Pergunta:
Antes das velas, o que os socialistas utilizavam como iluminação?
Resposta:
Eletricidade.
A piada é antiga, mas, infelizmente, o humor negro é
a realidade na Venezuela. O paraíso
socialista criado por Hugo Chávez e aperfeiçoado por seu sucessor Nicolás
Maduro vem quebrando paradigmas e alcançando façanhas: já conseguiu gerar
escassez e racionamento de papel
higiênico, comida, remédios,
cerveja, eletricidade e, agora, água.
(Obviamente, não há absolutamente nenhuma escassez
de seu cada vez mais inútil
e rejeitado papel-moeda).
Racionamento de energia e apagões sempre foram uma ocorrência
regular naquele país socialista. Porém,
nos últimos tempos, as coisas se tornaram tão escabrosas que, às vésperas da
Páscoa, Maduro teve essencialmente de decretar que o país tivesse um feriado de
uma semana para "poupar" energia e água.
Foi uma medida desesperada para lidar com uma série
de apagões que, segundo o governo, foram causados pela seca. Já segundo a oposição, as causas são a falta
de manutenção e de investimentos das hidrelétricas estatais, bem como o
controle de preços do governo, que gerou consumo de energia acima da oferta. Segundo
a Bloomberg:
A
Venezuela viverá um feriadão de uma semana, enquanto o governo luta com uma
crise energética cada vez mais profunda.
O
presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deu três dias a mais de folga na
próxima semana, estendendo o feriado de dois dias da Páscoa, segundo um
pronunciamento no Diário Oficial do país publicado na terça-feira. [...]
O
governo tem racionado energia elétrica e suprimentos de água por todo o país há
meses e pediu aos cidadãos que evitem desperdiçar, enquanto a Venezuela
enfrenta uma seca prolongada que derrubou a produção das usinas hidrelétricas.
Os
socialistas, que estão no poder, culpam o fenômeno meteorológico El Niño e uma
"sabotagem" de inimigos políticos pela escassez. Já os críticos do governo
apontam a falta de manutenção e pouco planejamento.
A
Venezuela vem há muito sofrendo com constantes apagões que afetam os serviços públicos
e que, em algumas ocasiões, deixam seus cidadãos no escuro por dias. O feriado de uma semana tem o intuito de
arrefecer a demanda sobre a já debilitada rede elétrica do país. Medidas similares, como uma redução forçada
no horário de funcionamento
dos shopping centers e das repartições públicas, já estão em vigor.
Obviamente, tal paliativo de nada adiantou. E a escassez de água piorou desde a Páscoa. Segundo
o The Wall Street Jorunal, saques
a caminhões-pipas que vão abastecer hotéis se tornaram rotina. Moradores relatam que, nas poucas horas em que
sai água da torneira, ela vem repleta de lama e areia. E especialistas dizem que o reservatório da
maior hidrelétrica do país está tão baixo que é provável que, em poucos dias, a
eletricidade tenha de ser cortada durante
oito horas por dia.
Segundo o governo, a culpa é do El Niño. Curiosamente, a vizinha Colômbia, igualmente
exposta ao El Ninõ e igualmente dependente de hidrelétricas, não sofre problema
nenhum.
O problema, obviamente, está no regime econômico. A mistura de hiperinflação, controle de preços e gerenciamento estatal não
tem como gerar oferta abundante de nenhum bem — muito menos eletricidade.
Desnecessário dizer que, se houvesse alguma liberdade
econômica no país, as empresas de eletricidade teriam todos os incentivos para
fazer os planos necessários, as manutenções e se preparar para as contingências. No extremo, os preços subiriam para garantir
que a oferta acomodasse a demanda — de modo que, se você realmente tivesse de
apertar o interruptor ou abrir a torneira, você sempre teria eletricidade e
água.
Empresas privadas querem lucro. Se elas
perceberem que não serão capazes de ofertar eletricidade ou água aos preços vigentes,
elas terão de ou fazer novos investimentos e expandir a oferta ou, caso não haja
concorrência, elevar seus preços — caso contrário, elas simplesmente não terão
nem água e nem eletricidade para fornecer e, consequentemente, não terão
receitas e nem lucros.
Porém, se o governo controla os preços, se ele destrói
completamente a moeda ao ponto de inviabilizar qualquer investimento de longo
prazo, e se ele é também o dono das empresas (como é o caso na Venezuela, onde
as hidrelétricas e os serviços de saneamento são estatais), aí não sobra
alternativa para o cidadão senão o racionamento e o blecaute.
Não é apenas de escassez de água e energia, e de excesso
de inflação que sofre a Venezuela; acima de tudo, ela sofre de uma escassez de
liberdade de empreendimento e de um excesso de reguladores, burocratas e
planejadores centrais, cujos infindáveis decretos, controles de preços e estatizações
devastaram a economia.
Continua a
reportagem da Bloomberg:
"Estamos
esperando, se Deus quiser, chuvas virão", disse o presidente em um pronunciamento
nacional no sábado. "A economia será de mais de 40% quando essas medidas forem
tomadas. Estamos chegando a um ponto difícil que estamos tentando administrar."
Na
semana passada, o ministro da Energia venezuelano, Luis Motta Dominguez,
alertou que os níveis de água na represa Guri, uma das principais fontes de
energia no país, tinha chegado a níveis críticos. Na quarta-feira, contudo, ele
insistiu que a rede elétrica na Venezuela não está à beira de um colapso, mas
implorou ao setor privado que considerasse o pedido do presidente [de feriado
de uma semana].
"Eles
podem indiretamente obedecer ao decreto; isso é uma questão de cooperar", afirmou
o ministro em uma entrevista veiculada na rede Venevision.
Se a história nos serve de guia, sempre que um
burocrata socialista insistir que algo não está à beira do colapso, prepare-se
para a pior catástrofe possível.