Tenho
para mim que todo keynesiano que se preze, principalmente o da vertente
pós-keynesiana, está fazendo todo o tipo de promessa e mandinga na esperança de
que Obama saia o mais rápido possível da Casa Branca - caso contrário, a
profissão vai cair em descrédito (para alívio mundial).
Aluno
aplicadíssimo - certamente o mais aplicado que já passou pela Casa Branca desde
Lyndon Johnson -, Obama até agora vem seguindo a cartilha (pós) keynesiana à
risca: imprimiu dinheiro sem medo, reduziu os juros a quase zero, gastou o que
tinha e o que não tinha, aumentou o déficit orçamentário, estourou a dívida
pública e transformou o governo em empresário, substituindo a "ineficiência" do
setor privado pela onisciência governamental.
Sendo
tão aplicado assim, qual o problema que os (pós) keynesianos teriam com ele?
Simples:
a teoria keynesiana diz que suas intervenções econômicas trazem resultado já no
curto prazo - isto é, crescimento econômico e queda do desemprego. Se Obama assumiu o governo em janeiro desse
ano, 11 meses de keynesianismo em escala mastodôntica teoricamente já deveria
ter surtido alguns resultados positivos.
Mas houve algum? Não, pelo contrário.
O
crescimento econômico ocorrido no terceiro trimestre, como já explicamos, é
totalmente fictício e insustentável, tendendo a cair tão logo os estímulos
sejam retirados. Já o desemprego... Ah,
essa é a melhor parte.
Veja
o gráfico
a seguir.
A
linha branca mostra a previsão feita pelos economistas da Casa Branca sobre
como seria a taxa de desemprego com a aplicação dos pacotes de estímulo
adotados pelo governo americano.
A
linha cinza mostra a previsão desses mesmos economistas caso não houvesse
pacotes de estímulo.
E
a linha vermelha mostra o real comportamento da taxa de desemprego, com todos os estímulos.
Realmente,
uma imagem vale mais que mil palavras.
Mas
sejamos justos. Quem começou os pacotes
de estímulo foi o próprio Bush. Obama
simplesmente deu continuidade - numa apavorante reprise do que fez a dupla
Hoover/Roosevelt, um disputando com o outro para ver quem era o mais
intervencionista.
Assim,
quando a crise começou em agosto de 2007 (quando as bolsas começaram a cair
após terem constatado o castelo de cartas das hipotecas subprime), o desemprego
estava em 4,7%. O Fed baixou os
juros. Em setembro de 2008, o desemprego
já estava em 6,2%. Os pacotes foram
sendo aprovados. Quando Obama assumiu,
em janeiro de 2009, o desemprego já estava em 7,6%. Pela teoria keynesiana, tudo o que foi feito
deveria garantir que o desemprego ficasse pelo menos ao redor desse valor. Hoje, 26 meses após o início dos estímulos, o desemprego já está em 10,2% -
117% maior do que quando tudo começou.
(Veja os números aqui).
Por
fim, vale uma observação interessante, que já fizemos aqui: no ano 2000, o
orçamento total do governo dos EUA foi de 1,8 trilhão de dólares. Já em 2008, o orçamento total foi de $3
trilhões, o que significa que em 8 anos os gastos cresceram 66%. Ou seja,
já tinha havido uma explosão nos gastos governamentais antes que toda essa
balela de "estímulo" tivesse sido inventada.
Pergunta-se:
por que esse aumento de 66% nos gastos em 8 anos não impediu a depressão
americana? De acordo com Keynes, era para a economia americana estar
bombando.
A
questão toda nem é divagar sobre como tudo poderia estar melhor caso nada tivesse
sido feito - isto é, caso não tivessem ocorrido os déficits, o aumento da
dívida, as estatizações, a gastança, a inflação monetária e a diminuição
artificial dos juros.
A
questão principal é: por que após seguidas demonstrações de uma abismal
incapacidade de solucionar problemas econômicos, a teoria keynesiana segue
sendo levada a sério, garantindo empregos vitalícios para vários acadêmicos e
"pesquisadores" que só pensam em enriquecer sem esforço, sem concorrência e à
custa dos outros?
Acho
que a resposta está contida na própria pergunta.