A América Latina está, mais uma vez, demonstrando ao
mundo o veneno social que é o "socialismo democrático", aquela ideologia em pleno vigor na Venezuela
e que, inexplicavelmente, possui cada vez mais adeptos entre os jovens dos
países desenvolvidos. (O socialista
confesso Bernie Sanders conseguiu arrebatar mais de 13 milhões de votos nas
primárias do Partido Democrata).
O socialismo -- seja ele democrático ou ditatorial
-- não é destrutivo apenas para a economia de um país, como a história nos mostrou
repetidas vezes ao longo
do século XX; ele também é inclemente para com a ecologia.
O
socialismo e a ecologia
Após o colapso mundial do socialismo no final da década
de 1980 e início da de 1990, o Ocidente teve a oportunidade de testemunhar abertamente,
pela primeira vez na história, como era tratada a natureza sob um sistema
socialista que havia banido por décadas a busca pelo lucro. Em uma só palavra, era uma catástrofe, como
descrito em detalhes em vários livros com títulos como "Ecocídio
na URSS".
Neste livro, os autores Murray Feshbach e Alfred
Friendly, Jr. fornecem um estudo aprofundado a respeito do "ecocídio"
ocorrido na URSS. Abaixo, uma lista de alguns dos problemas mais proeminentes
apresentados nesta e em outras fontes:
- A
poluição extrema do Lago
Baikal, o mais antigo, o mais profundo e o até então mais limpo corpo
de água doce do mundo. A poluição foi causada por fábricas de papel
e por outras indústrias soviéticas que despejavam resíduos não-tratados no
lago.
- O
quase desaparecimento do outrora vasto mar de Aral, que secou devido ao
desvio de sua água para irrigação, deixando para trás um deserto de sal
envenenado por agroquímicos.
- O
desastre nuclear de Chernobyl em 1986, o pior do mundo, causado não apenas
por erros de operação, mas também por um projeto negligente que não
especificou nenhum recipiente de contenção em caso de acidente. O
acidente nuclear que até então era considerado o pior do mundo àquela
época também havia ocorrido na União Soviética: a explosão de um tanque de
armazenamento de resíduos sólidos no complexo de armas nucleares de Mayak, em
1957, o que dispersou de 50 a 100 toneladas de resíduos altamente
radioativos, contaminando um imenso território a leste dos Urais.
- Desastrosos
incêndios em regiões de turfas nos arredores de Moscou, um legado de
projetos soviéticos mal planejados e mal implantados que tinham o objetivo
de drenar os pântanos locais.
- Enormes
emissões de gases poluentes em decorrência de uma forte dependência de
carvão e de uma matriz energética muito menos eficiente do que as das
economias capitalistas.
- Elevados
níveis de poluição do ar nas grandes cidades, causados por fábricas
próximas a áreas povoadas e que operavam com um mínimo, ou nenhum,
controle de poluição.
- Práticas
agrícolas e florestais destrutivas, levando a uma erosão generalizada e à
destruição de habitats.
O mundo também descobriu que os países socialistas
da URSS, durante várias décadas, despejavam esgoto não-tratado diretamente em
seus rios, lagos e córregos. O Rio
Volga, na Rússia, era tão poluído, que barcos do governo carregavam sinais
alertando contra jogar cigarros na água por medo de que os fortes resíduos químicos
contidos na água pegassem fogo. As fábricas
não tinham absolutamente nenhum tipo de controle de poluição. Cardumes encontrados mortos eram algo
rotineiro. A Academia de Ciências da
Polônia relatou que, já no início da década de 1990, um terço dos poloneses
vivia em áreas classificadas como "desastre ecológico".
Ainda em 1990, os ambientalistas ocidentais noticiaram que cerca de 40% dos cidadãos soviéticos viviam
em áreas onde a poluição do ar excedia de três a quatro vezes o limite máximo
permitido. O saneamento era primitivo. E, onde existia -- por exemplo em Moscou --
não funcionava adequadamente. Metade de todo o lixo sanitário da capital não era
tratado.
Em Leningrado, quase metade de todas as crianças tinham
doenças intestinais em decorrência de beberem água contaminada daquilo que um
dia já havia sido o abastecimento mais puro da Europa.
A candidatura ao prêmio de local mais poluído do
mundo é um dos trágicos legados da União Soviética. Hoje banhado de concreto, o lago Karachai nos montes Urais tornou-se o lixão radioativo
de uma das maiores fábricas soviéticas de armamento nuclear. De 1951 a
1968, o despejo de resíduos nucleares enxugou o lago para um terço do seu
tamanho original. Ao ser dispersada pelo vento, a poeira radioativa do Lago
Karachai contaminou os arredores envenenando cerca de meio milhão de pessoas.
Por isso, decidiu-se cobrir o lago com 10 mil blocos de concreto oco.
Quando Boris Yeltsin permitiu a presença de
cientistas ocidentais no local, no início da década de 1990, noticiou-se que o
nível radioativo nas margens do lago ainda era de 600 röntgens por hora, o
suficiente para matar um turista desavisado em trinta minutos.
Já a China, a outra grande economia socialista do
mundo, também tem a sua longa lista de pecados ambientais. Em grande parte
devido ao uso intensivo de carvão, o país assumiu recentemente a liderança
mundial nas emissões de gases causadores de efeito estufa, apesar de ter uma
economia cujo tamanho absoluto é metade da economia dos Estados Unidos.
Em termos de qualidade do ar, a China tem 16 das 20
cidades mais poluídas do mundo. A poluição da água é um desastre nacional
generalizado. A liderança chinesa na produção de metais raros foi alcançada em
grande parte devido à mineração ilegal, o que causou uma intensa poluição
gerada por metais pesados e um consequente desastre na saúde pública local.
Uma crescente porcentagem de poluentes, do mercúrio à fuligem, que está
sendo observada na costa oeste dos Estados Unidos tem suas origens na China.
Socialismo
versus capitalismo na ecologia
A velha teoria de que a busca pelo lucro em uma
economia sem intervenções estatais é a raiz de toda a poluição foi destruída pelos
próprios países socialistas.
A primeira razão pela qual o socialismo é mais
propenso a desenvolver políticas prejudiciais ao ambiente é que os incentivos
econômicos não funcionam sob uma economia socialista. Em uma sociedade
genuinamente capitalista, em que há respeito à propriedade privada, não apenas
as empresas poluidoras têm de pagar por eventuais danos à propriedade privada
de terceiros, como também as externalidades são plenamente incorporadas aos
preços de mercado. Se o preço da gasolina na bomba refletir integralmente
os custos de oportunidade da poluição e o esgotamento de recursos, então os
motoristas, independentemente da sensibilidade ambiental de cada um deles,
serão forçados a pensar sobre a possibilidade de dirigir menos ou até mesmo de
comprar um veículo mais eficiente.
O mesmo princípio se aplica a usuários de energia
industrial, sejam eles fabricantes de plásticos, agricultores, ou usinas
nucleares.
Já sob o socialismo, os incentivos econômicos para
se combater a poluição não funcionam. Os gestores das indústrias não
apenas são insensíveis a incentivos econômicos para a proteção do meio
ambiente, como também são insensíveis a todo e qualquer tipo de incentivo
econômico. O sistema soviético, por exemplo, não apenas incentivava a
depredação ambiental, como também era esbanjador e gerava desperdícios em todos
os sentidos possíveis. Ele desperdiçava trabalho, capital, energia,
recursos naturais, cimento, aço, carvão, tratores, fertilizantes, madeira, água
-- desperdiçava tudo. Por quê? Porque não havia busca pelo lucro.
O segundo motivo pelo qual o socialismo tende a ser
mais poluidor do que um genuíno capitalismo está relacionado às atitudes
sociais que surgem quando não há direitos de propriedade. Onde há
direitos de propriedade bem definidos, sempre haverá um proprietário que
resistirá à transgressão, seja ela feita por pessoas a pé ou por produtos
químicos nocivos jogados no ar. Sim, é verdade que o sistema judiciário
não funciona perfeitamente. Muitas vezes, os proprietários não conseguem
proteger adequadamente os seus direitos. Mas os direitos existem.
Se não estão sendo impingidos, isso é culpa do estado, que detém o monopólio do
sistema judiciário. Adicionalmente, quando a noção de propriedade privada
se torna generalizada, ocorrendo até mesmo sobre minúsculos pedaços de terra, o
respeito aos direitos de propriedade de terceiros também se torna difuso --
embora, infelizmente, não de forma universal.
Adicionalmente, sob o capitalismo, entidades
ambientais podem utilizar os mecanismos de propriedade privada para proteger
habitats críticos. Veja ótimos exemplos práticos aqui e aqui. Por fim, a
propriedade privada dos meios de comunicação pode sustentar uma voz
independente para mídias alternativas, que podem então divulgar suas causas
ambientais. Até os eco-socialistas desfrutam da proteção da propriedade
privada em seus sites e suas conferências.
Já em um sistema socialista, os produtores detêm o
total controle das alavancas do poder político. Na condição de empresas
estatais, eles não são apenas meros lobistas; eles são parte integrante da
estrutura do governo. Na URSS, por
exemplo, todo o sistema de incentivos da economia soviética, desde o Politburo
até o gerente de uma fábrica local, estava focado em apenas uma coisa: alcançar
as inatingíveis metas de produção do Plano Quinquenal. O ambiente sempre
era a vítima.
Portanto, ao contrário de países capitalistas que
respeitam a propriedade privada -- e que, por isso, responsabilizam
judicialmente os responsáveis pelos danos que causam a terceiros --, nos países
socialistas, os políticos responsáveis pela poluição causada pelas indústrias
nacionalizadas ou pela poluição sofrida por rios, lagos e lagoas (que são de
propriedade do governo) têm pouca ou nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido.
A propriedade estatal dos recursos naturais
significa, com efeito, que ninguém é dono de nada; e se ninguém é dono de nada,
então todos esses recursos serão explorados, abusados e utilizados em
excesso. A ausência de direitos de
propriedade e de um sólido e independente sistema judiciário é uma receita para
o desastre ecológico.
Quando um horrível acidente causou uma letal explosão
em uma plataforma de petróleo
no Golfo do México, a British Petroleum, uma empresa privada, imediatamente
criou um fundo de US$ 20 bilhões, o qual a empresa sabia que teria de utilizar
para pagar pelos estragos.
Em contraste, quando o governo do México provoca
desastres ambientais e humanos muito piores no Golfo do México, ele
rotineiramente nada faz, alegando "imunidade soberana".
Desde 2015, a Pemex, a empresa
petrolífera estatal do país, causou
três catastróficas explosões em suas plataformas de petróleo, resultando em
várias mortes, em muitos feridos, e em severas poluições do ar e do
oceano. O governo mexicano,
inacreditavelmente, alegou que não houve derramamento do petróleo, o que
rapidamente foi desmentido por imagens de satélite mostrando uma mancha de óleo
de quase 5 quilômetros de extensão.
[N. do E.: para ver a
posição libertária sobre o desastre causado pela mineradora Samarco, veja este artigo].
As
Olimpíadas do Rio
A cobertura televisiva
das Olimpíadas 2016 no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, já está mostrando
os horrendos problemas de poluição daquele país, o qual foi governado por mais
de 13 anos pelos "socialistas democráticos" do Partido dos Trabalhadores, o
qual orgulhosamente proclama ser o "socialismo
revolucionário" a ideologia que o define.
Além de criar uma
das piores pobrezas no mundo, o governo brasileiro também conseguiu
transformar as outrora belas praias do país em fétidos esgotos.
Um artigo publicado no
dia 2 de agosto no jornal britânico The
Daily Mail relatou as conclusões de um estudo sobre a poluição no Rio de
Janeiro às vésperas das Olimpíadas. Eis
uma amostra do que foi relatado (clique no link para ver as horrendas fotos):
* Os atletas foram
alertados a não colocarem suas cabeças dentro da água.
* Os níveis virais na
Baía de Guanabara, onde ocorre a prova de triatlo, estão 1,7 milhão de vezes acima
do limite aceitável nos EUA e na Europa.
* O lixo boiando sobre
algumas regiões da baía é tão volumoso que você não consegue ver a água; ratos
vivem e se procriam sobre o lixo flutuante.
* Um cadáver boiando e
um braço decepado foram recentemente vistos na Baía de Guanabara.
* Há níveis extremamente
elevados de vírus na areia das
praias.
* O nível viral na
Marina da Glória, onde ocorrerão as provas de vela, está vários milhares de
vezes acima do limite máximo tolerado nos EUA.
* "Línguas negras de
águas fétidas de esgoto" são "comuns" na "elegante" praia de Ipanema.
* Vastas ilhas formadas
por lodo de esgoto são avistadas durante a maré baixa, despejadas ali por
prédios residenciais.
* Vários rios estão "da
cor preto-alcatrão" por causa da poluição.
Tais tipos de pesadelos
ecológicos também já se tornaram comum em outra vitrine latino-americana do "socialismo
democrático": a Venezuela vivencia hoje um maciço desflorestamento, e seu Lago Maracaíbo
está sendo poluído a uma taxa de 38.000 litros de esgoto por segundo, despejado diretamente nele por dois milhões de residências
ao redor do lago. Mais de 800 empresas,
praticamente todas elas ligadas à estatal petrolífera PDVSA, têm permissão do
governo para despejar
resíduos industriais no lago.
Já o enorme Lago
Valencia também está "maciçamente
poluído", com relatos de que a PDVSA já encheu mais de 15.000 poços de
armazenamento de petróleo com uma borra contaminada oriunda do petróleo explorado
nas adjacências. Essa borra
inevitavelmente irá contaminar o lençol aquático.
Uma lição que todos os
defensores do "socialismo democrático" -- principalmente os adolescentes
sonhadores -- devem aprender é que o socialismo, democrático ou ditatorial, não
apenas destrói seu futuro econômico (especialmente dos adolescentes), como também
inflige danos irreparáveis ao ambiente no qual vivem.
O socialismo, sempre e
em todos os lugares, é um desastre econômico e ambiental.
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Leia também:
O que é realmente o socialismo e qual o seu maior problema
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Thomas
DiLorenzo é professor de economia no Loyola
College, em Maryland e membro
do corpo docente senior do Mises Institute. É o autor dos livros The Real Lincoln, Lincoln Unmasked, How Capitalism Saved America: The
Untold History of Our Country, From the Pilgrims to the Present, Organized
Crime: The Unvarnished Truth About Government e, mais recentemente, The
Problem with Socialism.
Edwin
Dolan é economista e Ph.D. pela Universidade de Yale. De 1990 a
2001, lecionou em Moscou, onde ele e sua mulher fundaram o American
Institute of Business and Economics (AIBEc), um programa de MBA
independente e sem fins lucrativos. Desde 2001, ele já lecionou em várias
universidades da Europa, como Budapeste, Praga e Riga. É autor do livro TANSTAAFL,
the Economic Strategy for Environmental Crisis.