quinta-feira, 16 jun 2016
Digeridos
os mais de 40 fatos
surreais da economia mundial, podemos agora entender o significado e as
implicações do grande experimento monetário do milênio.
A primeira constatação é que os Bancos Centrais
definitivamente mudaram de atitude, postura e propósito. O discurso oficial
pode ser o combate indelével à deflação, mas o objetivo primário é outro: sustentar
a alta dos mercados financeiros e, em especial, o preço dos títulos soberanos.
Muito embora pudéssemos admitir o pretexto oficial
como verossímil — os banqueiros centrais realmente estão preocupados com a
deflação acima de tudo —, a dimensão das intervenções e das distorções é
tamanha, que a dependência das ações dos BCs se acentua a cada dia, levando,
cedo ou tarde, ao cenário em que o mercado financeiro será de fato a principal
preocupação, na prática e na retórica.
Originalmente apenas prestamistas de última
instância, os BCs hoje se tornaram precificadores de primeira instância — from lender-of-last-resort to market-maker of
first resort.
O rendimento dos Treasuries americanos não está alto
ou baixo; está onde a Janet Yellen quer que esteja. O que guia os mercados são
os discursos, ora cifrados, do Fed e do BCE. Não importa mais se a dívida está
aumentando. Importa apenas se os bancos centrais estão injetando mais liquidez.
Há um descasamento entre o preço dos ativos e o
risco subjacente. Os preços já não refletem os fundamentos, mas sim a vontade
dos banqueiros centrais. Os fundamentos foram solapados pela injeção de
liquidez.
E permeando todas as políticas — e de certa forma
até a própria existência — dos Bancos Centrais está a grande arrogância fatal:
a arrogância de que um punhado de burocratas — por mais bem qualificados,
inteligentes e bem intencionados que sejam — possa saber qual o preço correto
da taxa de juros, dos bônus soberanos, das ações ou de qualquer mercadoria no
mercado.
A presunção de crer que preços podem ser
determinados por decreto ou modelos econométricos.
O preço não é um número arbitrário. O preço é parte
essencial em uma economia de mercado. O preço carrega uma miríade de
informações capaz de coordenar a vida em sociedade. Os agentes ajustam seus
comportamentos com base nas informações transmitidas pelos preços. Os
consumidores decidem se devem economizar ou se podem consumir mais; os
produtores, se podem investir e aumentar a produção, ou se reduzem a oferta de
bens no mercado.
Somente um preço livre pode regular a oferta e
demanda. Somente um preço livre pode regular a cooperação social
harmonicamente. Quando o preço não é livre, as informações por ele transmitidas
são adulteradas. Um preço controlado ou deturpado desorienta os agentes,
provocando ou influenciando comportamentos distintos do que seriam em um
ambiente sem intervenção. Distorcer preços significa falsificá-los, e isso tem
consequências não-intencionadas e não de todo previsíveis.
Essas noções são igualmente válidas para o preço dos
ativos financeiros, sejam eles títulos de dívida, sejam ações de empresas. O
preço de um bônus deveria refletir a percepção dos investidores com relação à
qualidade e à saúde financeira do emissor em face da preferência temporal e da
aversão ao risco em dado instante no tempo. A convergência entre os investidores
e os tomadores determina o valor de mercado dos ativos. Dito de outra forma, os
preços dos ativos são formados pelos demandantes e ofertantes de poupança.
Mas quando bancos centrais intervêm no mercado,
comprando bônus e ações sem nenhuma parcimônia, quais informações os preços
desses ativos passam a transmitir? Quando Draghi adquire dívida da Espanha, que
informação o preço do título transmite?
Isso nos traz a uma discussão fundamental: a alta
continuada dos títulos soberanos poderia ser considerada uma bolha? Para Andy
Haldane, diretor executivo de Estabilidade Financeira do Banco da
Inglaterra, não há dúvidas. Em uma audiência do Comitê do Tesouro, em 2013,
Haldane foi assertivo: "Sejamos claros, nós inflamos intencionalmente a maior
bolha de títulos soberanos da história".
Mas poderíamos contra-argumentar com a seguinte
indagação: pode uma bolha durar tantos anos? Afinal de contas, os rendimentos
dos bônus soberanos vêm caindo consistentemente desde o início dos anos 1980,
ou dito de outra forma, os títulos governamentais estão em uma ascensão continuada
há mais de três décadas. Seria razoável uma bolha com mais de 30 anos de alta?
Talvez a alcunha de bolha mereça um refinamento.
Primeiro de tudo, grande parte dos casos históricos
de bolhas de ativos sempre teve como força motriz alguma forma de expansão
monetária, de crédito farto e barato. Mas os "participantes" dos episódios eram,
normalmente, agentes privados. Era o mercado quem comprava e vendia. Os
governos — por meio dos Bancos Centrais — como protagonistas de um processo deliberado
e sustentado de boom em classes
inteiras de ativos é algo inédito na história.
Segundo, em um sistema monetário como o padrão-ouro
— e, em menor medida, até mesmo o sistema de Bretton Woods —, os bancos e os
Bancos Centrais eram impedidos de emitir moeda em excesso devido a um detalhe
simples: a inflação monetária drenava as reservas de ouro dos bancos, pois os
depositantes logo demandavam o resgate em espécie. Encurralado com reservas
insuficientes lastreando os depósitos e os bilhetes emitidos, cedo ou tarde o
sistema bancário tinha de reverter o processo inflacionário de expansão
creditícia. Uma alta injustificável e insustentável nos preços dos ativos não
tardava muito para ser corrigida.
Hoje, contudo, quando analisamos os fundamentos dos
bônus soberanos, nos deparamos com uma série de artifícios impostos pelos
estados que visa a manter um mercado cativo a essa enorme classe de ativos.
Explico.
Para começar, títulos soberanos são os principais
ativos utilizados pelos bancos centrais para fins de política monetária. Isso,
por si só, já assegura uma demanda mínima e relevante para a dívida
governamental.
Além disso, na maioria das jurisdições, os fundos de
pensão, os quais são geralmente os maiores investidores institucionais do
mercado, são obrigados por lei a direcionar uma boa parte dos recursos geridos
à aquisição de títulos do governo. Mais um expediente para propiciar uma
demanda mínima a essa classe de ativos.
E não nos esqueçamos da regulação bancária, encabeçada
pelo Banco de Compensações Internacionais por meio do Comitê da Basileia. Nas
regras de adequação de capital dos chamados Acordos de Basileia,
bônus soberanos com uma boa classificação de risco não requerem nenhum capital.
São ativos que os bancos podem carregar no seu balanço sem nenhuma necessidade
de comprometer capital como colchão de segurança em cenários de stress. Isso
naturalmente estimula o sistema bancário a acumular dívida governamental —
ativos de risco zero ou livres de risco, segundo a regulação bancária —, liberando
capital para investimento em outros ativos.
Esses três fatores já garantem uma forte demanda
pela dívida soberana, e esse estado de coisas vigora há pelo menos 30 anos.
Mas isso não é tudo. Porque, atualmente, além das
circunstâncias acima expostas, temos os Bancos Centrais no mundo desenvolvido
criando moeda em dimensões assombrosas para a aquisição direta de bônus
soberanos ao longo de toda a curva de juros. E o que é pior, prometendo ao
mercado implícita e explicitamente comprar ainda mais títulos de dívida na
quantidade e pelo tempo que forem necessários.
Diante disso tudo, devemos parar e levantar algumas questões
essenciais para reflexão. Por exemplo, por que os agentes ainda investem nesses
ativos, considerando que a situação fiscal em grande parte dos emissores é
preocupante, se não calamitosa? Por causa da liquidez? E quanto da alta
liquidez dos bônus soberanos dependeu ou depende dos três fatores acima
mencionados?
Ou ainda, de que forma as ações inéditas dos bancos
centrais influenciam o comportamento dos investidores? Estes aceitam comprar
bônus com juros negativos porque esperam um longo período de deflação de preços
ou porque esperam revender os títulos por um juro ainda menor em poucos meses,
realizando um belo ganho? O quão determinante ao preço dos ativos é a
capacidade quase ilimitada de emissão de moeda pelos bancos centrais — um
privilégio exacerbado no mundo pós-Bretton Woods?
Com as intervenções sucessivas, os Bancos Centrais
resgatam os mercados ou impedem as correções dos excessos?
E a pergunta derradeira: qual seria o preço desses
ativos em um mercado genuinamente livre e desimpedido, sem interferências das
autoridades monetárias? Qual seria o custo de refinanciamento de Portugal, por
exemplo, sem as intervenções do BCE?
O mercado altista (bull market) dos títulos soberanos que sobrevive há décadas talvez
não siga rigorosamente a definição
clássica de bolha justamente porque ainda não estourou. Mas certamente é um
caso especial de bolha porque: i) os preços dos ativos guardam pouca relação
com os fundamentos; e ii) os grandes compradores são detentores do monopólio de
emissão de moeda com "poder de compra" quase infinito e, precisamente por isso, são capazes de impedir ou adiar o eventual
colapso da bolha.
A sustentação dos ativos em níveis de preço recordes
é fundamentalmente um resultado deliberado dos Bancos Centrais. Que estes
atores são um dos principais propulsores dos títulos soberanos é evidente e
incontestável. Que os investidores não se importem em acumular bônus soberanos
a despeito de todos os fundamentos é plenamente compreensível, dado os
artifícios explicados acima e a forte presença dos BCs como compradores com
poderio ilimitado.
Não fossem todos os incentivos concedidos à dívida
soberana e as recorrentes rodadas de QE, estariam os preços dessa classe de
ativos batendo recorde atrás de recorde? Parece-me pouco plausível.
Outra consequência grave é a forma como uma
distorção nos mercados repercute em todo o restante dos ativos e influencia o
comportamento dos agentes.
Exatamente isso é o que está ocorrendo com os bônus corporativos.
Diante de rendimentos cada vez mais risíveis nos títulos governamentais, os
investidores buscam obstinadamente qualquer papel que possa render um pouco
mais que zero e, com isso, acabam elevando os preços de outros ativos como
dívida corporativa.
Já os empresários, vislumbrando o potencial de
refinanciar a dívida contraída com custos menores, se lançam ao mercado
emitindo mais bônus, saciando o apetite dos investidores. Ou então, levantam
dívida nova para financiar projetos que antes seriam inviáveis ou, pior ainda,
utilizam-se da conjuntura inusitadamente favorável para realizar nada menos que
pura engenharia financeira e turbinar os retornos dos acionistas.
A recente compra da SAB
Miller pela AB InBev é um caso emblemático dessa nova realidade. A
mega-cervejaria entrou para a história ao realizar uma das maiores emissões
corporativas de todos os tempos: captou cerca de US$ 46 bilhões para financiar
a fusão com juros mais do que camaradas. E os analistas já preveem outras
fusões e aquisições bilionárias financiadas com muita alavancagem barata neste
ano.
A verdade é que, com juros próximos de zero, qual empresário não se sentiria atiçado a tomar um pouco mais de risco? Será que uma
transação como a da AB Inbev-SAB Miller teria acontecido em uma conjuntura com
taxas de juros mais normais? É tudo uma questão de incentivos. E os incentivos dados
pelos Bancos Centrais são os mais perversos, com potencial
de desestabilizar os mercados financeiros e a economia como um todo.
Quais
outras alternativas restam aos BCs?
O curioso de todo esse grande experimento monetário é
que, sob a ótica dos próprios banqueiros centrais, tantos estímulos, tantas
compras maciças de ativos, tantas intervenções ainda não foram suficientes para
sanar a economia. O crescimento segue cambaleante, o desemprego preocupa em
muitas nações e a inflação de preços ao consumidor mantém-se longe da meta. A
deflação é, supostamente, o grande mal a ser combatido pelas políticas
monetárias extremadas.
Diante desse diagnóstico — o abismal fracasso de
suas ações —, qual o caminho aventado pelos banqueiros centrais e economistas?
A resposta é teimosamente a mesma: mais expansão monetária, mais QE, mais
intervenções. Retroceder, jamais.
Em essência, todas as novas soluções propostas
indicam nessa direção. Os menos engenhosos sugerem aumentar as compras de
ativos no mercado. Outros defendem a imposição de taxas de juros negativas aos
depositantes no varejo — é preciso incentivá-los a gastar! — e para isso
alegam que a abolição do
dinheiro em espécie é imprescindível.
E ainda há aqueles que realmente pensam fora da
caixa e propõem o chamado "dinheiro de helicóptero", eufemisticamente chamado
de "finanças
monetárias" (monetary finance),
que consiste em creditar as contas dos cidadãos de um país — criar dígitos
eletrônicos nas contas-correntes, impressão de dinheiro na forma moderna —
para estimulá-los a gastar e, com isso, escapar da deflação.
Políticas como essa merecem nada além de escárnio.
Mas a presidente do Fed, Janet
Yellen, discorda e muito embora a considere uma medida extrema, ela "não
pode ser descartada da caixa de ferramentas do Banco Central americano". Essas
afirmações deveriam apavorar qualquer economista sensato.
E aí vem a pergunta: e se tudo isso não der certo? E
se todas essas medidas — por mais estapafúrdias que sejam — forem implantadas
e ainda assim os consumidores não gastarem o suficiente a ponto de escapar da
deflação, alcançando a meta de 2% de inflação ao ano? Quais alternativas
restarão aos BCs?
Se comprar ativos e dar dinheiro à população não
funcionar, a única saída para elevar os preços será os próprios Bancos Centrais
iniciarem uma compra volumosa e direta de bens e mercadorias no mercado. Algo
como uma "Cesta-Básica Purchase Programme", ou "Consumer and Durable Goods Purchase
Programme".
Você acha que enlouqueci? Isso jamais aconteceria?
Que seria uma maluquice completa, não discordo. Mas essa é a consequência
lógica das estratégias de elevação dos índices de preços pelos BCs.
Portanto, não se surpreendam se, em alguns anos, os
economistas começarem a formular teorias mirabolantes com eufemismos criativos para
justificar a aquisição direta de bens pelos Bancos Centrais. Ou, de repente, se
propuserem o corolário dessa política, qual seja, a destruição dos estoques, da
oferta dos bens, exatamente como o Brasil na era Vargas fez com a produção de
café, na vã tentativa de aumentar o preço da commodity que despencava no
mercado internacional. Sandice, sem dúvida, mas nada que não haja um economista
ávido para legitimar.
Onde
isso vai parar? Ou quando isso vai parar?
Não é necessário ser especialista para perceber que
algo está estranho, atípico. Mas é preciso entender economia para concluir que
tudo isso está fundamentalmente errado.
O fato inconteste é que os bancos centrais estão
intervindo, influenciando, distorcendo e adulterando os preços das taxas de
juros e dos ativos financeiros. É a política monetária "não-convencional" a
grande responsável por sustentar os ativos em níveis que desafiam a lógica e o
bom senso.
Não deixa de ser irônico quando apontam o mercado
financeiro como o arquétipo máximo do capitalismo, uma vez que os bancos
centrais estão deliberadamente confundindo ou obstruindo por completo a descoberta
honesta de preços, cujo processo só pode ocorrer em um mercado genuinamente
livre. Porque preço monitorado, controlado ou intervindo não é preço, é apenas
um dado arbitrário.
Nesse arranjo, os grandes beneficiados são os
governos que estão conseguindo um alongamento da dívida sem precedentes e com
juros irrisórios. Emitem dívida longa e travam juros baixos. Mas os bancos
ficam extremamente vulneráveis, pois são eles que carregam uma boa parte dessa
classe de ativos em seus balanços. Em um cenário de juro zero ou negativo,
qualquer mínima elevação pode dizimar o capital de uma instituição financeira.
Logo, para manter o sistema bancário líquido e solvente,
os Bancos Centrais atuam como uma espécie de prestamista de última instância
preventivo: que mantenhamos os preços dos ativos em alta e assim evitamos o
risco de insolvência dos bancos. No fundo, os banqueiros centrais acabam
socorrendo tanto os bancos — que carregam os ativos — quanto os governos —
que precisam se financiar com baixo custo.
Então, as perguntas de trilhões de dólares são: por
quanto tempo mais os Bancos Centrais conseguirão manter essa situação? Até
quando conseguirão manter a ilusão de que tem tudo sob controle? Até quando os
economistas enxergarão a discricionariedade dos Bancos Centrais como uma
virtude e não uma falha? Por quanto tempo mais defenderão a ideia de que
estabilidade de preços ao consumidor é o essencial, independentemente de as
cotações dos demais ativos estarem subindo indefinidamente? Até quando os
banqueiros centrais se aterão à ideia de que suas intervenções no mercado
financeiro não causam sérios desequilíbrios? Por quantos anos mais conseguirão
conter uma reversão desordenada nos preços dos ativos, especialmente nos dos
títulos soberanos?
A resposta cientificamente precisa é: não sei. É o
velho dilema do timing de mercado.
O que podemos prever é que, à medida que o tempo
passa, à medida que as intervenções se agravam, as distorções se acentuam e os
problemas permanecem insolúveis, a confiança dos agentes no sistema vai se
esvaindo.E como todos muito bem sabem, confiança é a palavra-chave.
A confiança que os agentes depositam nas autoridades
monetárias é fundamental para a continuidade desse jogo, mas ela não é
infinita. Passaremos mais duas ou três décadas sem nenhum evento sísmico nos
mercados financeiros, exatamente como acontece no Japão? Francamente, acho que
os banqueiros centrais não dispõem de tanto tempo.
Investidores de peso, como Bill Gross,
também andam extremamente receosos com os excessos dos mercados. Segundo ele,
os yields (rentabilidades) globais
mais baixos dos últimos 500 anos, aliados aos US$ 10 trilhões de dívida em
território negativo, são uma "supernova que explodirá algum dia". Para alguém
da estatura e relevância de Gross, tal afirmação é muito significativa.

Na sua visão, o sistema financeiro está todo disfuncional.
A cada nova intervenção, a cada rodada de compra de ativos, as distorções não
são expurgadas, mas intensificadas. Com o passar do tempo, mais investidores
compartilharão dessa visão.
Mas poderá haver hiperinflação em decorrência desse
experimento, como advertem alguns alarmistas? Não. A expansão creditícia pelo
sistema bancário de reservas fracionárias não é capaz de gerar uma
hiperinflação. Instabilidade, sim. Hiperinflação, não. Colapso total e absoluto
da moeda só é factível em um cenário em que os BCs são nacionalizados e passam
a emitir moeda para financiar os estados diretamente. Ainda estamos longe disso
nos países desenvolvidos.
Em última instância, o que acaba sendo questionado é
a confiança na própria moeda, a confiança na moeda estatal. Embora o cenário de
hiperinflação seja altamente remoto, é inegável que a confiança na moeda vai
sendo minada depois de tantos abusos e arbitrariedades por parte dos bancos centrais.
Logicamente, ativos como o ouro e o Bitcoin passam a ser vistos como refúgios
genuínos, quando não únicos — mas isso é assunto para um outro artigo.
Filosoficamente, até mesmo o conceito de moeda é
posto em cheque. Porque além das utilidades clássicas de "meio de troca,
reserva de valor e unidade de conta", os banqueiros centrais estão adicionando
mais uma: a função de sustentar os mercados financeiros.
Por fim, sobre uma coisa não há a mais mínima
incerteza: os Bancos Centrais são hoje a principal fonte de risco e
instabilidade à economia mundial.