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Como o estado garante o monopólio das grandes empresas farmacêuticas

N. do T.: o artigo a seguir, embora mais voltado para a realidade americana, é de grande interesse dos brasileiros, uma vez que todas as medidas regulamentais farmacêuticas que são adotadas nos EUA sempre acabam também nos afetando.


O sistema farmacêutico americano é um mecanismo altamente controlado com o intuito de restringir o livre acesso a drogas essenciais, violando assim os direitos daqueles que querem comprá-las.  Essa tem sido uma duradoura realidade.

Grandes quantidades e variedades de drogas que as pessoas deveriam ter a liberdade de poder adquirir são mantidas fora do livre mercado (obviamente, várias outras são simplesmente proibidas).  Aquelas pessoas que sabem de quais tipos de remédios necessitam são primeiro obrigadas a dar dinheiro para um médico qualquer a fim de receberem uma receita; depois, parte do dinheiro é repassada para os super-treinados e altamente cartelizados atendentes das farmácias.  Todos nós somos tratados como bebês para que assim possamos sustentar e financiar uma indústria repleta de charlatães e enganadores trajando jaleco branco.

Durante seus primórdios (talvez entre 1998 e 2008), a internet representava uma maravilhosa alternativa a esse aparato extorsivo.  Fornecedores de todas as partes do mundo sempre surgiam para nos ofertar todos os tipos de remédios que quiséssemos, contornando assim toda a gaiola de regulamentações governamentais e todos os monopolistas privados que, em conluio com o governo, controlavam essas regulamentações como guardas de prisão.  Se você sabia do que precisava, bastava ir à internet, clicar e comprar.

Exatamente por causa dessa liberdade de consumo, a indústria farmacêutica foi atrás do governo para pedir ainda mais ajuda.  Juntos, ambos se empenharam em tomar medidas severas e assim eliminar todos os remédios "falsos" — isto é, remédios verdadeiros que conseguiam contornar as leis de patentes e suas restrições, bem como os ofertantes monopolistas privilegiados pela lei de patentes.  Tanto para o governo quanto para a indústria farmacêutica, as pessoas não deveriam ter a permissão de obter remédios controlados sem a aprovação de médicos — caso contrário, toda uma indústria fraudulenta poderia entrar em colapso.  Assim, as duas quadrilhas se uniram e instituíram um sistema de guildas medievais operando em plena era digital.

Ao longo dos anos, a Google aceitou exibir anúncios dos produtos vendidos por alguns desses "perigosos" elementos.  Em um livre mercado, tais fornecedores seriam anunciantes perfeitamente legítimos.  A Google não dá garantia alguma da exata natureza dos bens e serviços de todos aqueles que decidem anunciar em sua rede.  A empresa tem algum grau de interesse em controle de qualidade, é óbvio, mas se os clientes estão comprando e estão satisfeitos, qual o problema?

Problema nenhum, exceto é claro para o cartel médico, que pediu ao Departamento de Justiça americano para intervir nesse mercado até então livre.  No momento em que escrevo, a Google já decidiu que não vai mais ficar nessa banheira quente.  Em seu mais recente relatório, a empresa avisou aos seus acionistas que destinou meio bilhão de dólares em depósitos em caução para lidar com a investigação do Departamento de Justiça.  Supõe-se que a Google será punida pelo governo por permitir anúncios de vendedores de remédios escolhidos pelo mercado.

Há tanta coisa errada nisso tudo que é até difícil escolher por onde começar.  Mas comecemos pelos preços farmacêuticos, os quais continuam em disparada e os quais estão gerando pressões crescentes para a implementação de formas socialistas de disseminação de custos.  Utilizando-se a internet, há dezenas de milhares de empresas que poderiam começar imediatamente a distribuir drogas de marca registrada, bem como seus genéricos, a preços que seriam uma fração daqueles que são impostos atualmente.

Por que não deixá-las fazer isso?  Mais especificamente, por que o governo deveria utilizar nosso dinheiro para, através de inúmeras regulamentações, garantir que os preços dos remédios controlados sejam os mais altos possíveis?  Se você acha que o governo e suas agências reguladoras estão genuinamente interessados no bem-estar do consumidor (ha ha), apenas essa medida já deveria ser suficiente para pôr fim ao seu conto de fadas e lhe trazer de volta à realidade.

E quanto à alegação de que esses remédios que estão sendo vendidos pela internet são falsos?  Bem, é realmente duvidoso que algum consumidor que continua comprado seguidamente remédios controlados pela internet esteja sendo trapaceado; sabe-se que os remédios em questão são, em sua grande maioria, genéricos.  Consumidores não têm problema algum com genéricos, como comprovam as estantes das drogarias.  O que o governo realmente quer dizer quando se refere a "remédios falsos" é que o genérico vendido está sendo introduzido no mercado antes da expiração da patente, a qual inflaciona os preços em até cem vezes.

Existem vários exemplos que comprovam isso.  Uma pomada que custa $100 num dia, cai para $5 após seu genérico entrar no livre mercado.  Um spray nasal que custa $200 repentinamente cai para $10 após se tornar parte do mercado.  E por aí vai.  O termo "falso" deveria ser reservado apenas para fraudes; ele não se aplica a bens que são trazidos para o mercado antes de um embargo imposto pelo governo se expirar.

O mesmo se aplica à ideia de farmácias reais e farmácias falsas.  Drogarias deveriam ser um negócio como qualquer outro, sujeitas à livre entrada e saída de concorrentes, e guiadas pelo princípio do lucro e prejuízo.  Porém, assim como a profissão médica, as farmácias não querem ser tratadas como empreendimentos comerciais.  Ao contrário, elas querem ser parte de um cartel estritamente regulado, que determina quem pode entrar e quem deve permanecer de fora.

A única forma de sustentar um cartel é por meio de regulamentações governamentais, e é de regulamentações que toda a indústria farmacêutica tem dependido há muito tempo, em prejuízo do bem-estar dos consumidores.  Essa tentativa de suprimir anúncios — feitos no livre mercado — de remédios controlados se resume apenas a proteger uma indústria contra uma forte concorrência, e nada tem a ver com proteger o consumidor.

Não é coincidência alguma que a maioria dos spams na internet venha de empresas que vendem aqueles tipos de drogas que as pessoas não necessariamente querem ter de pedir a um médico, seja por questões de privacidade, seja pelo simples e perfeitamente normal desejo de evitar constrangimentos.  Porém, o governo não tolera isso: você tem de se confessar a um médico, você tem de olhar o atendente da farmácia nos olhos e sofrer o constrangimento de ter de pedir por aquele remédio.

As pessoas geralmente culpam o mercado por todos esses spams que recebem, mas elas realmente deveriam estar apontando os dedos para o governo, que foi quem criou o mercado negro para todas essas drogas.  São as proibições governamentais que criam os incentivos para que os spammer despejem no mundo trilhões de e-mails não solicitados.  Os spammers sabiam que seus produtos eram desejados; porém, proibidos de atuar normalmente no mercado, eles tiveram de recorrer a anúncios globalizados.

Aliás, é exatamente por isso que o Congresso americano decretou que os spams são ilegais.  A lei anti-spam não tem absolutamente nada a ver com o governo preocupado em manter nossa caixa de entrada limpa.  Trata-se pura e simplesmente de proteger o monopólio médico contra toda a concorrência.

As pessoas de todo o mundo imaginam que os EUA possuem um livre mercado de remédios controlados.  Esse recente caso envolvendo a Google é apenas mais um exemplo claro de como e em que grau tal crença é absolutamente irreal.  Um livre mercado permite que qualquer um possa anunciar qualquer coisa por meio de qualquer meio mutuamente consentido.  A Google está sendo investigada, acossada e multada (US$500 milhões!) simplesmente por fazer negócios de uma maneira que beneficia amplamente a sociedade.  A única coisa que interessa ao governo é o fato de que fazer negócios assim prejudica um dos clientes favoritos do estado, aquele que frequentemente faz as mais generosas doações de campanha para os políticos.



autor

Lew Rockwell
é o chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.



  • Norbs  17/05/2011 12:28
    Então os libertários defendem a auto medicação?
  • marcel  17/05/2011 12:36
    se você quiser ingerir a substância X, quem sou eu para lhe impedir de fazer isso?
  • Norbs  17/05/2011 12:52
    E desde quando o paciente sabe qual remedio vai curar ele?
    Não é uma coisa simples, alguns remédios podem piorar a situação dele, dependendo do histórico ou de outras coisas que ele toma
    Parece que pra vcs a única coisa ruim no mundo é o uso da força, como se vender coisas como anticoncepcional de farinha não pudesse ser tão ou mais nocivo que o uso da força.
  • Edimar Estevam  17/05/2011 13:27
    A vida é feita de escolhas e se você toma decisões erradas, você vai e deve pagar por elas. Um anticoncepcional de farinha nunca vai ser mais nocivo que o uso da força. A rigor, apenas a mulher (e talvez seu parceiro e familiares) que tomou o medicamento falso é quem soferá as consequencias das suas más escolhas. Já no uso da força pelo Estado ou por qualquer outro grupo/facção/seita ou o escambau, quem sofre é toda a sociedade por escolhas que eles não fizeram. Um grande estadista soviético uma certa vez disse que "a morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística". Alguma semelhança com sua linha de pensamento?
  • Fernando Chiocca  17/05/2011 13:34
    Edimar, na verdade, quem deve sofrer as consequencias do anticoncepcional de farinha é o criminoso que o vendeu e/ou fabricou. Quem comrpu/usou foi vítima de fraude e a justiça deve ser feita.
    Se a pessoa queiser se previnir de algo assim, pode comprar remédios com certificações privadas e voluntárias, que seriam extremamente rigorosas em um livre mercado. ALias, algumas já existem e já são neste mercado com enorme intervenção que vivemos.
  • Joao  17/05/2011 13:29
    Parece que pra vcs a única coisa ruim no mundo é o uso da força, como se vender coisas como anticoncepcional de farinha não pudesse ser tão ou mais nocivo que o uso da força.

    Seria mais interessante se você respondesse o que foi dito, e não o que você produz na sua cabeça.
  • Adriel Santana  17/05/2011 13:29
    Se alguém comprar um anticoncepcional de farinha, obviamente ela não irá comprar mais esse produto. Aliás, esse produto seria configurado como fraude, por conseguinte a empresa ou indivíduo responsável pelo produto pode ser processado.

    E sim, o uso da força, de forma ilegítima, é um mal. Nós preferimos a liberdade. E você? Prefere o quê?
  • Angelo T.  17/05/2011 13:34
    Norbs, vender farinha como sendo anticoncepcional é fraude e acho muito difícil alguém defender por aqui algo do tipo.

    Ser a favor da auto-medicação não quer dizer que todo mundo é obrigado a se auto-medicar, ou que essa seja a única opção. Eu mesmo não faria uma coisa dessas. Mas se você quiser fazer, não tenho nenhum direito de te proibir.
  • Jose Henrique  17/05/2011 14:03
    Norbs,

    Só complementando o que o Fernando Chiocca disse, o artigo sobre regulação privada está no link: www.mises.org.br/Article.aspx?id=748

    Em uma sociedade livre, se uma pessoa não se sente a vontade em comprar um remédio, ela poderia recorrer à essas empresas que trabalham com certificação privada, justamente para comprar um remédio de qualidade, já as regulações estatais são feitas para garantir o monopólio das empresas farmacêuticas, não permitindo a livre concorrência, mas se você acha que o governo faz isso tudo pensando no bem estar do povo, o que posso te dizer é que você desse ser daqueles bem ingênuos e que ainda acredita em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.
  • Norbs  17/05/2011 14:32
    O que eu falei foi: coisas COMO um anticoncepcional de farinha.Nesse caso, a consequência pode ser só um filho indesejado, em outros pode ser a diferença entre a vida e a morte do paciente

    'Se alguém comprar um anticoncepcional de farinha, obviamente ela não irá comprar mais esse produto.'
    Depois da desgraça feita, de que adianta?
    Mas acho que esse ponto já foi esclarecido pelo Fernando, com ou sem governo a culpa é de quem vende.

    'E sim, o uso da força, de forma ilegítima, é um mal. Nós preferimos a liberdade. E você? Prefere o quê?'
    O que eu quis dizer é que existem várias formas de uma pessoa se aproveitar de outra, de prejudicar, de fazer estelionato, sem usar necessariamente a força.Como vender anticoncepcional de farinha.

  • Evelyn  17/05/2011 16:19
    Vender anticoncepcional de farinha = fraude, que nós também condenamos.

    De qualquer forma, institutos de pesquisa privados poderiam perfeitamente dar conta de fornecer análises dos efeitos dos medicamentos que fossem lançados, e sua credibilidade adquirida eventualmente serviria de referência para vários consumidores, evitando infortúnios como os que você citou (gravidezes indesejadas, mortes etc).
  • Norbs  17/05/2011 14:35
    Marcel, pode ser um psiquiatra que sabe que aquela substancia vai fazer mal pro cliente dele
  • marcel  17/05/2011 23:24
    o psiquiatra pode orientar o paciente a não tomar o remédio e citar os motivos pelos quais ele deveria tomar tal atitude, o porque do remédio em questão o ser prejudicial, e receitar o medicamento correto para tratar de sua enfermidade, porém nunca enfiar este remédio goela abaixo do paciente contra sua vontade, nem impedi-lo de ingerir o remédio errado através de iniciação de força física.
  • Luiz Otávio  17/05/2011 14:03
    fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1662113-15605,00-PADRE+E+ACUSADO+DE+CURANDEIRISMO+E+EXERCICIO+ILEGAL+DA+MEDICINA+EM+MT.html


    "Padre é acusado de curandeirismo e exercício ilegal da medicina em MT"
  • Erik Frederico Alves Cenaqui  17/05/2011 14:31
    O Instituto Ludwig Von Mises Brasil, neste texto e em outros do site, traz uma questão difícil de ser percebida pela maioria das pessoas: Não existe uma genuína iniciativa privada quando se fala de grandes atividades empresariais.\r
    \r
    As instituições financeiras, as empresas farmacêuticas, bem como todas as grandes atividades econômicas são legalmente empresas privadas, mas são, de fato, estatais, vez que sua permanência no mercado se dá pela proteção obtida por regulamentações administrativas e legais.\r
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    Os esquemas entre governos, farmácias e médicos é o mais criminoso de todos pois afeta diretamente a saúde de bilhões de pessoas em todo o mundo.\r
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    Somente podemos falar em economia de mercado legítima quando se analisa a conduta de pequenas e médias empresas que exerciam sua atividade sem ajuda do estado.\r
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    Os estatistas descobriram um meio eficiente de evitar a fúria da opinião pública: Em vez de o estado exercer a atividade economica de forma direta (estado empresário), ele agora passa a delegar as funções econômicas a certos setores da iniciativa privada, mas mantém forte presença na atividade por meio de regulamentações administrativas e legais(estado patrão).\r
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    Desta forma, o estado exerce um controle indireto sobre a sociedade.\r
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    Se o empreendimento der errado é culpa do malvado capitalista que não pensou na "justiça social" e no "interesse público", o governo não tem nada ver com isso vez que não exerceu a atividade de forma direta.\r
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    Se o empreendimento der certo é responsalidade do governo e suas políticas públicas de "interesse social" pois o empresário seguiu corretamente as ordens dos políticos de plantão.\r
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    Frise-se que a mudança do estado empresário para o estado patrão não é percebida pela maioria das pessoas, pois tal percepção exige um estudo aprofundado sobre o tema.\r
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    Os textos continuam muito bons como sempre.\r
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    Abraços\r
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  • Jose Henrique  17/05/2011 15:21
    "Os estatistas descobriram um meio eficiente de evitar a fúria da opinião pública: Em vez de o estado exercer a atividade economica de forma direta (estado empresário), ele agora passa a delegar as funções econômicas a certos setores da iniciativa privada, mas mantém forte presença na atividade por meio de regulamentações administrativas e legais(estado patrão)."

    Erik Frederico Alves Cenaqui,

    Você disse tudo, a diferença básica entre comunismo (estado empresário) e fascismo (estado patrão), é que no comunismo o estado é dono de tudo e no fascismo ele controla tudo! Infelizmente esse tipo de controle não é percebido pela maioria das pessoas.

  • Heinrich  18/11/2017 02:42
    "Infelizmente esse tipo de controle não é percebido pela maioria das pessoas."

    E é por isso que temos esse lixo de internet e operadoras de telefone aqui.
    Meu sonho é que as pessoas percebessem isso e se posicionassem contra a anatel. Aquela instituiçao, bem como as leis de telefonia e comunicação são o câncer do Brasil
  • anônimo  18/05/2011 22:25
    "Parece que pra vcs a única coisa ruim no mundo é o uso da força, como se vender coisas como anticoncepcional de farinha não pudesse ser tão ou mais nocivo que o uso da força."

    Pior ainda é o anticoncepcional de farinha junto com o uso da força!

    www.idec.org.br/materia.asp?id=155



  • Marcos  21/05/2011 12:50
    O grande problema das patentes na indústria farmacêutica é: como sustentar gastos imensos em P&D sem o uso de patente? Sem isso não temos boa parte dos remédios novos, pois são necessários anos de desenvolvimento e testes para que o produto chegue ao consumidor. Sem a patente os concorrentes fariam engenharia reversa por um custo muito menor e quebrariam o autor da inovação. Essa questão para mim continua sen ser bem respondida.
  • augusto  21/05/2011 14:15
    Ja falei disso em outro comentario.\r
    \r
    Existem varias linhas de raciocinio sobre o assunto:\r
    \r
    1) Fazer "engenharia reversa" nao eh tao simples assim;\r
    \r
    2) uma parte consideravel dos custos de P&D estao ligados a exigencias do proprio governo - bilhoes e bilhoes sao gastos fazendo pesquisas exigidas pelo FDA ou pela Anvisa, e outra montanha de dinheiro eh gasta com advogados;\r
    \r
    3) Se eh caro fazer, entao nao faca. Nada justifica o uso da forca do Estado.
  • Marcos  22/05/2011 21:02
    1- Comparado com os gastos do fabricante original, copiar o medicamento é bem mais barato. Não se faz com o troco do supermercado mas ainda assim a diferença é pesada.

    2- Sim, o estado pode ter papel negativo em certa medida. Mas esta parcela é limitada. Muito dinheiro gasto nas pesquisas visa prever e evitar efeitos negativos em pacientes, o que é necessário. Você tomaria um remédio que não foi devidamente testado, arriscando ter consequências graves?

    3- Opção sua. Eu prefiro contar com um mecanismo aceito pelo mercado que me permita ter acesso a novas drogas caso eu tenha uma doença grave. Não estou disposto a arriscar minha vida só pra evitar que a empresa X tenha possibilidade de entrar com uma ação contra a empresa Y por infringir a propriedade intelectual dela.


    Não gosto muito da propriedade intelectual para medicamentos. O problema é que infelizmente ainda não vi meio melhor de permitir o surgimento de novos remédios. Esse foi o meio desenvolvido através do tempo para proteger essas inovações.
  • augusto  23/05/2011 00:37
    Nos estamos misturando dois assuntos: seguranca dos medicamentos e sistema de patentes. eu vou continuar nessa linha, embora isso seja problematico.\r
    \r
    1- Sem duvida. Eu nao disse nada diferente disso. Eh que muita gente joga o termo "engenharia reversa" como se fosse simplesmente botar num microscopio e "ver quale a da parada"...\r
    \r
    2- Eu tomaria um remedio que nao foi testado? Provavelmente nao. Por outro lado, eu sou legalmente impedido de adquirir remedios produzidos em outros paises, mas que a Anvisa nao autorizou no Brasil. Muita gente importa esses remedios sem licenca, escondido mesmo. Sem qualquer garantia de que o produto seja verdadeiro e nao falsificado, porque precisam recorrer ao mercado negro da internet. Isso tambem nao me parece ser aceitavel.
  • Tiago  23/05/2011 12:22
    Você levantou pontos importantes - li uma vez que a engenharia reversa de remédio mais rápida já feita levou dois anos. Isso sem contar que pra ter uma patente, você tem que publicar o conteúdo. Se não há patentes, você pode esconder.

    E além desses pontos, tem a questão da marca. Ser o inventor de algo conta, particularmente para remédios que não têm efeito imediato e perceptível. Eu não lembro dos números exatos, mas existem estatísticas que mostram que inventores de um remédio conseguem continuar vendendo o mesmo bem mais caro, em mercados onde há alternativa genérica, simplesmente porque um boa parcela dos consumidores (e médicos!) confia na marca.
  • nogueira  02/06/2011 23:58
    Incrível ninguém ter percebido que o \r
    anticoncepcional de farinha foi uma metáfora!
  • nogueira  03/06/2011 00:11
    A mim parece óbvio que uma nação produzir um produto com mão de obra barata, em geral mantida dessa forma por meios ditatoriais, e o vá vender no EUA por 1 dolar sendo que o similar norte-americano custe 20 dolares, não seja classificada como livre mercado, uma vez que tal produto não foi produzido de forma honesta.\r
    Se os norte-americanos permitirem isso livremente com toda certeza vai acontecer desemprego dentro do EUA, e a única forma de competir contra esse produto externo seria gerar condições para ter a mesma mão de obra barata dentro do EUA.\r
    Isso evidentemente ninguém vai querer, por isso estamos diante de um impasse libertário.\r
  • Thatiane  11/01/2013 21:18
    Esse tema merece atenção especial, até porque o laço da forca governamental é maior na saúde. Existe o agravante, inclusive, da maior parte das pessoas não possuir conhecimento de causa. Para obter medicamentos o consumidor passa por vários estágios regulatórios: médico, receita controlada, farmacêutico e às vezes até perícia médica do governo. Quem transita com medicamentos está sujeito nos aeroportos à variante legislativa nos diferentes países. Em Portugal, por exemplo, a burocracia é tanta que impede a entrada e o transito livre de algumas substâncias mesmo com receita médica. Incrível! O quesito saúde é desculpa fácil para a espoliação legalizada e abusos de poder.
  • Carlos Marcelo  23/03/2013 04:44
    Vocês têm algum artigo que explique como as farmacêuticas teriam incentivos para gastar bilhões em uma pesquisa que outro pode copiar depois?
  • Mauro  23/03/2013 09:04
    Tal arranjo não existe, de modo que seria um exercício de futilidade ficar especulando como essa gente se comportaria. No entanto, vale dizer que a indústria da moda opera de modo semelhante a esse seu arranjo: é extremamente cara e a pirataria corre solta. Mais ainda: a pirataria é de qualidade. E mesmo assim os lucros da indústria da moda são altíssimos. Como se explica isso? Lucros altos sem nenhuma propriedade intelectual?
  • anônimo  23/03/2013 09:46
    Não dá pra comparar, na moda qualquer um inventa uma loucura qualquer e sempre tem comprador, na indústria farmacêutica tem que pesquisar muito antes de soltar qualquer coisa pro mercado, ninguém vai querer um remédio que não funciona só pela embalagem enfeitada.
  • gabriel  23/07/2013 13:20
    entao nosso amigo anonimo deu uma resposta a pergunta, a P&D seria mais lucrativa ainda por ser mais testada que as grandes marcas de moda tem de vantagem sobre as 'piratas'
  • Pedro Evandro Montini  07/04/2013 01:48
    Falando sobre a indústria farmacêutica, acredito que o fim das patentes faria uma transformação. Ela simplesmente seria dividida apenas entre laboratórios ou institutos de pesquisa & desenvolvimento e os fabricantes dos produtos.
    .
    Ou seja, nenhum fabricante investiria em desenvolvimento e sim, somente os laboratórios. Estes poderiam estar sempre criando e testando seus novos medicamentos que depois seriam revendidos aos seus parceiros industriais, que teriam (ou não) previamente encomendado o novo produto.
    .
    Poderia haver a participação de empresas certificadoras ou outras empresas de novos serviços caso o mercado o necessitasse.
  • joao  27/06/2013 00:47
    Aproveitando esse artigo sobre farmacêuticas, uma vez um amigo, ainda imerso no mundo socialista, veio com essa:

    "As grandes farmacêuticas deixam de lançar ao mercado remédios que curam doenças crônicas, como câncer e AIDS, para ganhar mais dinheiro vendendo remédios paliativos (que não curam definitivamente). Esse é um exemplo de que o setor de saúde não pode ser tratado como outro setor econômico."

    Eu respondi falando que isso, num livre-mercado, geraria um incentivo enorme para um concorrente lançar "a cura" e ganhar montanhas de dinheiro com isso (e com a patente), mas esse meu argumento seria válido até mesmo nesse ambiente de guilda medieval que vivemos hoje. Então pq ele não acontece? Será mesmo que não existe nenhum remédio/tratamento mais eficaz contra doenças crônicas graves?
  • Carlos  27/10/2014 18:10
    A pessoa tomar o remédio que bem intender funciona até o momento que ela passa mal por tomar medicamento errado e vai no sus. Se ela vai no médico particular tome ou deixe de tomar o que bem intender, agora se ela vai depender do sus (falando do BR) acredito que deva ser controlado mesmo.
  • Emerson Luis, um Psicologo  07/12/2014 11:52

    É necessário haver mais empresas privadas de certificação de qualidade para acabar com a desculpa para não se reduzir a regulamentação excessiva.

    * * *
  • Diego S  12/02/2015 15:17
    Sou a favor do livre comércio para tudo.
    O problema surge, num caso particular de auto medicação, quando o indivíduo toma por exemplo um antibiotico por achar que seu problema de saúde é bacteriano. Até ai problema dele, se quiser tomar ou não, a questão é que se não for, ele estará criando bacterias multi resistentes, e isso não é fantasia, falo com propriedade por trabalhar em UTI's e vivenciar situações onde determinadas pessoas adquirem infecções bacterianas que são resistentes a quase todos antibioticos e morrem por isso. E ao indivíduo que tomou o antibiotico e selecionou sua flora de bacterias resistentes o problema é dele, mas ele infelzimente acaba por transmitir essas bactérias pro meio perto dele e consequentemente se espalha, isso se aplica inclusive ao uso profilático (preventivo) de antibioticos em ração de animais que servem de alimentos (bois, ovelhas, galinhas, etc).
    E nesse caso, a mutação das bactérias vem ganhando a batalha contra a criação de novos antibioticos, basta dizer que desde da decada de 90 que não temos um antibiotico novo (entenda com mecanismo de ação contra a bacteria diferente dos outros). Logo, neste caso passamos a ter um problema de saúde não individual e sim coletivo.
    Logo, isto não é um incentivo para que o governo controle a venda de antibioticos, mas uma dúvida de como poderíamos solucionar isto sem privar as pessoas do livre arbítrio, uma vez que ela ao tomar um antibiotico desnecessariamente põe em risco não somente ela, mas um conjunto de pessoas e pior isto não é visto de forma clara e nem se mostra na primeira vez que ela se auto medica, pois requer tempo de exposiçao ao antibiotico, logo seria muito improvável provar que aquela ou esta pessoa foi a responsável pela resistencia bacteriana que por ventura pode assombrar uma pequena comunidade ou cidade.
    E no mais, parabens pelo site, excelente!
  • de la Vega  12/02/2015 15:31
    Como você próprio descreveu, esse caso aconteceu em um arranjo no qual o estado detém total controle sobre a venda de remédios. Ou seja, ele fracassou totalmente em sua missão precípua, que é a de defender a população.
  • Zorro  12/02/2015 17:19
    O comentário do Diego S. me lembrou dos comentários do artigo Uma organização criminosa chamada ANVISA (um dos meus preferidos), mais especificamente o comentário do leitor do leitor Valentim Pizzoni, o qual transcrevo a seguir:

    "@ Renato: Uma maneira de matar bactérias? Cara pega um livro de farmacologia e olhe os aminoglicosídeos, as quinolonas, a família das tetraciclinas, os macrolídeos. Quatro tipos está bom? Sem falar nos anti virais. que existem sim, e funcionam! Então por favor, se vc quer defender o governo tudo bem. Mas pelo menos não falte com a verdade.
    E sim, novos antibióticos. Que não tem sido investigados por que os governos os tornaram pouco atraentes economicamente. E novas maneiras de matar as bactérias como os bacteriófagos só para citar uma."


    E convém citar a resposta ao comentário do Valentim feita pelo leitor Tiago RC:

    "E nem está "tudo bem defender o governo não". O cara ser ignorante quanto a sustâncias farmacêuticas ainda vá lá... ok, ele não devia ter escrito como se soubesse, mas enfim, pior do que a arrogância de falar sobre o que não conhece direito é defender o uso de violência contra alguém que quer consumir uma substância qualquer que ele não quer que seja consumida."
  • amauri  31/03/2016 18:00
    Boa tarde Luciano!
    Lendo artigos sobre patente no Brasil, qual foi o fundamento do Governo para a quebra de patente dos medicamentos que compoe o coquetel anti-aids?
    Grato
  • Qualquer  18/12/2019 04:40
    Um esquerdista argumentou comigo que a indústria farmacêutica não tem incentivos para desenvolver medicamentos que realmente curem uma doença, mas sim que traga apenas efeitos paliativos, pois assim o doente tem que estar sempre adquirindo a medicação e garantindo as vendas da empresa farmacêutica fabricante.

    Penso que: num livre mercado genuíno, esse cenário não existiria (ou se existisse, não seria duradouro) pois certamente surgiria uma empresa fabricando um medicamento eficaz, que definitivamente cure a doença. Assim, tão logo os consumidores fossem percebendo a eficácia desse melhor medicamento, o fabricante ganharia com isso, pois seriam eliminados do mercado esses outros medicamentos mais fracos, de efeito paliativo.

    Meu raciocínio está correto? Se alguém puder complementar, agradeço muito.
  • João Paulo  30/01/2020 01:37
    Para mim, está corretíssimo. Pessoas que lucram muito com um serviço ruim não duram muito em um livre mercado genuíno. Mas vai convencer um esquerdista disso.


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