quinta-feira, 19 jan 2023
As
elites políticas têm três maneiras básicas de manter a população submissa e dócil
aos seus mandos e desmandos: subornar, ameaçar e mentir.
Absolutamente
qualquer coisa que o governo faz é uma variante dessas três ações básicas. O governo está sempre ou ameaçando alguém, ou
comprando o apoio de alguém por meio da distribuição de benesses, ou mentindo.
Logo,
mesmo que o estado fosse drasticamente reduzido (como desejam os minarquistas),
todas as atividades do governo ainda assim poderiam ser executadas por apenas três
ministérios: o Ministério dos Policiais e Soldados (encarregado das ameaças); o
Ministério do Papai Noel (encarregado dos subornos); e o Ministério do Delírio
(encarregado das mentiras).
No
entanto, se tão drástica e visível simplificação ocorresse, a eficácia das
mentiras seria substantivamente diminuída. Seria um desserviço público descarregar tamanha carga de sinceridades
sobre o povo. O povo não está preparado
para aguentar tamanho realismo. O grande
T.S. Eliot já dizia que "a humanidade simplesmente não consegue suportar um
excesso de realidade."
SAM - Suborna, Ameaça, Mentira
A
maior parte de tudo aquilo que o governo ostensivamente faz para demonstrar
algum propósito valioso equivale a formas específicas de suborno.
Exemplos: auxílios aos pobres, aos doentes,
aos aposentados, aos empresários milionários, aos agropecuaristas, à classe artística,
às indústrias nacionais que enfrentam a concorrência dos importados, aos universitários
ricos e pobres, aos idosos, aos funcionários públicos, e às pessoas que sofrem discriminação
étnica ou racial.
Além disso, ele também promete proteger a nação contra perigosas forças estrangeiras e
extraterrestres; controlar o clima e o nível dos oceanos; criar um ambiente mais
limpo e saudável; subsidiar pesquisas científicas ou tecnológicas; criar cada
vez mais empregos na máquina pública.
Tudo
isso são formas de suborno. O governo
compra a lealdade das pessoas repassando a elas uma fatia de todo o dinheiro
que ele pilhou da população por meio de impostos.
E o governo coleta esses impostos recorrendo
a ameaças, como a de que você será preso caso não entregue metade da sua renda
ao governo. E será morto caso tente oferecer resistência à prisão.
E as ameaças são sustentadas
por mentiras, como a de que é um "dever cívico" do cidadão entregar metade da
sua renda ao governo, e que "impostos são o preço da civilização".
A
complexidade organizacional do estado e o fato de sua existência ser
cuidadosamente coberta e protegida por um véu ideológico e pragmático — no que
os intelectuais pró-estado exercem uma função de suprema importância
— impedem que o público em geral perceba o que de fato está acontecendo.
Se
o público ao menos se desse conta do logro, pode ser que ele tornasse mais
recalcitrante em aquiescer com todos os éditos do governo e com todas as suas
demandas por tributos. Isso seria como
jogar areia em toda a engrenagem estatal de opressão e esbulho, a qual funciona
hoje muito bem azeitada.
Desafio
Como
um exercício, convido o leitor a testar essa hipótese SAM (subornar, ameaçar,
mentir): veja se você consegue descobrir alguma atividade governamental,
qualquer uma, que não se encaixe em pelo menos uma dessas três rubricas.