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Instituto Ludwig von Mises Brasil
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A farmácia do futuro
por Rodrigo Constantino, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
As novas regras da Anvisa para a venda de remédios nas farmácias
começam a valer esta semana, apesar da chuva de liminares que vem
garantindo o direito de as farmácias manterem os produtos ao alcance
dos clientes. Por trás das novas regras jaz uma mentalidade que trata
os consumidores como idiotas indefesos, o governo como um deus, e os
burocratas como seus santos agentes enviados para nos proteger.
Segundo
esta crença, um indivíduo pode entrar numa farmácia para comprar um
desodorante, e de repente comprar e consumir por impulso vinte
aspirinas, mesmo sem dor de cabeça alguma. Contra este enorme risco,
nós precisamos do governo para proibir que tais remédios, que não
necessitam de receitas médicas, fiquem ao nosso alcance. Claro, sem a
Anvisa todos nós acabaríamos tomando veneno no café da manhã, em vez de
leite. Ainda bem que temos o governo para cuidar de nós!
Há um
"pequeno" problema nessa premissa, entretanto: são os próprios idiotas
que escolhem o governante, que por sua vez irá protegê-los. Ou seja,
somos todos idiotas, vítimas potenciais da "exploração" das farmácias,
mas vamos escolher nossos protetores pelo voto. E quem garante que não
seremos explorados então pelos próprios governantes? Já que somos
idiotas, a probabilidade disso ocorrer é enorme! Ou seja, o
paternalismo e o sufrágio universal democrático são um tanto
contraditórios.
Os paternalistas precisam sair da toca e
assumir de forma mais direta que são autoritários, que defendem um
governo de "esclarecidos", gente altruísta que vai proteger os
mentecaptos, sem abusar de tanto poder. A questão de como colocar tais
sábios altruístas no poder, assumindo que eles existem, permanece sem
solução aparente. Mas isso não importa muito aos autoritários: eles
sempre imaginam que pessoas exatamente como eles terão esse poder de
tutela.
Não passa por suas cabeças ingênuas que os verdadeiros
idiotas, ou então os oportunistas sedentos por poder, poderão assumir o
governo. Nesse caso, bem mais provável, devemos perguntar: quem vai nos
proteger dos idiotas poderosos? Quem vai nos proteger da arrogância dos
burocratas da Anvisa, que acham que não somos capazes de escolher uma
simples aspirina sem a tutela estatal?
Por fim, sabemos que essa
mentalidade é típica da esquerda. A mesma esquerda que costuma pregar a
legalização das drogas - não sem razão. Mas quando ambas as bandeiras
se juntam, uma clara contradição salta aos olhos. Os idiotas não podem
ter liberdade para comprar uma simples aspirina, direto da prateleira,
mas vão comprar skank na farmácia? Já posso até imaginar uma farmácia
do futuro, idealizada por um esquerdista típico. O sujeito entra nela,
e pede ao farmacêutico:
- Senhor, uma aspirina, um bagulho do bom, um comprimido de ecstasy e um tablete de ácido, por favor.
No que o farmacêutico retruca:
- E você tem receita médica para esta aspirina, rapaz?
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Para mais detalhes sobra a Anvisa, sempre recorra a Luis Almeida.