Um ano atrás, Luis Almeida adquiriu um
produto que continha creatina e teve sua mercadoria extraviada por um grupo
autodenominado Anvisa. Ao invés de receber seu bem em sua casa, recebeu um
telegrama deste grupo que informava o sequestro de sua propriedade, exigindo
que Luis cumprisse uma série de exigências — caso contrário não teria seu
produto liberado por eles.
Luis se limitou a responder o telegrama dizendo
que não iria cumprir nenhuma exigência dos sequestradores e demandou que sua
posse legítima fosse reestabelecida.
O grupo criminoso, por sua vez, reiterou as
exigências e tudo ficou por isso mesmo.
Este grupo alegou que sequestrou o bem de
Luis pois estava preocupado com sua saúde. Os criminosos da Anvisa achavam
que existia a possibilidade de aquela substância causar algum mal à saúde de
Luis. Isso seria uma grande piada se não fosse algo nefasto, já que o que certamente
pode causar um grande mal à saúde de Luis são as armas que o grupo usa para impedir
violentamente que ele consuma o que a Anvisa não deixa. Eles ameaçam
diretamente a vida das pessoas impedindo com a força das armas que eles ajam
como bem entendem — e ainda usam a saúde de suas vítimas como justificativa para
sua violência e ameaça de violência.
Luis nunca conseguiu reaver sua
propriedade.
Ontem o grupo Anvisa anunciou que "mudou de
ideia". A quadrilha acabou dando certa razão a Luis, que havia dito que a
substância não lhe faria mal (e mesmo se fizesse "mal", isto é algo que só diz
respeito a ele, diga-se de passagem). Agora todo mundo está liberado para
consumir creatina sem o cumprimento de suas exigências. Isto é uma vitória para
Luis?
De maneira alguma. A luta de Luis é por
liberdade. Liberdade de escolher o que consumir, sem precisar da autorização de
ninguém para tal. Ele não quer que a quadrilha Anvisa "permita" que ele use creatina.
Ele quer que ele tenha o poder de permitir ou deixar de permitir que algo entre
em seu corpo, e não a Anvisa ou quem quer que seja. Qualquer coisa diferente
disso é a negação do direito mais fundamental do ser humano: o direito de
propriedade sobre o próprio corpo. A simples existência de um grupo como este,
que tem o poder opressor de impor a força seus desmandos, é algo intolerável.
Ron Paul é o único político libertário com
um mandato no mundo. Apesar de ser a favor de gays firmarem contratos de
casamento, ele se opõe a uma lei federal sobre este assunto, mesmo uma que
retifique sua posição, já que considera que não é papel do governo federal legislar
sobre este assunto, seja proibindo ou permitindo a união entre duas pessoas do
mesmo sexo.
Esta também é a razão pela qual os que
lutam pelo fim da demente guerra contra as drogas devem tomar cuidado para não
clamar por "liberação das drogas". Ao invés disto, pedir pelo "fim da
proibição", pois quem tem o poder de liberar, tem o poder de proibir, e o
estado não tem legitimidade para fazer nem uma coisa e nem outra.
Uma vitória para o Luis seria a extinção
completa da Anvisa, ou ao menos o fim de seu poder de imposição de veto. Mas, por
enquanto, será que a quadrilha vai devolver o produto com creatina que roubaram
dele?