Richard Dreyfuss interpreta Bernie Madoff
Acabo de
assistir à mini-série de 4 episódios "Madoff" da rede ABC[1],
sobre o maior esquema financeiro da história, orquestrado por Bernard Madoff, que
fraudou investidores em US$ 65 bilhões (em valores devidos pelo hedge fund[2]
de Madoff, incluindo lucros falsos, ou o equivalente a cerca de US$ 15 a 20
bilhões em desembolsos efetivos por investidores).
[Atenção: spoilers abaixo!]
Com
exceção do brilhante desempenho de Richard Dreyfuss (Tubarão, Loucuras de Verão,
Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Tocaia) como Bernard Madoff, a série não
tem roteiro ou interpretações brilhantes.
No entanto, descreve vivamente como ocorreu a
fraude. Sendo assim, recomendo-a por
todo o seu potencial instrutivo sobre o sistema financeiro, sobre a natureza de
esquemas de pirâmide (Ponzi)
e sobre a natureza da faceta gananciosa do investidor e do ser humano em geral.
Madoff
fundou sua empresa — a Bernard L. Madoff Investment Securities, hoje em processo de liquidação —, na década
de 1960 com o equivalente a R$150.000 a valores de hoje, economizados em seus
empregos de salva-vidas e de instalador de sistemas contra incêndio (a vida não
poderia ser mais irônica...). Então um
desconhecido operador de 'penny stocks' (ações que custam abaixo de US$1),
Madoff adotou um inovador sistema de computadores para competir com a bolsa de
New York e, com isso, desintermediar suas corretoras.
Madoff,
portanto, ajudou a formar as bases do que hoje conhecemos como a Nasdaq, a
primeira bolsa eletrônica (sem pregão) do mundo.
O esquema
Provavelmente
a partir da década de 1970 ou 1980, Madoff iniciou seu esquema por meio de um "hedge
fund exclusivo para investidores selecionados", tendo como sede os 17o,
18o e 19o andares do icônico Lipstick
Building em Nova York (na Terceira Avenida, entre as ruas 53 e 54),
inaugurado em 1986.
O hedge
fund basicamente funcionava da seguinte forma (rudimentar, aliás):
1) Madoff declarava a investidores que utilizava estratégias
de opções atreladas a compras de índice de bolsa americana (uma operação cujo
nome técnico é collar, e que tem
como objetivo limitar potenciais prejuízos, mas que também limita os lucros). Adicionalmente,
em momentos de stress, declarava fazer uso de "opções de venda" (put options) ou
similares para proteção.
2) Porém, Madoff não
efetuava nenhuma transação no mercado financeiro (trade); apenas depositava o dinheiro dos clientes em uma
conta-corrente com liquidez no banco JPMorgan Chase, em nome de seu hedge
fund (a 'equipe' do hedge fund ficava lotada no 19o andar, com
acesso estritamente controlado).
3) Madoff enviava extratos mensais aos investidores (por
correio) que demonstravam ganhos anuais (fictícios) entre 10 e 15% ao ano,
cuidadosamente calculados para equivaler ao intervalo dos ganhos esperados
tanto em termos de ações (cerca de 17%) quanto em termos de renda fixa (na
época em torno de 5%). O número de meses
com retornos negativos era ínfimo, e seu hedge fund teve um desempenho bom
mesmo em períodos de crises da bolsa, como i) no crash de outubro de 1987, quando o
S&P500 caiu 25%, ii) durante a mini-recessão
de 1990 (queda de 15% no S&P500), iii) durante a crise
da Rússia e a quebra do LTCM em
1998 (queda de 20%), e em particular após o estouro da bolha de tecnologia/internet
em 2000 (queda de 40%).
4) Madoff mantinha no 17o andar uma corretora
(broker-dealer) — a Madoff Securities — que movimentava grandes quantidades
de trades, e que tinha como principal
propósito exatamente demonstrar que Madoff efetuava trades (mesmo a custo de prejuízos, que eram encobertos
contabilmente pelo dinheiro transferido da conta-corrente no JPMorgan). Os
funcionários da corretora não tinham conhecimento de como era gerido o hedge
fund, não tinham acesso ao 19o andar (inclusive os filhos de Madoff,
Mark e Andrew, diretores da corretora), e nem sabiam que operavam com prejuízo,
julgando terem lucro conforme demonstrado em balanços falsificados. Peter Madoff, irmão de Bernard Madoff, era Chief
Compliance Officer de ambos — corretora e hedge fund —, e
provavelmente estava parcialmente ciente de como a fraude era operacionalizada.
5) Madoff não fazia uma grande propaganda do fundo e nem o vendia ativamente; ele
contava mais com o boca-a-boca e naturalmente aguardava que eventuais
investidores virtualmente implorassem para fazer parte de seu exclusivo clube
de investidores. Madoff mantinha uma
postura de mágico de Oz: ele era o sujeito misterioso que operava atrás das
cortinas (ele evitava ao máximo encontrar-se com seus investidores) e que era
tido como possuidor de certas habilidades misteriosas inacessíveis aos demais
gestores e incompreensíveis aos leigos em finanças. Devido ao fato de ser judeu, seus maiores
clientes durante o período inicial eram também da colônia judaica, muitos dos
quais instituições filantrópicas que tinham a vantagem adicional de serem investidores
de longo prazo.
6) Madoff devolvia prontamente os saldos (100%) dos
investidores que se sentiam desconfortáveis (ou daqueles que insistiam em fazer
perguntas), e utilizava para tal os fundos depositados na conta-corrente do JP
Morgan. É o clássico esquema de pagar a
João usando o dinheiro de Pedro (e do próprio João). Madoff também ameaçava os investidores que
sacavam com sua política verbal de jamais voltar a aceitar tal investidor no
seu 'clube'.
Normalmente,
gestores de esquemas de pirâmide são desmascarados após um curto período,
principalmente por oferecem retornos impossíveis, acima de 30% ou 40% ao ano ou
mais. Uma das sacadas de Madoff foi
estabelecer um retorno crível e aparentemente moderado (embora operadores de
mercado saibam muito bem que é inconcebível obter retorno de 10% com
volatilidade irrisória por um prazo maior que 2 ou 3 anos).
Madoff
também contou com a sorte de operar durante o período de maior bull market (alô, Paul Singer!) da
economia americana, de 1982 até 2008. O desempenho
estelar da bolsa e de inúmeras classes de ativos, em conjunto com a política monetária expansionista
e de juros baixos do Federal Reserve — o Banco Central americano —,
ajudou a mascarar a fraude ao prover um repositório crescente de dinheiro
disponível para aplicação (a liquidez internacional), que crescia a taxas até
maiores que os retornos apresentados por Madoff.
Como se perpetuou o esquema — Wall Street, feeder funds e companhia
No
entanto, o que mais me chama a atenção é: como diabos uma fraude de tamanha
proporção, operada por um sujeito que não entendia nada de mercado financeiro
(exceto ser um 'bom' vendedor pilantra), no centro financeiro do país mais
sofisticado do mundo — e considerado por muitos como um modelo de boas
práticas —, demorou tanto tempo para ser revelada?
Um dos
motivos é a cultura amoral e muitas vezes inescrupulosa do sistema financeiro em
geral e de Wall Street em particular, nutrida em boa parte pelo dinheiro fácil
cedido a custo virtualmente zero pelo Federal Reserve aos bancos, dinheiro esse
que precisa circular e girar em busca de taxas (fees). Trata-se de uma
cultura fortemente baseada em uma mentalidade predador-presa (banco-cliente), e
focada em lucrar na frente, sem risco, via taxas ocultas ou disfarçadas, e
estimulando a troca de posições para maximizar taxas ao longo do tempo.
Esta cultura
propiciou a Madoff otimizar sua rede de captação de recursos ao mesmo tempo em
que se protegia de ter de fornecer informações sobre seu hedge fund.
Como
Madoff otimizou sua captação? Por meio
dos chamados feeder funds, fundos
geridos por terceiros e que investiam 100% de seus recursos no hedge fund de
Madoff.
Normalmente,
hedge funds costumam cobrar como remuneração por seu trabalho os saudáveis 2/20
(2% a título de taxa de administração anual mais 20% do total de ganhos que o
investidor obtiver com seu investimento, a título de taxa de performance). Wall Street jamais se acanhou de operar 'fundos
de fundos' — fundos que aplicam em outros fundos —, o que gera taxas dobradas
aos investidores pessoas físicas, uma prática controversa.
No
entanto, o fundo de Madoff não cobrava nem taxas de administração e nem taxas de
desempenho. Nada, nadinha. Madoff operava sem cobrar por seu trabalho,
exceto por alguns trocados que alegava ganhar ao executar os trades de suas posições (uma prática que
certamente levantaria sérias suspeitas a quem dela se inteirasse). Isto fornecia aos trombadinhas e abutres
financeiros uma oportunidade única: Madoff entregava retornos gordos
praticamente sem risco, e quem faria jus
às gordas taxas seriam os gestores dos feeder funds, que não precisavam
fazer nada mais do que 'atender a pedidos' de potenciais investidores ávidos
por entrar em um clube exclusivo; um fundo gerido por um mago, e que se vendia
por si só.
E com
este nível intermediário entre ele e seus clientes finais, Madoff se protegeu
de seus clientes de forma ainda mais efetiva.
Adicionalmente, só precisava lidar com uns 10 gestores que serviam como
porta de acesso ao seu fundo, e que, desde o início, estavam 'no bolso' de
Madoff, que pagava indiretamente toda sua milionária remuneração (cerca de US$ 30
milhões anuais para cada US$ 1 bilhão de captação de investidores), sem
praticamente trabalho algum. Para
acessar este pote de ouro, no entanto, os feeder
funds sabiam que precisavam se abster de fazer perguntas a Madoff.
Ao longo
dos anos 1990 e 2000, a maior parte dos recursos entrantes deixou de ser
captada junto à colônia judaica ou outras instituições filantrópicas nos Estados
Unidos. Por meio dos feeder funds, as captações se
globalizaram e Madoff passou a atingir um número múltiplas vezes maior de
investidores. Convenientemente, tais feeder funds estavam fora da jurisdição
americana e fora do escrutínio da SEC. Alguns
gestores de feeder funds, por meio de
representantes ou vendedores autorizados, captaram recursos de várias centenas
de brasileiros, argentinos e venezuelanos, ávidos por ganhar 10% ao ano
consistentemente. Ao final da festa em
2008, os feeder funds respondiam por
talvez 80% dos recursos investidos.
Sinais de alerta já abundavam há tempos
Mas
voltando à questão: como a fraude levou tanto tempo? Será que ninguém sabia ou seriamente
desconfiava? Como foi que os maiores
bancos, principalmente europeus, se envolveram com Madoff?
Desde o
início, havia inúmeros sinais que levantavam suspeitas, alguns flagrantemente
óbvios, e outros levantados publicamente por profissionais qualificados. Ei-los:
1) Retornos
altos, quase livres de risco, durante décadas;
2) Era
impossível replicar os resultados obtidos por Madoff usando os ativos e
estratégias que ele vagamente explicava a clientes (e incluía por vezes em
relatórios);
3) Todo
dia 31 de dezembro, Madoff declarava que transformava todo seu portfolio para
caixa (de forma a evitar enviar relatórios adicionais à SEC);
4) O
hedge fund utilizava uma empresa de auditoria obscura, com apenas dois
auditores, e cujo auditor era investidor no fundo, um claro conflito de
interesses.
5) Como
dito acima, Madoff não cobrava fees,
exceto uma pequena comissão sobre os trades,
mas que não eram jamais divulgados. Por
que ele não cobrava, sendo que toda a indústria de fundos alegremente cobrava?
E por que não cobrava, sendo que, mais do que todos, ele aparentava merecer a
cobrança?
6) Dado o
volume de recursos administrados por Madoff, ele teria de responder por muitas
vezes o volume de opções de índice que eram efetivamente negociados, uma
impossibilidade.
7) Madoff
mantinha sua operação integralmente sigilosa, e fazia questão de projetar um perfil
discreto que não condizia com o tamanho de sua operação.
Cui bono?
Dados os
amplos sinais de alerta, é de se esperar que, pelo menos a partir da década de
1990, centenas de pessoas em inúmeras instituições financeiras soubessem ou pelo
menos suspeitassem, acima de dúvida razoável, sobre o esquema pilantra de
Madoff.
É bem provável
que os bancos de Wall Street soubessem, pois, embora não investissem diretamente
no fundo de Madoff, o vendiam a seus clientes e recebiam comissões. Entre eles, o JPMorgan em especial devia
saber, pois operou por mais de duas décadas a famosa conta-corrente, observando
saldos crescentes e inexplicáveis.
Adicionalmente,
alguns dos maiores bancos europeus, diferentemente dos bancos americanos,
tiveram envolvimento cada vez maior, e investiram no — e venderam o
— hedge fund de Madoff, principalmente por meio de seus braços de private banking. Suspeito que boa parte deles soubesse da
fraude.
É também
provável que os gestores dos feeder funds
soubessem, mas optaram por não perguntar e não suspeitar, incentivados por seus
polpudos fees a olhar para o outro
lado.
Finalmente,
não duvido que inúmeros gestores de hedge funds também soubessem, pois
competiam com Madoff por clientes.
O mais
provável, no entanto, é que, ao passo que investidores e leigos acreditavam (ou
queriam acreditar) na magia de Madoff, gestores de feeder funds e outros que faziam negócios com Madoff julgavam que ele
fraudava sim seus clientes, mas apenas aqueles clientes da corretora, por meio de front-running[3],
e então repassava parte de tais recursos fraudulentos para seu hedge fund.
Ou seja,
gestores de feeder funds provavelmente
acreditavam que Madoff era um pilantra, mas um 'pilantra ético' para com os
clientes de seu hedge fund, que impunha perdas a clientes da vibrante corretora
para beneficiar seu hedge fund.
A falha
desta crença é que pilantras não costumam ser pilantras em apenas um domínio,
mas em todos os domínios.[4]
Reguladores patetas
Mas e os
reguladores? Não teriam que ter
descoberto o esquema? O que fizeram o
Federal Reserve e principalmente a Securities
and Exchange Commission (SEC), a CVM americana?
Já em
1999, um pequeno hedge fund, incomodado com a perda de clientes para Madoff,
solicitou a um funcionário especialista em métodos quantitativos, Harry Markopolos, que,
por meio de engenharia reversa, descobrisse como replicar os retornos altos e
sem volatilidade que Madoff estava obtendo havia duas décadas. Em apenas cinco minutos Markopolos
concluiu que os retornos eram impossíveis e que Madoff era uma fraude. Após algumas horas de trabalho estatístico,
comprovou a impossibilidade matemática dos resultados de Madoff.
Muito bem
ilustrado na mini-série da ABC, Markopolos decidiu alertar os reguladores, e
contatou seguidamente a SEC a partir do final de 1999, mas também em 2000,
2004, 2005, e 2006. A SEC ignorou Markopolos
e menosprezou seus detalhados relatórios e advertências, inclusive as elencadas
em seu relatório de 2005 intitulado "O Maior
Hedge Fund do Mundo é uma Fraude".
A partir
de 2000, inspirados por Markopolos e outros denunciadores, alguns artigos sobre
Madoff foram publicados em jornais especializados levantando algumas
suspeitas. Em 2001, foi publicado um artigo no
respeitado Barron's, que
inclusive levantava a equivocada hipótese mencionada acima sobre lucros de front-running na corretora repassados ao
hedge fund. Já o Wall Street Journal, em
2005, preferiu não publicar as investigações de Markopoulos.
Ao longo
dos anos, a SEC auditou Madoff oito vezes e, inacreditavelmente em todas as
auditorias, aprovou os processos do hedge fund, não tendo encontrado
irregularidades relevantes.
Curiosamente,
estas conclusões da SEC foram similares às declarações que os gestores de feeder funds ofereciam quando questionados. Tanto a Fairfield Greenwich,
o maior feeder, quanto o Union Bancaire
Privée, declararam que tinham 'acesso virtualmente ilimitado ao hedge fund'
e 'jamais encontraram qualquer irregularidade ou suspeita' em suas diligências prévias.
A capitulação
Markopolos
incansavelmente buscou desmascarar a fraude, mas não lhe deram ouvidos. Nenhum freio e contrapeso funcionou a
contento durante essas décadas de pirâmide: investidores gananciosos buscavam
uma relação retorno/risco impossível; parceiros comerciais lucravam sem fazer perguntas;
bancos que não faziam seu trabalho de "aderência à norma" ou que optavam por deixar
de atirar uma pedra por saber que têm telhado de vidro; e, principalmente,
reguladores incompetentes e despreparados que simplesmente deixavam pra lá.
Ao final,
Madoff ruiu pela força da Lei de Stein: "se
algo não pode continuar para sempre, terá que parar".
O estopim
foi a crise de 2008,
durante a qual os investidores não confiavam em contraparte alguma, exceto em
ouro e em títulos do Tesouro americano de curto prazo, ou seja, caixa
100%. A conta-corrente de Madoff
secou. Não havia mais Pedros para pagar
os Joões.
Madoff
não foi jamais desmascarado pelo governo ou reguladores, a despeito das
denúncias crescentes. Ele confessou o
esquema à esposa e seus filhos às vésperas de sua conta-corrente secar, ao
final de 2008. Tudo havia sido uma grande mentira. Chocados ao se darem conta de que suas vidas
também eram uma mentira, seus filhos imediatamente informaram as autoridades, e
Madoff se entregou voluntariamente.
Hoje ele está preso e a data de sua soltura está marcada para 2139.
Poupanças
de milhares de famílias foram dizimadas, e vidas foram destruídas, inclusive a
de Mark Madoff, que suicidou-se exatamente dois anos após a revelação do pai. Se Markopolos tivesse sido levado a sério em
2000, quando Madoff tinha apenas US$7 bilhões de passivos a clientes, as perdas
teriam sido muito menores.
Mas não
foi isso o que ocorreu, infelizmente.
Bernard
Madoff tornou-se a face da crise de 2008, mas neste caso com certa
injustiça. Afinal, por exemplo, o
esquema de empacotamento
de hipotecas pelo qual a crise ficou conhecida — e que envolvia bancos,
bancos de investimento, empresas de hipotecas, agências de classificação de
risco, seguradoras de empréstimos — afetou mais de um milhão de americanos,
causando perdas acima de US$1 trilhão, mais de 20 vezes superioras às de
Madoff.
Igualmente
insólito e fraudulento é o gigantesco esquema de pirâmide da Previdência Social
nos países com regime de repartição, como é o caso dos Estados Unidos e Brasil.
Porém,
aqueles que acompanham o Instituto Mises Brasil já devem ter se dado conta de que
a mãe de todas as pirâmides, largamente ignorada fora de nosso círculo, é aquela que tem ao topo o
Banco Central, e no papel de feeder
funds o sistema bancário de reservas fracionárias, os quais captam recursos de clientes
e os multiplicam, em um esquema de pirâmide, criando empréstimos sem lastro
em uma razão de 10 para 1.
Suspeito
que nós sofreremos o mesmo destino de Markopolos: seguiremos denunciando
incansavelmente, mas os reguladores e políticos provavelmente não nos darão
ouvidos. Eventualmente, no entanto, o
dinheiro acabará e a maior fraude de todos os milênios será exposta da pior
forma.
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Leia também:
A
SEC torna Wall Street ainda mais fraudulenta
[1]Ainda em 2016, estreará também um filme
estrelando Robert de Niro como Madoff.
[2] Havia mais de um fundo administrado por
Madoff, cada qual com sua personalidade jurídica, mas me referirei aos fundos
coletivamente como o "hedge fund" de Madoff, a título de simplicidade.
[3] Comprar ou vender posições próprias, tirando proveito de ordens recebidas
de clientes momentos antes de executá-las, de forma a obter preços vantajosos.
[4] Vale mencionar que Madoff foi presidente da NASDAQ por nada menos que três mandatos, o que, de certa forma, comprova o prestígio que ele gozava em Wall Street.