Nota do Editor
Neste mês de outubro de 2019 completaram-se 70 anos da Revolução Comunista chinesa, que deu início ao mais cruel e sanguinolento regime governamental da história humana (sem exageros).
Espantosamente, não só é raro encontrar pessoas realmente bem informadas sobre as atrocidades cometidas por aquele regime -- o que nos diz muita coisa sobre nosso sistema educacional --, como ainda há partidos políticos e intelectuais que simpatizam com o maoísmo.
No artigo abaixo, uma tentativa de mitigar um pouco deste obscurantismo, em um breve resumo daquele período.
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Embora atualmente muito se fale sobre a economia da
China e muito se critique o país, o que é realmente notável em todos esses comentários
e críticas é quão distantes e limitados eles parecem ser quando se pensa na
história recente da China.
E esse é um assunto profundamente doloroso, horrível
em seus detalhes, mas altamente elucidativo e útil para nos ajudar a entender a
política -- e que também põe em perspectiva as notícias sobre esses recentes
problemas na China.
É um escândalo, de fato, que poucos ocidentais
sequer estejam informados -- ou, se estão, não estão conscientes -- sobre a
sanguinolenta realidade que predominou na China entre os anos de 1949 e 1976,
os anos da ditadura comunista de Mao Tsé-Tung. (Ou Mao Zédong).
Quantos morreram como resultado das perseguições e
das políticas de Mao? Será que você se importaria em adivinhar? Muitas pessoas
ao longo dos anos tentaram. Mas elas sempre acabavam subestimando os números.
Porém, à medida que mais dados foram aparecendo durante as décadas de 1980 e
90, e os especialistas foram se dedicando mais intensamente às investigações e
estimativas, os números foram se tornando cada vez mais confiáveis. Mas, ainda
assim, eles permanecem imprecisos. Qual a margem de erro com a qual estamos
lidando? Ela pode ser, por baixo, de 40 milhões; mas também pode ser de 100
milhões ou mais.
Para o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o
número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi
de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.
Estudiosos da área de homicídio em massa dizem que a
maioria de nós não é capaz de imaginar 100 mortos ou 1.000. E, acima disso,
tudo vira apenas estatística: os números passam a não ter qualquer sentido
conceitual para nós, e a coisa se torna um simples jogo numérico que nos desvia
do horror em si. Há um limite de informações horríveis que nosso cérebro pode
absorver, um limite de quanto sangue podemos imaginar.
No entanto, há um motivo maior pelo qual o
experimento comunista chinês permanece um fato oculto: ele apresenta um
argumento forte e decisivo contra o poder do estado, de maneira ainda mais
conspícua que os casos da Rússia e da Alemanha do século XX.
Esse horror já podia ser pressagiado quando uma
guerra civil se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Depois de nove milhões de
mortos, os comunistas emergiram vitoriosos em 1949, tendo Mao como o soberano.
Assim, a terra de Lao-Tzu (rima, ritmo, paz), do Taoísmo (compaixão, moderação,
humildade) e do Confucionismo (piedade, harmonia social, progresso individual)
foi confiscada pela importação da mais esquisita matéria-prima jamais conhecida
pelos chineses: o marxismo alemão importado via Rússia.
Era uma ideologia que negava toda a lógica, toda a
experiência, todas as leis econômicas, todos os direitos de propriedade, e
todos os limites sobre o poder do estado, que alegava que todas essas noções
eram meros preconceitos burgueses, e que afirmava que tudo o que era necessário
para transformar a sociedade era criar um núcleo composto por poucas pessoas iluminadas
e dotadas de ilimitados poderes para modificar todas as coisas.
É realmente bizarro pensar nisso: a China, dentre
todos os lugares, com pôsteres de Marx e Lênin, e sendo governada por uma
ideologia ditatorial, extorsiva e homicida, que só chegou ao fim em 1976. A
transformação ocorrida nos últimos 40 anos foi tão espetacular que alguém
dificilmente saberia que tudo isso já aconteceu, exceto pelo fato de o Partido
Comunista ainda estar no poder, embora já tenha dispensado os princípios básicos
da parte comunista.
O experimento começou da maneira mais sanguinolenta
possível, após a Segunda Guerra, quando todos os olhos do Ocidente estavam voltados
para assuntos internos (e, quando havia alguma preocupação externa, ela estava
na Rússia). Os "mocinhos" (comunistas) haviam vencido a guerra contra
os vilões (nacionalistas) da China -- ou assim fomos levados a crer, na época
em que o comunismo era a moda mundial.
A comunização da China se deu seguindo os três
estágios usuais: expurgos, planejamentos e, por fim, a procura por bodes
expiatórios.
Primeiro ocorreram os expurgos -- também conhecidos
como "purificação" -- para que o comunismo pudesse ser implantado.
Havia rebeldes a serem mortos e terras a serem nacionalizadas. As igrejas
tinham de ser destruídas. Os contra-revolucionários tinham de ser suprimidos. A
violência começou no campo e depois se espalhou para as cidades.
Todos os camponeses foram inicialmente divididos em
quatro classes que eram consideradas politicamente aceitáveis: pobres,
semi-pobres, médios, e ricos. Todos os outros eram considerados latifundiários
e, assim, marcados para ser eliminados. Se nenhum latifundiário fosse
encontrado, os "ricos" eram então incluídos nesse grupo.
A classe demonizada era desentocada em uma série de
"encontros da amargura" -- que ocorriam em nível nacional --, nos
quais as pessoas delatavam seus vizinhos que possuíssem propriedades e que
fossem politicamente desleais. Aqueles assim considerados eram imediatamente
executados junto com quem quer que tivesse simpatias por eles.
A regra era que deveria haver ao menos uma pessoa
morta por vilarejo. O número de mortos está estimado entre um milhão e cinco
milhões. Adicionalmente, entre quatro e seis milhões de proprietários de terra
foram trucidados pelo simples crime de serem donos de capital. Se alguém fosse
suspeito de estar escondendo alguma riqueza, ele ou ela seria torturado com
ferro quente até confessar. As famílias dos mortos eram também torturadas e os
túmulos de seus predecessores eram saqueados e pilhados. O que acontecia com a
terra? Era dividida em minúsculos lotes e distribuída entre os camponeses
remanescentes.
A campanha então se dirigiu para as cidades. As
motivações políticas eram o principal incentivo, mas havia também o desejo de
se fazer controles comportamentais. Qualquer suspeito de envolvimento com
prostituição, jogatina, sonegação, mentiras, tráfico de ópio, ou suspeito de
contar segredos de estado, era executado sob a acusação de "bandido".
Estimativas oficiais colocam o número de mortos em
dois milhões, sendo que outros dois milhões foram morrer nas prisões. Comitês
residenciais formados por pessoas leais ao estado vigiavam cada movimento.
Qualquer visita noturna era imediatamente denunciada, e todos os envolvidos
eram presos ou assassinados. As celas das prisões iam ficando cada vez menores,
chegando a um ponto em que uma pessoa vivia em um espaço de aproximadamente 35
centímetros. Alguns prisioneiros faziam trabalho forçado até morrer, e qualquer
um que se envolvesse em alguma revolta era agrupado com seus colaboradores e
todos eram queimados.
Havia indústrias nas cidades, mas aqueles que eram
seus proprietários e gerentes eram submetidos a restrições cada vez mais
apertadas: transparência forçada, escrutínio constante, impostos escorchantes,
além de sofrerem todos os tipos de pressão para oferecer seus negócios à
coletivização. Houve muitos suicídios entre os pequenos e médios empresários
que perceberam para onde tudo estava indo. Filiar-se ao partido adiava apenas
temporariamente a morte, já que em 1955 começou a campanha contra os
contra-revolucionários escondidos dentro do próprio partido. Havia um princípio
de que um em cada dez membros do partido era um traidor secreto.
Quando os rios de sangue haviam atingido seu ápice,
Mao criou a campanha do Desabrochar das
Cem Flores, durante dois meses de 1957, sendo o legado desta a frase que
frequentemente se ouve: "Deixemos que cem flores desabrochem!" As
pessoas foram encorajadas a falar abertamente e mostrar seu ponto de vista, uma
oportunidade muito tentadora para os intelectuais. Mas essa liberalização durou
pouco. Na verdade, foi tudo uma armadilha. Todos aqueles que falaram contra o
que estava acontecendo na China foram arregimentados e aprisionados, talvez
entre 400.000 e 700.000 pessoas, incluindo dez por cento das classes mais
educadas. Outras eram rotuladas de direitistas e sujeitadas a interrogatório e
reeducação; outras eram expulsas de suas casas e isoladas.
Mas isso não foi nada comparado à fase dois, que se
tornou uma das maiores catástrofes da história do planejamento central. Após a
coletivização das terras, Mao decidiu ir mais a fundo e passou a ditar aos
camponeses o que eles deveriam plantar, como eles deveriam plantar, para onde
eles deveriam mandar a colheita, e até mesmo se -- em vez de ter de plantar
qualquer coisa -- eles deveriam ser arrastados para as indústrias. Essa etapa
se tornaria o Grande
Salto para Frente, que acabou por gerar a escassez mais mortal da história.
Os camponeses foram ajuntados em grupos de milhares
e forçados a dividir todas as coisas. Todos os grupos deveriam ser
auto-suficientes. As metas de produção foram aumentadas para níveis nunca antes
imaginados.
Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas de
onde a produção era alta para onde ela era baixa, como um meio de impulsionar a
produção. Elas também foram deslocadas da agricultura para a indústria. Houve
uma campanha maciça para se coletar ferramentas e transformá-las em habilidade
industrial. Como maneira de demonstrar esperança para o futuro, os
coletivizados eram encorajados a fazer enormes banquetes e a comer de tudo,
principalmente carne. Esse era um modo de mostrar a crença de que a colheita do
ano seguinte seria ainda mais farta.
Mao tinha essa idéia de que ele sabia como cultivar
os grãos. Ele proclamou que "as
sementes são mais felizes quando cultivadas juntas" -- e então as sementes
foram semeadas em densidades de cinco a dez vezes maiores do que a normal. As plantas morreram, o solo secou, e o sal
subiu à superfície. Para impedir que os
pássaros comessem os grãos, os pardais foram exterminados, o que aumentou
imensamente o número de parasitas. Erosões e enchentes se tornaram endêmicas.
Plantações de chá foram transformadas em plantações de arroz, sob o argumento
de que o chá estava em decadência e era coisa de capitalista.
Equipamentos hidráulicos construídos para servir às
novas fazendas coletivas não funcionavam e não tinham peças para reposição.
Isso levou Mao a colocar nova ênfase na indústria, que surgiu forçadamente nas
mesmas áreas da agricultura, levando a um caos ainda maior. Os trabalhadores
eram arrastados de um setor para outro, e cortes obrigatórios em alguns setores
eram compensados com um aumento obrigatório das cotas em outros setores.
Em 1957, o desastre estava por todos os lados. Os
trabalhadores estavam tão enfraquecidos que eram incapazes até mesmo de colher
suas escassas safras; e assim eles morriam, vendo o arroz apodrecer. As
indústrias se avolumavam, mas não produziam nada de útil. A resposta do governo
foi dizer às pessoas que gorduras e proteínas eram desnecessárias. Mas a fome
não podia ser negada. O preço do arroz subiu de 20 a 30 vezes no mercado negro.
Como as transações foram proibidas entre os grupos
coletivistas (você sabe, a tal da auto-suficiência), milhões ficaram à míngua.
Já em 1960, a taxa de mortalidade pulou de 15% para 68%, e a taxa de natalidade
despencou. Quem quer que fosse pego estocando grãos era fuzilado. Camponeses
flagrados com a menor quantia imaginável eram aprisionados. Fogueiras foram
banidas. Funerais foram proibidos, pois eram considerados esbanjadores.
Aldeões que tentavam fugir dos campos para as
cidades eram fuzilados nos portões. Os mortos por inanição chegaram a 50% em
alguns vilarejos. Os sobreviventes ferviam grama e cascas de árvore para fazer
sopa, enquanto outros vagueavam pelas estradas à procura de comida. Algumas
vezes eles se bandeavam e atacavam casas, procurando por restos do milho que era
servido ao gado. As mulheres eram incapazes de engravidar devido à desnutrição.
Pessoas nos campos de trabalho forçado foram usadas em experimentos com
comidas, provocando doenças e mortes.
Mas isso ainda era pouco. Em 1968, um membro da
Guarda Vermelha, de 18 anos, chamado Wei Jingsheng, encontrou
refúgio em uma família de um vilarejo em Anhui, e ali ele viveu para escrever o
que ele viu:
Caminhávamos
juntos ao longo do vilarejo. . . Diante de meus olhos, entre as ervas
daninhas, surgiu uma das cenas que já haviam me contado: um dos banquetes no
qual as famílias trocam suas crianças para poder comê-las. Eu podia vislumbrar
claramente a angústia nos rostos das famílias enquanto elas mastigavam a carne
dos filhos dos amigos. As crianças que estavam caçando borboletas em um campo
próximo pareciam ser a reencarnação das crianças devoradas por seus pais. O que
fez com que aquelas pessoas tivessem de engolir aquela carne humana, entre
lágrimas e aflições -- carne essa que elas jamais se imaginaram provando, mesmo
em seus piores pesadelos?
O autor dessa passagem foi preso como traidor, mas
seu status o protegeu da morte, e ele foi finalmente solto em 1997.
Quantas pessoas morreram durante a fome de
1959-1961? A menor estimativa é de 20 milhões. A maior, de 43 milhões.
Finalmente, em 1961 o governo cedeu e permitiu alguma importação de comida, mas
foi pouco e já era tarde. Foi permitido a alguns camponeses voltar a plantar em
sua própria terra. Surgiram alguns ateliês particulares. Alguns mercados foram
permitidos. Finalmente, a fome começou a diminuir e a produção começou a
crescer.
Mas então veio a terceira etapa: encontrar os bodes
expiatórios. O que havia causado toda a calamidade? A resposta oficial era
qualquer coisa, menos o comunismo; qualquer coisa, menos Mao. E então a captura
de pessoas por motivos puramente políticos começou novamente -- e aqui chegamos
ao cerne da Revolução Cultural.
Milhares de campos e centros de detenção foram
abertos. As pessoas que eram mandadas para lá, morriam lá. Na prisão, utilizava-se
das desculpas mais fajutas possíveis para se eliminar alguém -- tudo para haver
sobras alimentícias, uma vez que os prisioneiros eram um fardo para o sistema,
de acordo com o pensamento de quem estava no comando. Esse sistema penal, o
maior já construído, era organizado em um estilo militar, com alguns campos
mantendo por volta de 50.000 pessoas.
Havia um critério para se aprisionar alguém: os
indivíduos eram abordados aleatoriamente e recebiam ordens de prisão de maneira
indiscriminada. Isso acontecia com ampla frequência. Todos tinham de carregar
consigo uma cópia do Pequeno
Livro Vermelho, de Mao. Questionar a razão da prisão era em si uma
evidência de deslealdade, já que o estado era infalível.
Uma vez preso, o caminho mais seguro era a confissão
instantânea. Os guardas eram proibidos de usar de violência aberta, de modo que
assim os interrogatórios durassem centenas de horas, o que frequentemente fazia
com que os prisioneiros morressem durante o processo. Aqueles que tivessem seus
nomes citados durante uma confissão eram então caçados e recolhidos.
Após ter passado por esse processo, você era mandado
para um campo de trabalhos forçados, onde seria avaliado de acordo com o número
de horas que seria capaz de trabalhar com pouca comida. Você não poderia comer
carne nem qualquer tipo de açúcar ou azeite. Os prisioneiros passariam então a
ser controlados pela racionalização do pouco da comida que tinham.
A fase final dessa incrível litania de criminalidade
durou o período de 1966 até 1976, durante o qual o número de mortos caiu
dramaticamente, variando "apenas" entre um milhão e três milhões. O
governo, agora cansado e nos primeiros estágios da desmoralização, começou a
perder o controle, primeiro dentro dos campos de trabalhos forçados, e então na
zona rural. E foi esse enfraquecimento que levou ao período final, e de certa
forma o mais cruel, da história comunista da China.
Os primeiros estágios da rebelião ocorreram da única
maneira permissível: a linha dura começou a criticar o governo por ser muito frouxo
e muito descompromissado com o ideal comunista. Ironicamente, isso começou a
surgir exatamente no momento em que a moderação se tornou manifesta na Rússia.
Os neo-revolucionários da Guarda Vermelha começaram a criticar os comunistas
chineses como sendo "reformistas a la Khrushchev". Como
um escritor apontou, a guarda "se levantou contra seu próprio governo com
o intuito de defendê-lo".
Durante esse período, o culto à personalidade de Mao
chegou ao seu ápice, com o Pequeno Livro Vermelho atingindo um prestígio
mítico. Os Guardas Vermelhos perambulavam pelo país tentando expurgar as "Quatro
Coisas Antiquadas": idéias, cultura, costumes e hábitos. Os templos
remanescentes foram obstruídos. Óperas tradicionais foram banidas, tendo a
Ópera de Beijing todos os seus vestuários e cenários queimados. Monges foram
expulsos. O calendário foi modificado. Todo o cristianismo foi banido. Animais
de estimação como pássaros e gatos foram proibidos. Humilhação era a palavra de
ordem.
Assim foi o Terror Vermelho: em sua capital,
ocorreram 1.700 mortes e 84.000 pessoas fugiram. Em outras cidades, como
Xangai, os números eram ainda piores. Foi implantado um processo de expurgo e purificação
dentro do partido, com centenas de milhares presos e muitos assassinados.
Artistas, escritores, professores, técnicos: todos eram alvos. Massacres
organizados ocorriam em comunidades seguidas, com Mao aprovando cada passo como
meio de eliminar cada possível rival político.
Mas, interiormente, o governo estava se fragmentando
e rachando, mesmo que externamente ele estivesse se tornado ainda mais brutal e
totalitário.
Finalmente, em 1976, Mao morreu. Em poucos meses,
seus conselheiros mais próximos foram todos encarcerados. A reforma começou
lenta a princípio, mas depois atingiu uma velocidade assustadora. As liberdades
civis foram restauradas (comparativamente) e as reabilitações começaram. Os
torturadores foram processados. Os controles econômicos foram gradualmente
relaxados. A economia, por
virtude da iniciativa humana e da iniciativa econômica privada, se
transformou.
Tendo lido tudo isso, você agora faz parte da
minúscula elite de pessoas que sabem alguma coisa sobre o maior campo de morte
da história do mundo, que foi no que a China se transformou entre 1949 e 1976 --
um experimento de controle total, algo que jamais se viu na história. Muitas
pessoas hoje sabem mais sobre os produtos de baixa qualidade da China do que
sobre as centenas de milhões de mortos e a inenarrável quantidade de sofrimento
ocorrida sob o comunismo.
Quando você ouvir sobre produtos de baixa qualidade
vindos da China, ou sobre trigo insuficientemente processado, imagine milhões
sofrendo de uma fome dantesca, com pais trocando seus filhos para comê-los e,
assim, permanecerem vivos. Não me diga que aprendemos alguma coisa com a
história. Sequer conhecemos a história o suficiente para aprender algo com ela.
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Nota sobre as fontes,
todas as quais você deve comprar e ler em detalhes: "China: uma longa
marcha na noite", por Jean-Louis Margolin em O
Livro Negro do Comunismo, por Stéphane Courtois et al. (Harvard, 1999), pp. 234-277; Death by Government, por R.J. Rummel (Transaction, 1996); e Hungry Ghosts: Mao's Secret Famine, por Jaspar Becker (Owl Books, 1998).