A devastação econômica produzida pelos gestores keynesianos
da Nova Matriz
Econômica do governo Dilma perdurará por um longo tempo. Em termos reais, a
renda per capita em 2019 permanece 8%
abaixo do nível
de 2013.
É uma década perdida: serão necessários três anos de
crescimento do PIB de 3% ao ano tão somente para o brasileiro retomar a renda
de 2013! Como de costume, o mais prejudicado é o pequeno que não encontra
emprego, não consegue pagar suas contas e segue endividado.
A política econômica adotada por Guido Mantega e
companhia desde 2009 assentou-se no drástico "estímulo da demanda agregada" por meio das políticas
fiscal e monetária. Os gastos do governo cresceram bem acima da inflação e
do PIB, e os bancos
estatais e o BNDES lideraram uma expansão de crédito irresponsável com ajuda
do Banco Central. Em suma, a fórmula do governo foi imprimir e gastar,
endividar-se e gastar ainda mais.
A inconsequente equipe econômica descumpriu até mesmo
seus manuais keynesianos que recomendam tal receita apenas quando há substancial
ociosidade produtiva. Longe disso, o PIB havia crescido 4% em média no triênio
2008-2010, indicando baixa ociosidade a despeito da "marolinha" herdada
pela crise internacional de 2008.
Por conta do legado maldito das contas públicas, o
Congresso responsavelmente instituiu o teto de gastos a
partir de 2017 e agora deve aprovar a reforma da previdência.
No entanto, os viúvos da Nova Matriz desejam ressuscitá-la.
Mantega recomendou
no final do ano passado crédito abundante criado a partir do nada por bancos
públicos. E seu ex-secretário executivo Nelson Barbosa, em
artigo na Folha de S. Paulo, propôs alterar a Constituição e revogar o teto
de gastos.
Deixo aqui duas lições de ciência econômica para gestores
públicos.
Sobre política monetária, a lição 1: um aumento da
oferta de papel pintado, ou seja, de moeda fiduciária tais como papel-moeda ou
crédito, é incapaz de tornar
a sociedade mais próspera.
Não é sabido que todo e qualquer banco central pode
criar a quantidade de dinheiro e de crédito que desejar? Por que então ainda persiste
pobreza no mundo? Devemos tentar a política hiper-inflacionária de Maduro? Felizmente,
o Brasil aprendeu a lição 1 a duras penas. A
impressão de papel pintado sem contrapartida em aumento de produção gera
inflação de preços, lucros para os bancos, e distribuição de renda de
pobres para ricos.
Sobre política fiscal, a lição 2: cada tostão gasto
pelo Tesouro Nacional saiu
primeiro do bolso do povo.
O Tesouro não cria dinheiro. Se o governo consegue
gastar um Real é porque o tomou antes de um brasileiro, por meio de impostos ou
voluntariamente por empréstimo, como no caso do Tesouro Direto. Ademais, tudo
que houver contraído por empréstimos eventualmente repagará empregando impostos
futuros, que sairão uma vez mais do bolso do brasileiro.
Portanto, se o governo consumar um gasto terá necessariamente
frustrado gasto do brasileiro em igual montante. Se o governo gasta, eu,
você, nós deixamos de gastar. Os efeitos se cancelam e não há estímulo agregado
para a economia. O gasto politicamente decidido beneficia quem o
embolsar, mas você deixa de ter o dinheiro que atenderia sua necessidade mais
urgente. Esta não parece ser uma boa fórmula para a prosperidade do brasileiro,
embora até o sejapara o governante.
Sob esta ótica, a liberação do FGTS em
análise é positiva. O FGTS, poupança forçada, é direcionada por critérios
políticos para o setor de construção. O cotista do fundo, o trabalhador, faria
melhor uso do recurso. Há dúvida? Convém ouvir o cotista.
Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo