As penitenciárias costumam fazer contagens periódicas de
presos para descobrir se houve alguma fuga.
O objetivo do Censo é diferente. Nosso
estado permite que seus súditos deixem o país — mas não antes de pagar taxas e
cumprir procedimentos. O Censo, por sua
vez, serve principalmente para coletar dados que servirão como uma
pseudo-orientação para o governo efetuar suas políticas de redistribuição de
renda e estragar a economia; dados que guiarão o governo a tirar de uns e dar a
outros. O estado "sábio" retira à força
o dinheiro dos indivíduos "ignorantes" para gastá-lo de maneira "prudente". Dinheiro este que seria "mal alocado" pela
população. Nas palavras
do presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, o que ocorre no processo é "o
cidadão fornece a informação ao IBGE e depois essas informações se transformam
em políticas públicas em benefício do próprio indivíduo."
Para tanto, o governo contratou 190 mil pessoas para coletar
estes dados, que serão, logicamente, pagas pelos trabalhadores do setor
produtivo. Ou, como Lew Rockwell coloca
em recente artigo
comentando o Censo norte-americano:
Um serviço censitário imposto pelo
governo não executa função alguma de mercado, e os salários dos recenseadores
são pagos pelos contribuintes, o que significa que esses empregos são na
realidade destruidores de riqueza. Eles retiram riqueza e mão-de-obra do
setor privado e as desperdiçam no setor público, o setor devastador. Portanto,
podemos ir além e dizer que eliminar tais empregos é na realidade um passo rumo
à recuperação econômica.
Isso coloca os trabalhadores em uma situação de certa forma
pior que a dos presos, pois estes não são obrigados a pagar pelo seu
encarceramento — este é um ônus que o "espetacular" sistema de justiça estatal impõe
às vítimas dos criminosos e ao resto da sociedade. Mas, pelo menos, os presos são obrigados a colaborar
com a contagem, e nós não. Certo? Não.
Errado.
A "lei"
5.534 aponta uma arma para nossas cabeças e nos força a abrir a porta de
nossas casas, receber os recenseadores e responder todas as perguntas que fizerem. Direito à privacidade? O que é isso? A "lei" não especifica quais perguntas podem
ser feitas, logo, o regime pode perguntar o que quiser. Nem mesmo temos o direito de
permanecer calado, garantido aos presos.
Ademais, aos presos é garantido o direito de prestar informações
falsas. Já nós não podemos mentir aos
recenseadores.
Censos de dez em dez anos são comuns mundo afora, o que não
significa que sejam bem aceitos sempre. No
censo de 2001, vários canadenses não gostaram de receber agentes do governo às
10 horas da noite para, por exemplo, informar o número de banheiros em sua residência,
e protestaram
fornecendo respostas fantasiosas, como, por exemplo, dizer que seguiam a religião Jedi.
Não há muito que possamos fazer contra esta invasão de
privacidade em andamento. Se
respondermos mentiras como 295 filhos, 140 aparelhos de televisão, 290 privadas
e renda de 14,5 bilhões, ou algo do gênero, o governo facilmente constataria
que se tratam de informações falsas, e o cidadão poderá sofrer represálias como
multa ou cadeia, ou ambos — adicionalmente os impostos podem aumentar caso as
informações sejam aceitas, então o ideal seria dizer o contrário, que
não temos nenhum aparelho eletrônico, nenhum banheiro e que nossa renda é de R$
123,50 por mês. Mas dizer que segue a
religião Jedi é algo que não é verificável, pois a fé só existe dentro
das mentes das pessoas. Portanto,
acredito que a única coisa que podemos fazer no momento é abraçar a fé
Jedi. Que a força esteja com você.
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Estes são os questionários do censo 2010. O primeiro todos irão enfrentar. O segundo, com a pergunta sobre religião, apenas uma fração dos domicílios.
Questionário básico
Questionário da amostra