Você quer saber por que os preços nas feiras ou nos
supermercados não têm baixado? Quer saber por que há inflação sobre os
alimentos no país que mais e melhor os produz no mundo? Agradeça ao Lula, à
Dilma e à equipe da estrela vermelha.
Lógico, a propaganda lulo-dilmo-petista não se exibe com
estas tintas. Isto porque ela não é voltada para você, cidadão consumidor, mas
sim para o benefício de grupos de interesses particulares. O nome do
dragão inflacionário com que o governo se exibe agora se chama "Programa de
Garantia de Preços Mínimos", e consiste na aquisição pelo governo de
vários tipos de alimentos - especialmente cereais - com o propósito de
formar estoques reguladores. Mas espere, que volto ao assunto.
Não há muito tempo escrevi um artigo comentando sobre o revolucionário
progresso na agricultura cubana. Pois eis que, depois de dez mil anos, os
antilhanos dos Castro, enfim, descobriram as vantagens...da roça! Se o texto
proporcionou ao leitor boas risadas, é hora de se preocupar: o nosso governo
anda admiradíssimo com os resultados. Logo, logo, se Lula e Dilma quiserem,
estaremos trocando a nossa vexaminosa produção de arroz, cuja
produtividade mal passa de 7000 kg/hectare para estonteantes...1200
kg/hectare! E assim tanto quanto com os demais tipos de culturas...
Não por menos, decidiu o governo aumentar os
investimentos no que chama de "Pronaf - Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar", desta vez com aumentos nos
recursos reservados para financiamentos que desta vez ultrapassarão, pasmem,
quinze bilhões de reais!
O termo "agricultor familiar", por sua vez, nada
mais é que um posto de promoção ao antigo "assentado" do MST. Como se
vê, gente que na maioria da vida nunca soube o que era uma enxada, até à hora
de descobrir que serve para destruir cercas e benfeitorias. Mas é para
indivíduos assim que o dito programa pretende emprestar até cerca de oitenta
mil reais, a juros camaradíssimos. Bem conveniente, para estes tempos em que os
milionários repasses de verbas ao MST via ONG's de fachada andam sendo
questionados. O PT sempre tem um plano B, C, D...
Agora, os dois fatos se encontram. Não bastante as terras
esbulhadas de algum pobre agricultor de verdade - deste que produz cinco a sete
vezes mais do que a nossa metrópole caribenha; não obstante as infindas cestas
básicas pagas com dinheiro suado de quem não recebe nada de graça, ainda
mais para não fazer nada; não obstante tal gorda linha de crédito a fundo
perdido; vem o estado garantir um preço mínimo ao novos
"produtores". É a tal da manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro em sua forma rural.
Recorrendo a Henry Hazlitt, o que podemos esperar de tudo
isto? Primeiro, os cidadãos urbanos vão pagar por isto. Ao trocar o agricultor
autêntico - aquele que produz muito e se sujeita às regras do mercado -
pelo assentado metido a besta, vai pagar mais caro por menos e pior
produto. Do dinheiro que escorrer do consumidor urbano, muitos e muitos
investimentos serão drenados de oportunidades de negócios mais eficientes para
a incipiente e nada promissora produção enxadista. O Brasil como um todo
vai empobrecer.
Mas há mais para se lamentar: banqueiros privados cedem
empréstimos com base em estimativas econômicas baseadas em complexas variáveis acompanhadas
diariamente por anos e anos. Servidores públicos cedem empréstimos com base nos
conceitos de justiça social que decoraram nos tempos em que eram concurseiros.
O resultado para tais operações destituídas de garantias reais é um tremendo e inexorável
calote, que todos nós pagaremos, mais uma vez. De Quanto? Eu falei 15 bi?
É pouco ou querem mais?
Pois bem: desde quando estocar é uma atividade graciosa?
Sem contarmos a rede de corrupção que se formará em torno da construção e
manutenção destes silos - quem já não soube pelos noticiários de tantos golpes
assim? - o custo normal da armazenagem e da fiscalização do sistema
se somará ao preço dito "normal", aumentando mais ainda o dito
"preço " mínimo". E quem pagará? Adivinhe...
Como a cereja no bolo, agora vem o pior: com tal política
de regularização de preços, o que o governo pretende alcançar terá como
resultado justamente o inverso, pois fatalmente estará dando o disparo para uma
onda especulativa em tempo presente para uma grande crise futura em que milhões
de toneladas de alimentos terão de virar combustível ou adubo. Senão, vejamos
como se expressa Hazlitt (Economia numa única lição p.52-53):
Quando o governo intervém, o celeiro sempre normal
torna-se, de fato, um celeiro sempre político. Encoraja-se o fazendeiro, com o
dinheiro dos contribuintes, a reter excessivamente sua produção. Como desejam
assegurar-se do voto dos fazendeiros, os políticos que iniciam essa política,
ou os burocratas que a executam, sempre colocam o denominado preço justo para o
produto do fazendeiro acima do preço, que as condições da oferta e da procura
justificam na ocasião. Isso reduz o número de compradores. O celeiro sempre
normal tende, portanto, a tornar-se um celeiro sempre anormal.
Estoques excessivos ficam
afastados do mercado. O efeito é assegurar, temporariamente, um preço mais alto
do que poderia existir de outro modo, mas fazê-lo será provocar mais tarde um
preço muito mais baixo, pois a falta artificial que se cria nesse ano, ao
retirar-se do mercado parte de uma colheita, implica um excesso artificial para
o ano seguinte. O mercado pode sozinho arcar com a tarefa de regulação dos
estoques, assumindo todos os riscos e submetendo-se à aprovação pelos
consumidores. Mesmo importar é economicamente mais recomendável do que
armazenar. A prosperidade de um país não advém da acumulação de ouro, conforme
prega a teoria mercantilista, mas, em termos gerais, em realizar a ação humana
com o máximo de eficiência, e isto inclui aproveitar as vantagens comparativas
da importação a preços baixos.
O mercado pode sozinho arcar com a tarefa de regulação dos
estoques, assumindo todos os riscos e submetendo-se à aprovação pelos
consumidores. Mesmo importar é economicamente mais recomendável do que
armazenar. A prosperidade de um país não advém da acumulação de ouro, conforme
prega a teoria mercantilista, mas, em termos gerais, em realizar a ação humana
com o máximo de eficiência, e isto inclui aproveitar as vantagens
comparativas da importação a preços baixos.
Sabendo que a Terra é redonda, e que o verão em um
hemisfério é contrabaleanceado pelo inverno no outro, as nações podem se
beneficiar trocando a preços baratos as grandes produções umas das outras e
alternando-se conforme suas safras, e isto traz a vantagem de oferecer ao
público consumidor comida fresca, ao contrário da política de reserva de
estoques.
Como visto, é necessário que todos denunciemos este
esquema e o repudiemos ao extremo. Mostrar a verdade de suas intenções e as suas
reais consequências é o primeiro passo para a compreensão por todos e uma
mudança de paradigmas.