduos que possuem esses
fragmentos de informação podem estabelecer uma ordem de mercado espontânea e
descentralizada capaz de suprir as demandas existentes de maneira eficaz,
criando um sistema de preços que coordena as ações individuais das pessoas na
sociedade.
Por exemplo, apenas o proprietário de uma fábrica em
Novo Hamburgo pode saber de detalhes muito específicos sobre as máquinas de sua
linha de produção; é impossível que os planejadores centrais encastelados em
Brasília tenham esse mesmo conhecimento. É impossível que esses
planejadores socialistas encastelados em Brasília tenham como levar em conta
esses detalhes conhecidos apenas pelo proprietário da linha de produção.
E é impossível que, não sabendo destes detalhes,
eles possam planejar "eficientemente" a economia, direcionando, por
meio de decretos, os recursos e os fatores de produção do país para as
finalidades que julgam ser as mais desejadas.
Tentar estabelecer um planejamento central econômico
seria não só uma atitude presunçosa, mas extremamente danosa à sociedade, pois
impossibilitaria que aqueles que possuem de fato as informações fizessem o
melhor uso das mesmas.
Hayek argumentou também que o sistema de preços em
uma economia de mercado pode ser visto como um gigante "sistema de
telecomunicações", o qual rapidamente transmite os fragmentos essenciais
do conhecimento de um ponto localizado até outro. Tal arranjo de
"rede" só funciona bem se não for obstaculizado por uma hierarquia
burocrática, através da qual cada fragmento de informação teria de fluir até o
topo da cadeia de comando, ser processado pelos planejadores centrais, e então
fluir de volta até os subordinados.
Por tudo isso, é impossível que o órgão planejador
encarregado de exercer a coerção para coordenar a sociedade obtenha todas as
informações de que necessita para fornecer um conteúdo coordenador às suas
ordens. O planejador da economia teria de receber um fluxo ininterrupto e
crescente de informação, de conhecimento e de dados para que seu impacto
coercivo — a organização da sociedade — obtivesse algum êxito.
Só que é obviamente impossível uma mente ou mesmo
várias mentes obterem e processarem todas as informações que estão dispersas na
economia. As interações diárias entre milhões de indivíduos produzem uma
multiplicidade de informações que são impossíveis de serem apreendidas e
processadas por apenas um seleto grupo de seres humanos.
Para estudos aprofundados:
O caminho da servidão
O uso do conhecimento na
sociedade
O que é realmente o
socialismo e qual o seu maior problema
Apenas em uma economia de
mercado o planejamento econômico pode funcionar
Eugen
von Böhm-Bawerk
Böhm-Bawerk foi quem, antes de todos, refutou a
famosa mais-valia e todas as demais teorias da exploração que os socialistas tanto
gostam de citar.
O capitalista remunera o trabalhador com $100, esse
trabalhador gera mercadorias, e essas mercadorias são vendidas por $120.
Segundo Marx, esse lucro de $20 só foi possível de ocorrer porque houve uma
parte do trabalho que não foi remunerada pelo capitalista.
Essa diferença seria justamente a mais-valia, que é
a mensuração exata da "exploração da mão-de-obra do trabalhar" — ou
seja, o trabalhador prestou um serviço para o capitalista e não obteve a devida
remuneração.
O que há de errado com essa teoria da exploração de
Marx é que ele não compreende o fenômeno
da preferência temporal, explicado por Böhm-Bawerk.
Você realmente acredita que ter $1.000 hoje é o
mesmo que ter $1.000 apenas daqui a 5 anos (e assumindo zero de inflação de
preços), mesmo que ambos os valores contenham o mesmo tempo de trabalho?
Pois é exatamente esse o raciocínio por trás de toda
a análise marxista da exploração.
Os capitalistas adiantam bens presentes (salários)
aos trabalhadores em troca de receber — somente quando o processo de produção
estiver finalizado — bens futuros (lucros). Existe necessariamente uma
diferença de valor entre os bens presentes dos quais os capitalistas abrem mão
(seu capital investido na forma de salários e maquinário) e os bens futuros que
eles receberão (se é que receberão).
Os capitalistas, ao adiantarem seu capital e sua
poupança para todos os seus fatores de produção (pagando os salários da
mão-de-obra e comprando maquinário), esperam ser remunerados pelo tempo de
espera e pelo risco assumido. Por outro lado, os trabalhadores, ao receberem
seu salário no presente, estão trocando a incerteza do futuro pelo conforto da
certeza do presente.
Os trabalhadores que os capitalistas empregam não
precisam esperar até que os bens sejam produzidos e realmente vendidos para
receberem seus salários. O empregador
"adianta" aos trabalhadores o valor de seus serviços enquanto o
processo de produção ainda está em andamento, precisamente para aliviar seus
empregados de terem de esperar até que as receitas da venda dos produtos aos
consumidores sejam recebidas no futuro.
O fato de o trabalhador não receber o "valor
total" da produção futura simplesmente reflete o fato de que é impossível
o homem trocar bens futuros por bens presentes sem que haja um desconto no
valor. O pagamento salarial representa bens presentes, ao passo que os serviços
de sua mão-de-obra representam apenas bens futuros.
A relação trabalhista, portanto, é apenas uma
relação de troca entre bens presentes (o capital e a poupança do capitalista)
por bens futuros (bens que serão produzidos pelos trabalhadores e pelo
maquinário utilizado, mas que só estarão disponíveis no futuro).
Sem o empreendedor e o capitalista para organizar,
financiar e dirigir o empreendimento, seus empregados não teriam trabalho e nem
receberiam salários antes que um único produto fosse fabricado e vendido.
Segundo Böhm-Bawerk: "Parece-me justo que os
trabalhadores cobrem o valor integral dos frutos futuros do seu trabalho; mas
não é justo eles cobrarem a totalidade desse valor futuro 'agora'."
Para estudos aprofundados:
A teoria marxista da
exploração não faz nenhum sentido
Os economistas austríacos
que refutaram Marx e sua tese de que o trabalho assalariado é exploração
O capitalista possui um
papel insubstituível na economia
Capitalistas e
empreendedores não exploram nenhum trabalhador
A teoria marxista da
exploração e a realidade
Por que a ideia de que o
capitalista explora o trabalhador é inerentemente falsa
Carl
Menger
Menger foi o fundador da Escola Austríaca de
economia, à qual pertenciam os outros três economistas anteriores. Ele foi o primeiro a demonstrar que o valor de
qualquer bem ou serviço é subjetivo, o
que levou à revolução marginalista na economia, resolvendo o paradoxo da água e do
diamante e aposentando a teoria clássica do valor-trabalho.
Marx dizia que o valor de uma mercadoria depende
diretamente da quantidade total de trabalho utilizada em sua produção. Se a
quantidade de trabalho exigida para a construção de uma bicicleta for a mesma
exigida para a fabricação de um bolo, então o valor de mercado da bicicleta
será o mesmo que o do bolo.
Já Menger explicou que o valor de um bem não deriva
da quantidade de trabalho despendida em sua fabricação. Um homem pode gastar
centenas de horas fazendo sorvetes de lama, mas se ninguém atribuir qualquer
serventia a estes sorvetes de lama — e, portanto, não os valorizar o
suficiente para pagar alguma coisa por eles —, então tais produtos não têm
nenhum valor, não obstante as centenas de horas gastas em sua fabricação.
Assim como a beleza, o valor — como diz o velho
provérbio — está nos olhos de quem vê. O valor de um bem é subjetivo: depende
do uso e do grau de importância pessoal (subjetiva) que alguém confere a esse
bem (seja ele uma mercadoria ou um serviço). Se o bem servir para algum
fim ou propósito, então terá valor para ao menos uma pessoa.
Nenhum objeto, seja uma banana ou um automóvel, possui
um valor econômico intrínseco. Ao contrário: somente uma mente humana
pode atribuir valor a estes itens; e somente então podem os economistas
classificar estes itens como sendo bens. Um objeto só é valioso se houver
ao menos um ser humano que acredite que este objeto poderá ajudar a satisfazer
seus desejos subjetivos.
Por exemplo, uma determinada raiz que cure o
câncer. Se ninguém souber deste fato, esta raiz não terá nenhum valor
econômico, e as pessoas não trocarão dinheiro por ela. Consequentemente,
o valor é gerado pelos desejos subjetivos de um indivíduo e por suas crenças
quanto às propriedades causativas de um determinado item.
Portanto, e ao contrário do que diz a teoria
marxista, bens e serviços não têm valor por causa da "quantidade de trabalho"
consumida em sua produção. Já uma determinada habilidade de trabalho pode ter
grande valor caso seja considerada útil (como um meio produtivo) para se
alcançar um objetivo que alguém tem em mente.
Consta que Menger teria enviado sua obra para Marx,
que então teria desistido de publicar os volumes seguintes de O Capital, visto
que toda a base de sua teoria havia desmoronado com a revelação da verdadeira
origem do valor.
Para estudos aprofundados:
A teoria do valor-trabalho ainda assombra a humanidade e segue causando estragos
Menger, o Revolucionário
A utilidade marginal
decrescente é uma lei
A virtude do lucro
Finalmente, um artigo contendo um resumo geral e
cronológico da evolução das teorias de Menger, Böhm-Bawerk, Mises e Hayek
contra o socialismo:
A Escola Austríaca e a
refutação cabal do socialismo